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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O ano que chega, por Rogério Mendelski

O mais ineréu dos viventes quando se depara com a passagem de ano fica um pouco supersticioso. Será que em 2015 vou conquistar as minhas metas, essas que não suplantei no ano que terminou? Não estou falando dessas bobagens de vestir a cor da moda no Reveillon, mas sim daqueles pedidos bem secretos que fazemos para nós mesmos quando termina a contagem regressiva e o novo ano começa.
Duvido quem não pede para si, quase que egoisticamente, com voz interior, “muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender”, como na tradicional canção que se torna um sucesso popular nesta época do ano.
Mas é possível de se definir quais são as esperanças de cada um de nós, deixando de lado as apostas na sorte – como ganhar sozinho na megassena – e dedicar a elas (as esperanças) nossas reflexões e possibilidades?
Enfrentar 2015, podem apostar, talvez seja bem mais difícil do que foi em 2014, mesmo que nosso empenho esteja pleno de boas intenções. Por exemplo: qual o brasileiro decente que não gostaria de ver todos os ladrões do dinheiro público na cadeia? Sim, na cadeia, atrás das grades, como estão hoje dezenas e dezenas de milhares de criminosos, mas tal desejo depende do lado honesto deste país.
O Brasil começa 2015 com uma classe política eleita em outubro. É dela que poderá vir o recado de esperança e renovação para todos os brasileiros, mas sentimos no ar essa alternativa? Confiamos no novo Congresso e nas casas legislativas que as urnas elegeram? Ou essa confiança, já faz muito tempo, se desvaneceu pelos exemplos diários de comportamentos reprováveis em qualquer sociedade civilizada?
2015 será no nosso âmbito familiar, no círculo de nossas amizades e dos compromissos profissionais, perfeitamente administrável e possível de ser vencido dia após dia. O perigo está naquilo que não controlamos e sequer influenciamos, mas que nos cobram altos tributos me nome da cidadania.
Meu desejo é singelo para 2015: “Não vamos nos entregar para improvisos oficiais. Sejamos cidadãos 24 horas nos 365 dias deste ano que começa. Tal disposição pode mudar nossas vidas”.

O ano de Dilma

Se a presidente Dilma Rousseff quiser cumprir algumas de suas promessas eleitorais que aproveite 2015 para realizá-las. Medidas cirúrgicas governamentais no Brasil só podem ser formadas em ano de eleição.

O ano da oposição

O resultado das urnas fortaleceu uma oposição no Congresso Nacional. Pode ser o ano que o Brasil irá conhecer em uma oposição que já existiu naqueles anos difíceis quando o Brasil carecia de todas as suas instituições democráticas.

Resultado simples

As urnas de outubro traçaram o destino do Brasil para os próximos quatro anos, o qual começa agora em 2015. Quem ganhou governa e quem perdeu vai para a oposição. Oposição é a maior garantia de um regime legítimo e democrático. O Brasil não pode continuar dividido entre “nós” e “eles”.

Não é pessimismo

Por favor, este colunista não é pessimista. Tancredo Neves sempre dizia: “o pessimista é apenas um otimista bem informado”.


Correio do Povo, edição de 31 de dezembro de 2014, página 14.