A prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou hoje (30) a sexta e última obra do circuito histórico e arqueológico da celebração da herança africana, na zona portuária da cidade. A Praça dos Estivadores é hoje chamada assim porque fica em frente à antiga sede do Sindicato dos Estivadores, mas antes disso abrigava uma área de venda de escravos, chamada de Largo do Depósito.
“Por aqui entraram as pessoas escravizadas. Elas chegavam aqui e vinham para esse espaço para serem depositadas e comercializadas”, conta o presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Washington Fajardo.
O circuito agrega locais que fazem parte da história da escravidão e da cultura dos negros no Rio de Janeiro. A praça se junta a outros pontos do circuito já inaugurados, como o Cais do Valongo, onde chegavam os escravos, a Pedra do Sal, onde o sal era descarregado pelos escravos e foi o berço do samba carioca, e o Cemitério dos Pretos Novos, onde eram sepultados os africanos que não resistiam à viagem.
O mercado de escravos funcionava na Praça XV até a década de 1770, quando o então vice-rei do Brasil, Marquês de Lavradio, determinou sua transferência definitiva para o Largo do Depósito. O mercado só foi extinto oficialmente em 1831.
Segundo moradores e comerciantes do local, a praça estava degradada e vinha sendo usada como ponto de consumo de drogas. “Tem muito usuário de crack aqui. Eu não podia frequentar essa praça. Agora pode ser que melhore”, disse o morador da zona portuária Antônio Carlos, de 79 anos.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, acredita que, com a revitalização, os moradores passarão a frequentar mais o espaço. “Esse aqui talvez fosse o lugar mais degradado da cidade, abandonado há muito tempo. Esse largo aqui tem muita história da formação do Rio e é um lugar muito especial.”
Agência Brasil