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sábado, 6 de junho de 2015

O declínio da dinastia Tang

O terceiro imperador Tang era, infelizmente, um fraco, embora a imperatriz Wu tenha compensado esse fato controlando o poder autocrático por meio século (de cerca de 654 a 705), primeiro por intermédio dele, depois por meio de seus jovens sucessores e finalmente, durante algum tempo, como imperatriz de uma dinastia recém-declarada. Única governante mulher que a China já teve, a imperatriz Wu era sempre uma política impecavelmente talentosa e hábil, mas seus métodos assassinos e ilícitos de conservação do poder arruinaram sua reputação junto aos burocratas do sexo masculino. Também incentivou o excesso de pessoal no funcionalismo e diversas modalidades de corrupção. Em 657, o governo Tang usava apenas 13,5 mil oficiais para controlar uma população estimada em cinquenta milhões. Obtendo uma milícia local (fubing) de fazendas autossuficientes e exigindo que elas cumprissem trabalhos em cada localidade, o governo cortou seus gastos. A administração ainda queria ver os fazendeiros independentes e donos legítimos de suas terras, e portanto, sob o sistema de campos igualitários (juntian), redistribuía periodicamente a terra segundo os registros populacionais. Mas ao passo que o segundo imperador governou por um método prático e ativo, trabalhando com seus conselheiros todos os dias, as manipulação da imperatriz Wu fizeram do poder imperial algo mais remoto, conspiratório e despótico. Ela rompeu o poder dos clãs aristocráticos do Noroeste e deu à planície do Norte da Chin maiores oportunidades de representação no governo. Os aprovados no exame tornaram-se uma pequena elite na oficialidade. O legado da imperatriz anda está em debate.
Sob o governo do imperador Xuangzong (que reinou de 713 a 755), os Tang atingiram o auge de sua prosperidade e esplendor, mas as falhas se acumulavam. Primeiro havia a exagerada expansão militar, terrivelmente custosa. As forças da dinastia Tang estavam em guerra nas fronteiras do Sudoeste da China e também se estenderam excessivamente ao oeste dos Pamirs. Lá foram derrotadas por exércitos árabes em 751, próximo a Samarkand. Nesse ínterim, a milicia fubing fora gradualmente transformada em uma força de guerra profissional organizada em nove divisões, em especial nas fronteiras sob o comando de um general com plenos poderes para rechaçar ataques. Alguns generais poderosos envolveram-se com a política da corte. À medida que a Corte Externa subordinada aos Seis Ministérios foi-se tornando mais ritualizada e sobrecarregada, os altos funcionários que a chefiavam como os chanceles – na verdade, delegados do imperador, governando em seu nome – foram se envolvendo cada vez mais em partidarismos mesquinhos, enquanto o imperador usava eunucos para sustentar seu controle da Corte Interna. Então, em sua velhice, Xuanzong apaixonou-se por uma bela concubina, Yang Guifei, e deixou o poder central decompor-se. Ela adotou como filho o seu general preferido, An Lushan, que se rebelou e tomou as capitais em 755. De 755 a 763, uma rebelião altamente destrutiva assolou o país. Quando o imperador abandonou sua capital e suas tropas exigiram a execução de Yang, a história de amor imperial chegou a um trágico (e eternamente) fim. O reino Tang foi restaurado nominalmente após oito anos, mas durante o próximo século e meio o poder dos Tang não voltou renascer de fato.
A derrota da rebelião de An Lushan resultou no estabelecimento de comandos militares regionais que depois se tornaram a base para um novo estrato regional da administração. Enquanto o controle sobre as regiões externas se evaporava, o regime Tang dentro da China teve de ceder poder aos militares. Não era mais capaz de governar a partir do centro com leis e instituições uniformes. A elite burocrática não conseguia sustentar procedimentos para toda a nação. Venceram o localismo e o particularismo, ea unidade nominal do Estado chinês tornou-se uma fachada sem substância.


Fonte: China – Uma Nova História, páginas 90 e 91.