1. As perspectivas em relação ao futuro na política, especialmente quando há eleições no ano seguinte, como o será em 2016, devem partir de uma análise do passado recente, que indica o poder de alavancagem para o quadro atual e futuro. O tempo na política, num ciclo curto de 2 anos (1 de passado e 1 de futuro), é cumulativo. A reversão de uma forte deterioração de imagem política ocorre em prazo de pelo menos uns 3 anos, portanto maior que o do ciclo citado.
2. O ano de 2014 no Rio terminou com um forte posicionamento dos vencedores. O PMDB, que elegeu o governador e a maior bancada federal em primeiro lugar e o PSB, que elegeu o senador com uma enorme votação catapultada pela tão presente –aqui e alhures- antipolítica, lastreada pelo desgaste dos políticos. O PMDB do Rio elegeu o presidente da Câmara de Deputados e o Líder do partido na Câmara de Deputados. O prefeito do Rio estabeleceu um acordo com Romário –senador eleito- entregando a ele a secretaria de esportes. E ratificou a aliança com o PT, que ocupa a vice-prefeitura.
3. Se naquele momento se fizesse uma projeção de perspectivas eleitorais, uma simples extrapolação projetaria para 2016 uma intensificação dessa hegemonia na Capital. O prefeito passou a aparecer na imprensa como potencial candidato a governador e presidente, dependendo apenas de sua escolha. A parceria do governador e do prefeito da Capital com Dilma dava garantias que seria assim. O vice-presidente Michel Temer já falava como futuro presidente pós-impeachment. Os polos de negociação das políticas públicas se deslocaram para a Câmara e para o Senado.
4. A operação Lava-Jato e o processo lançado de impeachment desorganizaram esse quadro. O presidente da Câmara passou a ser alvo prioritário de Dilma e da PGR. O líder do PMDB foi substituído, voltando depois, mas não mais com a força e a vitalidade de antes. O vice-presidente, que flutuava tranquilo, passou a ser acossado. Sua carta-desabafo produziu uma ruptura com a presidente e com o PT. 2015 termina com um quadro nacional, para o Rio, completamente diferente do final de 2014.
5. Regionalmente, as dificuldades financeiras herdadas pelo novo governador Pezão e respondidas com medidas de aumento de receitas por uma vez (acesso a depósito judiciais, anistias e remissões negociadas...) se esgotaram e a crise financeira se transformou em caos financeiros. Escândalo envolveu o fundo de saúde da PM. Os escândalos atingiram de forma fortemente diferenciada a Capital. Um secretário-deputado federal é exonerado após vídeo que o expôs. Outro secretário, pré-candidato, ostensivo, a prefeito é fragilizado por depoimentos relativos a valores. Uma OS que dirigia 2 grandes hospitais da prefeitura é flagrada em desvios milionários de dinheiro. Cada um deles teve destaque no RJTV, da TV Globo. A TV Record repercutiu todos esses fatos numa série.
6. O senador se tornou favorito nas pesquisas para prefeito. No meio do caminho surge a denúncia de uma conta não declarada no exterior. Ele desmente, mas, depois, nas gravações que envolveram o senador Delcídio, retorna o fato acompanhado de foto e de insinuações que teria havido um acordo envolvendo a conta e candidatura. Já perto do final do ano, surge matéria na imprensa com o assessor de seu gabinete e o mais próximo do senador, que seria um sicário envolvido em homicídios junto à contravenção. Então a executiva nacional do PSB demitiu o senador e toda a executiva do PSB do Rio.
7. Portanto, 2015 termina com um quadro político inverso ao que iniciou. E com as perspectivas eleitorais para 2016 em aberto, aguardando novos nomes –substitutos desses- que se somarão aos nomes já conhecidos e não afetados.
Ex-Blog do Cesar Maia