Por Gen Div R-1 Newton Álvares Breide
No
final da década de 70, este jovem tenente cursava a Escola de Educação
Física do Exército, no Rio de Janeiro. Ao retornar
para casa, sempre encontrava na esquina da Belfort Roxo com Nossa
Senhora de Copacabana, um mendigo de boa aparência, cerca de quarenta
anos, mas com uma chaga na perna de dar dó. A ferida aberta ia do joelho
quase até ao tornozelo. Ele, sentado na calçada,
na passagem das pessoas, recebia esmolas de quase todos os transeuntes.
O
desconforto que me causou a situação daquele coitado não me parecia
possível resolver com apenas alguns trocados. Minha consciência
pedia mais!
Na
farmácia mais próxima comprei esparadrapo, gaze, água oxigenada, pomada
secante, sulfa e coisas do gênero. Com a simplicidade
de quem acha que está ajudando, agachei-me e entreguei a ele a sacola
com os medicamentos. Sua reação ficou gravada na minha memória para
sempre. O tom de voz só era suplantado pelo olhar odioso que me destinou
quando deixou fluir sua raiva ao dizer mais ou
menos o seguinte: "Qual é a sua, cara? Quer acabar com o meu ganha-pão?
Some daqui com essa porcaria!"
A
ficha caiu. O falso mendigo queria manter a ferida aberta para sempre.
Não lhe interessava ética, verdade, trabalho digno
ou qualquer outro sentimento nobre. O vil metal, abocanhado com
facilidade, fazia com que enganasse as pessoas com sua pretensa condição
de desassistido e injustiçado pela sociedade. Ao longo daquele ano,
quando passava pelo seu ponto privilegiado, ele sorria
com sarcasmo e deboche.
O
comportamento da Comissão Nacional da Verdade (CNV) é similar ao do
falso pedinte. Não interessa a seus integrantes e àqueles
que a criaram a pacificação que a Lei da Anistia propõe. A chaga tem de
continuar aberta e sangrando para render polpudas indenizações a uns e
menosprezo a outros! Acusações sem provas, ilações infundadas, dúvidas
risíveis e condenações sem direito ao contraditório
e à ampla defesa maculam qualquer resquício de verdade que possam ter
obtido.
Os
crimes abjetos e violentos do terrorismo e da guerrilha – causa – foram
esquecidos pela CNV. Só são lembradas as inconformidades
da lídima repressão do Estado – consequência. Entretanto, sempre é bom
lembrar que só ao Estado é dado o direito de emprego da força na sua
autodefesa, quer seja a ameaça externa ou interna.
Em
respeito à inteligência dos leitores, nem vou tratar do escopo
ideológico da luta armada imposta ao Brasil pela esquerda
radical. Até a velhinha de Santo André, que jura não ter o PT qualquer
envolvimento na morte do Celso Daniel e no aparecimento de mais sete
cadáveres, não engole o subterfúgio ardiloso de que as organizações
terroristas lutavam pela democracia.
A
sanha ideológica espúria que pautou a criação da malsinada CNV,
estribada no revanchismo, produziu, tão somente, a versão
fantasmagórica daqueles que pretendem mudar a história, transformando
guerrilheiros, terroristas e outros criminosos em paladinos do bem.
A acusação pusilânime contra os generais presidentes é prova cabal da leviandade, parcialidade e má fé que de forma perene
estão amalgamadas no seu relatório final.
O
contundente absurdo, entre outros, vem com a proposta de um pedido de
desculpas das Forças Armadas. Desculpas por ter evitado
a "cubanização" do Brasil? Ou por impedir a nossa transformação em uma
"maravilha bolivariana" onde a população não tem, sequer, acesso aos
artigos de primeira necessidade?
Felizmente,
essa ridícula proposta será atendida quando o sargento Garcia prender o
Zorro ou os Comandantes das Forças Singulares
se tornarem covardes. A probabilidade é a mesma!
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