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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O Rio Grande tem saída?, por Rogério Mendelski

A resposta para a angustiante pergunta que atormenta a vida de todos os gaúchos está no livro com o mesmo título desta coluna. Lançado em fevereiro do ano passado, poderia ter servido de plano de governo para todos os candidatos que concorreram ao Piratini oito meses depois. Mas quem leu?
O autor, Darcy Francisco Carvalho dos Santos, bacharel em Ciências Contábeis e em Ciências Econômicas (Ufrgs), traduziu em linguagem acessível os complicados e intrincados números orçamentários que compõem a chamada contabilidade pública estadual.
Darcy Francisco não é guru de ninguém, nunca se ofereceu nem se insinuou para integrar o primeiro escalão de qualquer candidato e, até onde se sabe pelo seu currículo, sua colaboração técnico-política foi na assessoria de Finanças Públicas da bancada do PPS, na Assembleia Legislativa do RS.
Quem conhece Darcy Francisco reconhece que ele está mais para avô da Amanda e do Pedro do que para um ameaçador porta-voz do “neoliberalismo” (essa bobagem semântica inventada pelos “neocomunistas”) e da privatização das empresas públicas do governo gaúcho.
Eu arriscaria dizer que o seu livro tem sintomas “inquisitoriais” porque sua preocupação é identificar as “bruxarias perpetradas contra o contribuinte gaúcho, as quais, ao longo de muitos anos, comprometeram o futuro de gerações como as dos seus netos.
Na página dos agradecimentos pela colaboração recebida, Darcy Francisco ofereceu seu livro “aos meus netos Amanda e Pedro, à Vitória, filha da Patrícia e do Leonardo, com muito carinho, ao mesmo tempo em que peço desculpas em nome de nossa geração pela herança negativa que estamos deixando a eles”.
Mesmo assim, o seu livro mostra que o Rio Grande tem saída para a crise atual. As 320 páginas funcionam como o fio do novelo que a princesa Ariadne deu ao jovem Teseu que entrou no labirinto matou o Minotauro e salvou Atenas do imposto anual cobrado por Creta – sete rapazes e sete jovens eram devorados pelo monstro viciado em carne humana. O herói ainda casou com a princesa...

A saída possível (1)

A reforma da previdência dos servidores públicos é uma das saídas com o aumento da idade mínima e do tempo de contribuição das aposentadorias especiais que hoje beneficiam 87% dos aposentados.

A saída possível (2)

Alteração no plano de carreira do magistério. Para Darcy Francisco o professor deve ganhar melhor em toda a sua carreira e não apenas quando está próximo a deixar a escola. Tal medida permitiria o pagamento do piso nacional, deixando de criar passivo trabalhista.

A saída possível (3)

Revisão do acordo da dívida com a União que possibilite a redução do fluxo anual de pagamentos, dilatando o prazo contratual para que o saldo devedor seja zerado no final.

A saída possível (4)
Revisão dos altos salários iniciais de algumas categorias, extinção da licença-prêmio, alteração das regras de incorporação de função gratificada na aposentadoria, passando a vigorar uma média do tempo desfrutado nesse cargo.

A saída possível (5)

Aumento da participação dos estados na carga tributária nacional com a modificação do Pacto Federativo. Revisão nas desonerações fiscais para ver se há alguma margem de redução.


A saída possível (6)

Incentivo da produção agrícola, pois o RS tem todas as condições para esse desafio que alavanca as demais atividades produtivas. Com reflexo na renda e na arrecadação estadual, o RS teria um incremento de 9% no seu PIB. Nada que um bom gestor com apoio político não possa dar o empuxo inicial para matarmos o Minotauro que está devorando nossas esperanças e nossa cidadania.




Fonte: Correio do Povo, página 5 de 9 de agosto de 2015.