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sábado, 9 de maio de 2015

REINO UNIDO: PESQUISAS ATÉ O DIA DA ELEIÇÃO ERRARAM ABSURDAMENTE! POR QUÊ!


            
1. Este Ex-Blog já comentou várias vezes que um sistema eleitoral de voto distrital uninominal de maioria simples com distritos de uma pequena fração do eleitorado não reproduz necessariamente a opinião proporcional do eleitor e, portanto, as pesquisas de opinião eleitoral devem ter um extremo cuidado ao projetar intenções de voto.
            
2. Por exemplo: Suponhamos uma situação de 2 partidos em 10 distritos. Se um partido ganha em todos os distritos com 51% dos votos e o outro obtém 49%, as pesquisas vão falar de um empate técnico de 51% a 49%. Mas se o resultado for esse, na representação na câmara de deputados, o partido que obteve 51% dos votos terá 100% das cadeiras.

3. Um exercício assim pode ser feito com vários partidos. A probabilidade de os partidos menores não reproduzirem na urna o que as pesquisas informam é bem maior que os partidos maiores. No caso do Reino Unido os Distritos são de mais ou menos 40 mil eleitores, o que acentua a probabilidade do resultado de eleitos não corresponder ao da pesquisa.

4. Vamos ao caso concreto das eleições no Reino Unido anteontem. A Reuters informou que as pesquisas davam um empate entre os Conservadores e os Trabalhistas com 33% das intenções de voto. E mais, que os Trabalhistas haviam ultrapassado com uma leve vantagem de 1 ou 2 pontos. Ou seja: teriam um número igual de cadeiras na Câmara dos Comuns. Com isso, o governo só se formaria por coligação.

5. Mas havia um problema adicional. A vitória do PN da Escócia era –e foi acachapante- ficando com quase todas, 56 de 59 cadeiras ou 8,6%. Numa situação dessas, a probabilidade das pesquisas coincidirem com os resultados é muito, muito grande. Os liberais-democratas teriam 10%, os nacionalistas eurocéticos (UKIP) 10%, e os verdes 5%. Transformando em cadeiras, seriam 214 cadeiras para Conservadores e Trabalhistas, 65 para os liberal-democratas, 65 para o UKIP e 32 para os verdes.
   
6. Mas, uma vez abertas as urnas e definidas as cadeiras por distrito, os Conservadores chegaram a 331 cadeiras (51%), 117 cadeiras a mais que as pesquisas, ou 55% a mais. Os trabalhistas chegaram a 232 cadeiras (35,7%), beneficiando-se do voto distrital, mas tirando cadeiras dos partidos menores. Os liberal-democratas ficaram com 8 vagas (1,2%) do total, muito menos que as 65 cadeiras previstas. O UKIP elegeu apenas 1 deputado, radicalmente diferente dos 65 que elegeriam. E o PN-E confirmou as previsões, elegendo 56 deputados ou 8,6%, portanto beneficiando-se do voto distrital. E os pequenos partidos ficaram com 22 cadeiras, ou 3,4%, beneficiando-se por seu voto localizado.

7. Nesse momento em que se discute um novo sistema eleitoral para o Brasil, é bom os partidos analisarem bem as propostas dos que propõem um modelo de voto distrital de maioria simples e com distritos pequenos e variáveis. Isso poderia produzir um gigantesco desvio de proporcionalidade. Isso só é suportável em países com instituições sólidas e seculares, onde variações desse tipo já fazem parte da tradição eleitoral.

8. Lembre-se que na coligação entre conservadores e liberal-democratas (sempre prejudicados), foi feito um acordo para que fosse submetida a plebiscito uma correção nesse sistema. Com larga vantagem, o sistema atual de voto distrital uninominal de maioria simples em pequenos distritos foi amplamente vitorioso.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

REINO UNIDO: PESQUISAS ATÉ O DIA DA ELEIÇÃO ERRARAM ABSURDAMENTE! POR QUÊ!

1. Este Ex-Blog já comentou várias vezes que um sistema eleitoral de voto distrital uninominal de maioria simples com distritos de uma pequena fração do eleitorado não reproduz necessariamente a opinião proporcional do eleitor e, portanto, as pesquisas de opinião eleitoral devem ter um extremo cuidado ao projetar intenções de voto.
            
2. Por exemplo: Suponhamos uma situação de 2 partidos em 10 distritos. Se um partido ganha em todos os distritos com 51% dos votos e o outro obtém 49%, as pesquisas vão falar de um empate técnico de 51% a 49%. Mas se o resultado for esse, na representação na câmara de deputados, o partido que obteve 51% dos votos terá 100% das cadeiras.

3. Um exercício assim pode ser feito com vários partidos. A probabilidade dos partidos menores não reproduzirem na urna o que as pesquisas informam é bem maior que os partidos maiores. No caso do Reino Unido os Distritos são de mais ou menos 40 mil eleitores, o que acentua a probabilidade do resultado de eleitos não corresponder ao da pesquisa.

4. Vamos ao caso concreto das eleições no Reino Unido ontem. No mesmo dia de ontem a Reuters informou que as pesquisas davam um empate entre os Conservadores e os Trabalhistas com 33% das intenções de voto. E mais que no mesmo dia de ontem os Trabalhistas haviam ultrapassado com uma leve vantagem de 1 ou 2 pontos.  Ou seja: teriam um número igual de cadeiras na Câmara dos Comuns. Com isso, o governo só se formaria por coligação.

5. Mas havia um problema adicional. A vitória do PN da Escócia era –e foi acachapante- ficando com quase todas, 58 de 59 cadeiras ou 9%. Numa situação dessas a probabilidade das pesquisas coincidirem com os resultados é muito, muito grande. Os liberais-democratas teriam 10%, os nacionalistas eurocéticos (UKIP) 10%, e os verdes 5%. Transformando em cadeiras, seriam 214 cadeiras para Conservadores e Trabalhistas, 65 para os liberal-democratas, 65 para o UKIP e 32 para os verdes.
   
6. Mas, uma vez abertas as urnas e definidas as cadeiras por distrito, os Conservadores chegaram a 318 cadeiras (49%), 100 cadeiras a mais que as pesquisas ou 48% a mais. No voto nominal tiveram 36,6. Os trabalhistas chegaram a 227 cadeiras (34,9%), beneficiando-se do voto distrital, mas tirando cadeiras dos partidos menores. No voto nominal 30,6%. Os liberal-democratas ficaram com 8 vagas (1,2%) do total, muito menos que as 65 cadeiras previstas e dos 7,7% nominais. O UKIP elegeu apenas 1 deputado, radicalmente diferente dos 65 que elegeriam e dos 12,6% nominais. E o PN-E confirmou as previsões, elegendo 56 deputados ou 8,6% e 4,9% nominais, portanto beneficiando-se do voto distrital. E os pequenos partidos ficaram com 23 cadeiras ou 3,5% ou 7,5% dos votos nominais, beneficiando-se por seu voto localizado.

7. Nesse momento em que se discute um novo sistema eleitoral para o Brasil, é bom os partidos analisarem bem as propostas dos que propõem um modelo de voto distrital de maioria simples e com distritos pequenos e variáveis. Isso poderia produzir um gigantesco desvio de proporcionalidade. Isso só é suportável em países com instituições sólidas e seculares, onde variações desse tipo já fazem parte da tradição eleitoral.

8. Lembre-se que na coligação entre conservadores e liberal-democratas (sempre prejudicados), foi feito um acordo para que fosse submetida a plebiscito uma correção nesse sistema. Com larga vantagem, o sistema atual de voto distrital uninominal de maioria simples em pequenos distritos foi amplamente vitorioso.

                                                    * * *

ALGUNS DADOS SOBRE DESPESAS E DÍVIDA DA PREFEITURA DO RIO!

1. (LDO -2016) Serviço da Dívida. 2013: R$ 912 milhões/ 2014: R$ 1.019 milhões / 2015, em transição, não informado / 2016: R$ 782,2 milhões (em função da lei de aplicação dos novos indexadores) / 2017: R$ 1.021 milhões. / 2018: R$ 1.281,1 milhões. Obs.: Deflacionado em 2018 o serviço da dívida volta aos mesmos níveis de 2014 e 12% maior que 2013. Ou seja, o significativo ganho resultante da aplicação da lei dos novos indexadores desaparece em 2018 pela projeção dos contratos de empréstimos.
        
2. (CG-2008/CG-2014) Custo geral Comlurb. 2014: R$ 1.552,9 milhões. / Em 2008 eram R$ 537,7 milhões. Ajustando 2008 pelo IPCA teríamos R$ 799,2 milhões. Um crescimento real de 94,3% em 6 anos.
        
3. (CG-2008/CG-2014) Dívida Consolidada. Em 2008 eram R$ 8.684 milhões. Ajustada para dezembro de 2014 seriam R$ 12.907 milhões. Em 2014 foram R$ 14.156 milhões. Crescimento real de 9,7% ou R$ 1.249 milhões. Em 2016 em moeda de 2015 –depois do ajuste da lei que mudou os indexadores- a dívida projetada pela LDO é de R$ 10.915.  A redução conseguida pela lei dos indexadores, de R$ 3.241 milhões, cobre o aumento da dívida desde 2008 de R$ 1,25 bilhão deixando um saldo de R$ 2 bilhões ou 18% do total da dívida.