OS RISCOS DA CRIMINALIZAÇÃO DA POLÍTICA!
1. Se há uma percepção globalizada é a da política como atividade suja e dos políticos como predadores. Em momentos de crise, essa percepção avança e, em meio a escândalos, se enraíza. Isso não ocorre só no Brasil. É geral. O ponto fundamental da análise dos desdobramentos de um quadro destes deve ser político. Vejamos.
2. A dedução primária que se tira de uma situação dessas é que o mais provável é que impulsione a alternância no poder e fortaleça a oposição. Mas isso não é tão simples. Depende de cada caso concreto. Em tese, pode até estimular a ruptura em direção a uma alternativa vertical.
3. No caso brasileiro (se aprende da experiência latino-americana por décadas), a atual crise, com casos explícitos de corrupção atingindo elites políticas e administrativas e a maior empresa do país, permite garantir que o atual governo e que sua presidenta não têm mais recuperação política. Como não pode ser candidata, pode até tocar seu governo administrativamente, mas não politica e socialmente. E –por isso- terá que enfrentar seu partido como oposição.
4. Num quadro –como o nosso- de fragilidade partidária e inorganicidade política, a popularidade e o acesso ao poder dependem da imagem e da força dos personagens. O fato é que nem o governo e seu partido (incluindo Lula) e nem a oposição têm personagens com a força para mobilizar e inspirar confiança. As recentes manifestações nas ruas têm mostrado isso. Os mais importantes líderes políticos ficaram em casa.
5. O 1º de maio não foi diferente, com mobilizações tímidas se comparadas a um passado recente. As manifestações que crescem são as corporativas –sem marcas explícitas de cor ideológica ou partidária. É o caso do movimento dos professores, que ganha, estado a estado, dimensão nacional. Os governantes afundam, mas ninguém é capaz de dizer um nome que capitalize politicamente esses fatos.
6. Com uma presidente desintegrada, com governadores desintegrados ou fragilizados, com as oposições sem líderes apenas surfando na onda do desgaste do governo, com a base do governo estilhaçada, com o parlamento pulverizado, mas com instituições básicas fortes desde a constituinte de 1988 (o que obstrui o golpismo), conforma-se um quadro tipicamente latino-americano.
7. E a fórmula da resposta fácil à crise econômica e política, à criminalização dos políticos, a desesperança, é o populismo. As ascensões populistas desde os anos 90, especialmente na América do Sul, mostram isso. Lula, que tem faro e olfato para isso, abandona a “carta aos brasileiros de 2002” e assume as cantilenas e as baladas populistas.
8. Isso não garante a ele que seu neopopulismo atraia confiança popular. Afinal, ele é parte da raiz das crises. Mas é um caminho que tem.
9. No Brasil, neste momento, o perfil populista que desponta –ainda sem cara e sem nome- tem caráter conservador. Se olharmos no espelho retrovisor, vemos a imagem de Jânio Quadros. Ou mesmo a imagem parlamentar de Carlos Lacerda. E não é demais repetir um pensamento de Marx que virou chavão: a história se repete, a primeira vez como farsa e a segunda como tragédia.
* * *
TEREZA CRUVINEL (SITE 247) ENTREVISTA DEPUTADO RODRIGO MAIA, PRESIDENTE DA COMISSÃO DE REFORMA POLÍTICA !
1. TC: Deputado, desta vez a reforma política sai?
Maia: Acho que se a comissão, e depois o plenário, entenderem que precisamos fazer uma evolução no sistema político e não uma revolução no sistema ela sairá. Agora, se quisermos implantar o sistema inglês, o sistema alemão ou qualquer outro, não sairemos do lugar. Precisamos entender que temos um modelo, que ele tem aspectos ruins que precisam ser corrigidos, dando um passo à frente. Alguns querem fazer revolução, outros escrever autobiografia e tanto uma coisa como outra não nos levará a lugar algum.
2. TC: Tratemos de cada um deles, começando então por esta forma de eleger deputados em que trocaríamos o sistema proporcional que vigora hoje pela regra de que serão eleitos os mais votados. Neste sistema, que vem sendo chamado de "distritão", poderia haver coligações entre partidos?
Maia: Não, a coligação proporcional acaba porque não haverá mais interesse dos pequenos partidos nas alianças e nem interesse dos candidatos em concorrer por partidos pequenos. Se para se eleger o candidato precisará ter uma grande votação, individualmente, ele terá mais interesse em concorrer por partidos maiores, melhor estruturados, que permitirão ao futuro deputado ocupar posições importantes na Câmara, como presidir comissões, integrar a Mesa ou relatar matérias relevantes.
3. TC: Este sistema então poderá conter a pulverização?
Maia: Tenho certeza que sim. Com exceção dos partidos mais ideológicos, com PSOL ou PC do B, ninguém terá interesse em ficar em partidos com quatro ou cinco deputados. Haverá uma concentração natural nos partidos com perspectiva de poder, sejam de centro-esquerda ou de centro-direita, embora os partidos ideológicos devam continuar existindo, e por isso sou contra o voto distrital, em que não teriam como sobreviver./ – O "distritão" não eliminaria tanto estes partidos ideológicos quanto aqueles candidatos temáticos, que se elegem sustentando bandeiras relacionadas com um público específico e disperso? Maia – Pelo contrário. Eles desapareciam é com o modelo distrital, misto ou puro
4. Entrevista completa.
* * *
RIO! NOVAS ESCOLAS NA MARÉ NÃO TERÃO NOVAS MATRÍCULAS: SÓ TRANSFERIDOS DA ESCOLA AO LADO!
(Professoras que lecionam na Maré) 1. Acabamos de saber que o prefeito quer tirar 13 turmas integrais e seus professores em agosto para “encher” uma das três escolas que serão inauguradas (a meta eram 19).
2. Não é nada produtivo, é lamentável o desrespeito com nossas crianças e seus responsáveis que já estão organizados para frequentarem o CIEP Samora Machel! É contraproducente! Pela futura organização arbitrária terão famílias que um filho ficará no Samora e outros irão para escola nova! Isso no meio do ano e não no início, quando a família podia ter se organizado! Aproxima-se a perversidade com estes responsáveis!
3. Seria muito simples: inauguram escolas novas, abrem vacâncias e naturalmente elas serão preenchidas, haverá responsáveis que beneficiarão com escolas mais próximas de sua casa (aqui na Maré, muitas crianças vão e voltam sozinhas da escola)! Haverá aluno para todas as escolas novas e antigas! Mas não será assim.
4. Não faz sentido mudar toda rotina em agosto seja dos alunos, seja dos funcionários! Muitos professores compram materiais para organizarem suas salas com o próprio dinheiro, fizemos isso no início do ano! Que o prefeito e sua secretária se sensibilizem e percebam não haver necessidade de tirar turmas inteiras para encher as escolas novas! Os responsáveis o verão como uma decisão irracional e insensível que não tem preocupação com o desenvolvimento escolar e afetivo das crianças da Maré!
* * *
THE NEW YORK TIMES: CIRCULAÇÃO IMPRESSA E DIGITAL!
(Globo, 02) Mark Thompson diretor executivo. O digital é a principal área de crescimento. A circulação digital média do NYT cresceu 14,2%, para 1,55 milhão. A circulação digital do domingo subiu 10,7%%, para 1,48 milhão. No impresso a média de circulação de segunda a sexta-feira caiu –6,8% para 625.951 e aos domingos caiu –5,2%, para 1,15 milhão. O número de assinantes digitais subiu 20%, para 957 mil.
1. Se há uma percepção globalizada é a da política como atividade suja e dos políticos como predadores. Em momentos de crise, essa percepção avança e, em meio a escândalos, se enraíza. Isso não ocorre só no Brasil. É geral. O ponto fundamental da análise dos desdobramentos de um quadro destes deve ser político. Vejamos.
2. A dedução primária que se tira de uma situação dessas é que o mais provável é que impulsione a alternância no poder e fortaleça a oposição. Mas isso não é tão simples. Depende de cada caso concreto. Em tese, pode até estimular a ruptura em direção a uma alternativa vertical.
3. No caso brasileiro (se aprende da experiência latino-americana por décadas), a atual crise, com casos explícitos de corrupção atingindo elites políticas e administrativas e a maior empresa do país, permite garantir que o atual governo e que sua presidenta não têm mais recuperação política. Como não pode ser candidata, pode até tocar seu governo administrativamente, mas não politica e socialmente. E –por isso- terá que enfrentar seu partido como oposição.
4. Num quadro –como o nosso- de fragilidade partidária e inorganicidade política, a popularidade e o acesso ao poder dependem da imagem e da força dos personagens. O fato é que nem o governo e seu partido (incluindo Lula) e nem a oposição têm personagens com a força para mobilizar e inspirar confiança. As recentes manifestações nas ruas têm mostrado isso. Os mais importantes líderes políticos ficaram em casa.
5. O 1º de maio não foi diferente, com mobilizações tímidas se comparadas a um passado recente. As manifestações que crescem são as corporativas –sem marcas explícitas de cor ideológica ou partidária. É o caso do movimento dos professores, que ganha, estado a estado, dimensão nacional. Os governantes afundam, mas ninguém é capaz de dizer um nome que capitalize politicamente esses fatos.
6. Com uma presidente desintegrada, com governadores desintegrados ou fragilizados, com as oposições sem líderes apenas surfando na onda do desgaste do governo, com a base do governo estilhaçada, com o parlamento pulverizado, mas com instituições básicas fortes desde a constituinte de 1988 (o que obstrui o golpismo), conforma-se um quadro tipicamente latino-americano.
7. E a fórmula da resposta fácil à crise econômica e política, à criminalização dos políticos, a desesperança, é o populismo. As ascensões populistas desde os anos 90, especialmente na América do Sul, mostram isso. Lula, que tem faro e olfato para isso, abandona a “carta aos brasileiros de 2002” e assume as cantilenas e as baladas populistas.
8. Isso não garante a ele que seu neopopulismo atraia confiança popular. Afinal, ele é parte da raiz das crises. Mas é um caminho que tem.
9. No Brasil, neste momento, o perfil populista que desponta –ainda sem cara e sem nome- tem caráter conservador. Se olharmos no espelho retrovisor, vemos a imagem de Jânio Quadros. Ou mesmo a imagem parlamentar de Carlos Lacerda. E não é demais repetir um pensamento de Marx que virou chavão: a história se repete, a primeira vez como farsa e a segunda como tragédia.
TEREZA CRUVINEL (SITE 247) ENTREVISTA DEPUTADO RODRIGO MAIA, PRESIDENTE DA COMISSÃO DE REFORMA POLÍTICA !
1. TC: Deputado, desta vez a reforma política sai?
Maia: Acho que se a comissão, e depois o plenário, entenderem que precisamos fazer uma evolução no sistema político e não uma revolução no sistema ela sairá. Agora, se quisermos implantar o sistema inglês, o sistema alemão ou qualquer outro, não sairemos do lugar. Precisamos entender que temos um modelo, que ele tem aspectos ruins que precisam ser corrigidos, dando um passo à frente. Alguns querem fazer revolução, outros escrever autobiografia e tanto uma coisa como outra não nos levará a lugar algum.
2. TC: Tratemos de cada um deles, começando então por esta forma de eleger deputados em que trocaríamos o sistema proporcional que vigora hoje pela regra de que serão eleitos os mais votados. Neste sistema, que vem sendo chamado de "distritão", poderia haver coligações entre partidos?
Maia: Não, a coligação proporcional acaba porque não haverá mais interesse dos pequenos partidos nas alianças e nem interesse dos candidatos em concorrer por partidos pequenos. Se para se eleger o candidato precisará ter uma grande votação, individualmente, ele terá mais interesse em concorrer por partidos maiores, melhor estruturados, que permitirão ao futuro deputado ocupar posições importantes na Câmara, como presidir comissões, integrar a Mesa ou relatar matérias relevantes.
3. TC: Este sistema então poderá conter a pulverização?
Maia: Tenho certeza que sim. Com exceção dos partidos mais ideológicos, com PSOL ou PC do B, ninguém terá interesse em ficar em partidos com quatro ou cinco deputados. Haverá uma concentração natural nos partidos com perspectiva de poder, sejam de centro-esquerda ou de centro-direita, embora os partidos ideológicos devam continuar existindo, e por isso sou contra o voto distrital, em que não teriam como sobreviver./ – O "distritão" não eliminaria tanto estes partidos ideológicos quanto aqueles candidatos temáticos, que se elegem sustentando bandeiras relacionadas com um público específico e disperso? Maia – Pelo contrário. Eles desapareciam é com o modelo distrital, misto ou puro
4. Entrevista completa.
RIO! NOVAS ESCOLAS NA MARÉ NÃO TERÃO NOVAS MATRÍCULAS: SÓ TRANSFERIDOS DA ESCOLA AO LADO!
(Professoras que lecionam na Maré) 1. Acabamos de saber que o prefeito quer tirar 13 turmas integrais e seus professores em agosto para “encher” uma das três escolas que serão inauguradas (a meta eram 19).
2. Não é nada produtivo, é lamentável o desrespeito com nossas crianças e seus responsáveis que já estão organizados para frequentarem o CIEP Samora Machel! É contraproducente! Pela futura organização arbitrária terão famílias que um filho ficará no Samora e outros irão para escola nova! Isso no meio do ano e não no início, quando a família podia ter se organizado! Aproxima-se a perversidade com estes responsáveis!
3. Seria muito simples: inauguram escolas novas, abrem vacâncias e naturalmente elas serão preenchidas, haverá responsáveis que beneficiarão com escolas mais próximas de sua casa (aqui na Maré, muitas crianças vão e voltam sozinhas da escola)! Haverá aluno para todas as escolas novas e antigas! Mas não será assim.
4. Não faz sentido mudar toda rotina em agosto seja dos alunos, seja dos funcionários! Muitos professores compram materiais para organizarem suas salas com o próprio dinheiro, fizemos isso no início do ano! Que o prefeito e sua secretária se sensibilizem e percebam não haver necessidade de tirar turmas inteiras para encher as escolas novas! Os responsáveis o verão como uma decisão irracional e insensível que não tem preocupação com o desenvolvimento escolar e afetivo das crianças da Maré!
THE NEW YORK TIMES: CIRCULAÇÃO IMPRESSA E DIGITAL!
(Globo, 02) Mark Thompson diretor executivo. O digital é a principal área de crescimento. A circulação digital média do NYT cresceu 14,2%, para 1,55 milhão. A circulação digital do domingo subiu 10,7%%, para 1,48 milhão. No impresso a média de circulação de segunda a sexta-feira caiu –6,8% para 625.951 e aos domingos caiu –5,2%, para 1,15 milhão. O número de assinantes digitais subiu 20%, para 957 mil.