A reabertura de um teatro que fez história nas artes cênicas marcou, nessa quinta-feira (7) à noite, o início da programação cultural da prefeitura do Rio de Janeiro para o Ano Olímpico. Inaugurado em 1940 e fechado desde 2013, depois de atravessar décadas em situação de decadência, o Teatro Serrador, na Cinelândia, centro do Rio, passa agora, completamente reformado, a integrar a rede municipal de salas de espetáculos.
A noite de reinauguração, que contou com a presença do prefeito Eduardo Paes, também significou o reencontro da atriz e cantora Bibi Ferreira, um dos grandes nomes do teatro brasileiro, com o palco onde fez sua estreia profissional, há 75 anos. Em uma apresentação só para convidados, Bibi interpretou músicas do repertório do cantor norte-americano Frank Sinatra.
"Nunca é mau mais um. Que esse teatro tenha muita sorte, muitas bilheterias esgotadas. E que tenha muitas gargalhadas também, assim como o meu pai fez no dia em que estreou neste teatro", disse Bibi Ferreira, ao abrir o show. Antes, na cerimônia de reabertura da sala, o prefeito Eduardo Paes destacou a importância para a prefeitura dos investimentos em cultura, sem deixar de lado outras áreas.
"Os produtores culturais, aqueles que fazem arte no Rio de Janeiro, podem ter certeza de que este ano, mais uma vez, a prefeitura vai continuar investindo, fazendo obras, fazendo a transformação física da cidade, cuidando da saúde, assumindo hospital estadual, na educação inaugurando escolas, mas também apostando na cultura, porque a gente entende que essa é uma prioridade no Rio”, afirmou o prefeito.
O Teatro Serrador foi o último empreendimento do espanhol Francisco Serrador (1872-1941), a quem o Rio de Janeiro deve a transformação, nas primeiras décadas do século 20, de uma área do centro da cidade em uma espécie de “Broadway” carioca. Empresário da área de entretenimento, Serrador implantou na região diversas salas de cinema, o que levou o local a ficar conhecido como Cinelândia.
Atualmente, apenas um dos grandes cinemas do passado na Cinelândia permanece em atividade, o Odeon. Os demais foram demolidos, fecharam as portas ou passaram a sediar uma igreja evangélica, como é o caso do Pathé, e uma grande livraria, onde era o antigo Cine Vitória.
Inaugurado com a comédia Maria Cachucha, de Joracy Camargo, encenada pela companhia de Procópio Ferreira (1898-1979), pai de Bibi, o Serrador foi palco de importantes momentos do teatro brasileiro. Por lá também passaram companhias como a da atriz Eva Todor e montagens clássicas como a primeira de Valsa Nº 6, de Nelson Rodrigues.
Em 1984, o teatro foi adquirido pela atriz Brigitte Blair, que deu seu nome à sala. Nos anos seguintes, sem uma programação regular, entrou em decadência e acabou fechando as portas em 2013.
De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura, a revitalização custou R$ 600 mil e durou seis meses, com a reforma completa do palco, dos camarins, das poltronas, dos banheiros e do piso, além da impermeabilização da laje. O teatro agora tem 285 lugares, novos aparelhos de ar condicionado e acesso para portadores de necessidades especiais.
Neste mês de janeiro, a programação da casa ficará por conta da Aquela Cia., de Pedro Kosovski e Marco André Nunes, que vai apresentar os espetáculos Caranguejo Overdrive, em cartaz às terças, quartas e quintas, a partir do dia 19, e Laio & Crísipo, às sextas e aos sábados, a partir do dia 15.