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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Para Comissão, pedido de intervenção é desconhecimento do passado

Declaração foi feita no congresso internacional "Memória: Alicerce da Justiça de Transição e Direitos Humanos"

Manifestantes se concentraram no Parcão pedindo impeachment de Dilma | Foto: Tarsila Pereira

Manifestantes se concentraram no Parcão pedindo impeachment de Dilma | Foto: Tarsila Pereira

A diretora da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Amarílis Tavares, lamentou nesta segunda-feira a ocorrência de manifestações que pedem intervenção militar no país. “Falta conhecimento mais profundo sobre nosso passado autoritário, sobre como os direitos das pessoas, de uma sociedade inteira, foram violados”, avaliou, durante participação em congresso internacional no Teatro da Universidade Católica de São Paulo (Tuca), que ocorre até quarta-feira, com o tema Memória: Alicerce da Justiça de Transição e Direitos Humanos.
A avaliação é referente ao protesto que concentrou, no último sábado, aproximadamente 1,5 mil pessoas, conforme estimativa da Polícia Militar (PM), na Avenida Paulista. Além da intervenção militar, os manifestantes pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff, reeleita para mais um mandato no dia 26. Embora considere um equívoco qualquer pedido de retorno ao período autoritário, Amarílis reconhece que esse tipo de expressão ocorre porque o país vive um ambiente democrático.
No segundo dia de congresso, palestrantes de diversos países da América Latina debateram a necessidade de avanços nos processos que levem à verdade, à reparação e à memória de períodos de exceção. A ideia majoritária é a criação de uma consciência social que reivindique o fim definitivo desses fatos. “Preservar a memória coletiva é uma forma de criar uma barreira contra esses crimes”, disse a pesquisadora argentina Maria José Guembe, do Centro de Estudios Legales e Sociales. Além de criar um ambiente interno de estabelecimento da verdade histórica, ela considera que relatos desse período de exceção nos países latinos deve ser compartilhado entre as nações.
Clara Ramírez-Barat, pesquisadora do International Center for Transitional Justice (Espanha), destacou que a memorialização do período autoritário cumpre também o papel de reconhecimento das vítimas como sujeitos fundamentais para o restabelecimento da democracia. “Aumentar a consciência e o reconhecimento da repressão tornam essas atrocidades acessíveis ao público em geral”, declarou. Segundo ela, com a verdade se constrói uma ruptura simbólica com o passado e uma sociedade sobre bases de uma cultura democrática.
Na avaliação da coordenadora do Instituto de Direitos Humanos do Peru, Iris Jave, a Comissão da Verdade peruana, que atuou entre 2001 e 2003, foi importante para impulsionar o surgimento de espaços de preservação da memória. “Abrimos uma janela de oportunidades para que se desse impulso a várias organizações. Até 2012, já tínhamos 103 (espaços)”, destacou.
Amarílis Tavares também aposta no relatório da comissão brasileira, previsto para o fim deste ano, para avançar processos da justiça de transição (procedimentos adotados pelos estados para consolidação da ordem democrática), entre eles o julgamento de torturadores.
Até dia 5, farão palestras Valeria Barbuto (diretora do Memoria Abierta, da Argentina), Ywynuhu Suruí (do povo Aikewara, na região do Araguaia) e Shyamali Nasreen Chaudhury (sobrevivente do genocídio em Bangladesh). Nesta segunda-feira, às 18h, haverá uma ato em memória aos 45 anos da morte de Carlos Marighella, líder da resistência à ditadura brasileira. Além de militantes políticos da época, o ato contará com a presença de Clara Charf e Carlos Marighella Filho, respectivamente viúva e filho do guerrilheiro.

 

Agência Brasil e Correio do Povo

 

Estudantes surdos têm dificuldade para se preparar para o Enem

 

Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil Edição: Valéria Aguiar

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Sem material específico, estudantes surdos têm dificuldade para se preparar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O motivo principal é o português – segunda língua –, sendo a primeira, a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

No dia da prova, segundo os estudantes, a leitura será a maior dificuldade para aqueles que não têm uma boa formação em português. De acordo com eles, a tradução feita pelos intérpretes é reduzida e insuficiente para garantir a interpretação que o exame exige.

Alunos da Escola Bilingue de Libras e Portugues escrito do DF, falam sobre o Enem. (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Estudantes surdos têm dificuldade para se preparar para o EnemFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A estudante Andressa da Silva Fernandes, 18 anos, está no 3º ano do ensino médio na Escola Bilíngue Libras e Português Escrito de Taguatinga, no Distrito Federal. Esta será a segunda vez que fará o Enem.

"No ano passado, fiz o exame do Enem como experiência, e na hora de resolver a prova, não entrendia o contexto, tive muita dificuldade com o português, muitas dúvidas", diz a estudante, acrescentando que a tradução feita pelo intérprete nem sempre era suficiente para que compreendesse o contexto e as nuances dos exercícios.

Andressa quer cursar arquitetura na Universidade de Brasília (UnB). "Não sei como me preparar para o Enem. Tem a preparação aqui na escola, mas não tem material, livro. Os vídeos na internet são orais ou legendados e tenho dificuldade no português. Como vou me preparar? Sou surda", disse.

Katelyn de Sousa Marquez, 18 anos, colega de Andressa enfrenta o mesmo problema. Ela comprou um livro para o Enem, mas acha difícil entender. Katelyn disse que estuda diariamente para o exame, mas pela dificuldade com o idioma, aprende pouco estudando sozinha.

A estudante Katelyn de Sousa, aluna da Escola Bilíngue de Libras e Português escrito do DF, fala sobre o Enem. (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Para a estudante Katelyn de Sousa o Enem  tem muitos textos longos, de difícil compreensãoFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

"O Enem tem muitos textos longos, de difícil compreensão. É muito complicado para mim. E o intérprete não faz a tradução integral das provas, só tira as dúvidas", disse a estudante.

Para os ouvintes as opções de estudo são muitas e vão desde cursinhos, apostilas e livros que podem ser comprados para acompanhar às aulas gratuitas pela internet. O cenário não é o mesmo para os candidatos surdos. As opções são mais escassas.

Ao ser indagado se teve dificultades para encontrar material em Libras, Silon Clay Júnior, 20 anos foi categórico: "Não, tudo em português. Eu sinto que o português não fica claro para mim. Ele precisava ser acessível ao surdo. Sinais como ponto, vírgula, vocabulário que desconheço, entendo pouco do que está ali. Preciso ler mais de uma vez, para ver se percebo o contexto daquele texto", explicou.

O estudante Silon Kley Junior, aluno da Escola Bilíngue de Libras e Português escrito do DF, fala sobre o Enem. (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O estudante Silon Kley Junior, aluno da Escola Bilíngue de Libras e Português Escrito do DF, fala sobre as dificuldades do Enem Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Para o aluno que solicita  atendimento especializado, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disponibiliza serviço de intérprete de Libras e leitura labial. Os aplicadores especializados participam de um alinhamento específico para o exame, com a duração de 32 horas. Esses profissionais atuam em dupla em salas, com até seis participantes.

"Libras tem uma estrutura específica, diferente do português. Pelo processo educacional ineficiente, que quase nunca foi acessível, eles não tiveram o português como segunda língua ensinado como se esperava", explica a professora doutora em linguística pela UnB e itinerante da área de surdez da Escola Bilíngue Libras e Português Escrito de Taguatinga, Sandra Patrícia do Nascimento. De acordo com ela, somente com a Lei de Libras nº 10.436/2002, regulamentada em 2005, que o português passou a ser ensinado mais adequadamente a esses estudantes.

Para a geração que não teve essa formação, segundo a professora, a tradução oferecida atualmente no exame não garante isonomia aos candidatos. A coordenadora pedagógica do ensino médio da escola, Gisele Morisson Feltrini complementa que o ideal para o surdo seria  efetuar prova por meio de vídeo em Libras, feita em computadores e com a presença de intérpretes para auxiliar em caso de dúvidas.

"Comparando, nós ouvintes, a gente vai, volta na questão, responde a primeira, depois pula, vai para a décima. Quando você senta no computador, é possível selecionar as questões, voltar em caso de dúvida", disse.

O Inep informou que a questão está em fase inicial de discussão.

O Enem será  efetuado nos dias 8 e 9 de novembro. O exame tem 8,7 milhões de inscritos e ocorrerá em 1,7 mil cidades brasileiras. Para se preparar para a prova, os candidatos podem acessar o aplicativo questoesenem.ebc.com.br. O banco de questões da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) reúne itens de 2009 a 2013. O acesso é gratuito.

 

 

Agência Brasil

 

Mesmo com chuva, captação de água no Cantareira ainda está abaixo do consumo

 

Marli Moreira – Repórter da Agência Brasil Edição: Denise Griesinger

reserva técnica do Sistema Cantareira

reserva técnica do Sistema CantareiraDivulgação/Sabesp

Em apenas três dias deste mês de novembro, o acumulado de chuva sobre o Sistema Cantareira superou em mais da metade o volume registrado em todo o mês de outubro, somando 23,9 milímetros ante 42,5 milímetros. Ainda assim não foi o bastante para evitar que o consumo continue sendo maior que o enchimento dos reservatórios.

Segundo a medição diária da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o nível desse manancial que abastece 6,5 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo caiu 0,2 ponto percentual de ontem (2) para hoje (3), e atingiu 11,9% de sua capacidade. Na última sexta-feira, o nível estava em 12,4% incluindo a segunda cota da reserva técnica que ainda não começou a ser bombeada.

Já o Sistema Alto Tietê – de onde sai a água levada para 4,5 milhões de pessoas apresentou ligeira recuperação em relação à última sexta-feira quando a marca estava em 6,6%. Com 37 milímetros de acumulado de chuva, acima do registrado em todo o mês passado (20,1 mm) a captação subiu para 8,9%, no último sábado e manteve esse nível ontem (2). Mas hoje indica queda de 0,1 ponto percentual.

Nos quatro mananciais restantes do total administrado pela Sabesp as captações diminuíram em relação ao que foi distribuído entre a última sexta-feira e a manhã desta segunda-feira. No Sistema Guarapiranga, a quantidade armazenada hoje era 38,4% ante 39,6% na última sexta-feira e 38,8% ontem. Sobre esse Sistema, o volume de chuva foi pequeno – 5,2 milímetros.

No Sistema Alto Cotia, o nível baixou de 30,1% na última sexta, para 29,7% com o registro de apenas 0,8 milímetros de chuva. No Sistema Rio Grande, de 69,1% para 68,2% com nenhuma ocorrência de chuva e, no Sistema Rio Claro, de 43,5% para 41,4%, com 2,8 milímetros de chuva.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) estão mantidas as condições do tempo que favorecem mais pancadas de chuva entre o final da tarde e a noite, mas que podem ocorrer de forma isolada.

 

Agência Brasil