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domingo, 5 de julho de 2015

Partidos políticos, por Jarbas Lima

Enquanto os partidos têm por fim imediato conquistar o poder, exercê-lo obter postos de mando através das eleições, os grupos de pressão não visam a exercer diretamente o poder, mas influenciar aqueles que o detêm. Os partidos se orientam pela solidariedade. Os grupos de pressão, por solidariedades específicas. Participam-se dos partidos como cidadãos. Dos grupos de pressão se participa como indivíduo. Os partidos populistas costumam aglutinar grupos de pressão que se transformam na base de sustentação dos governos populistas.
É bem conhecida a fragilidade dos partidos políticos no Brasil. Do ponto de vista político-institucional, é este um dos maiores desafios, de vez que os partidos com diferentes orientações ideológicas são essenciais à democracia. Os partidos políticos têm se caracterizado como agregados ou facções organizadas em razão da corrida eleitoral, sem conteúdo ideológico definido, sem filosofia política consistente. Enquanto a inflação avança, os salários perdem substância, os problemas sociais da pobreza, saúde, segurança e educação assumem proporções sem precedentes, parece configurar-se o caminho para novas formas populistas. Há ambiente para moralização de massas que estão sequiosas por sutura e coesão em meio a tantas desigualdades e desenganos. Os candidatos favoritos, impulsionados por uma aura carismática, maleabilizaram inescrupulosamente o discurso.
A lição da história ensina que as fórmulas populistas renascem na mobilização das massas e há uma “politização à margem dos canais institucionais existentes”. Velhas receitas andam por aí. O conteúdo ideológico caducou com a queda do Muro de Berlim, resta o inconsciente populismo de seus porta-bandeiras e suas propostas salvacionistas. O mito do povo exerce sobre as massas um fascínio especial nas horas de crise. Desta sedução não estamos livres, nem mesmo as sociedades articuladas. Só a decisão madura, lúcida e democrática do eleitorado pode decifrar o enigma. Arnold Toynbee demonstrou que uma civilização sobrevive ou não, conforme saiba responder aos desafios sucessivos que lhe antepõem.

Professor de Direito


Fonte: Correio do Povo, da edição de 28 de junho de 2015, página 2.