Durante sua passagem pela ONU, nesta semana, a presidente Dilma abordou três temas. Um deles sobre economia, admitindo que o modelo adotado pelo Brasil esgotou. E fez o mea culpa, dizendo que problemas internos contribuíram para as dificuldades atuais do país. Teve que admitir que nossos problemas não se devem somente à crise externa, conforme insistia. Outro tema foi o relacionamento com o meio ambiente, quando apresentou metas ambiciosas como o fim do desmatamento ilegal, a restauração e o reflorestamento de 12 milhões de hectares e a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradáveis. Mais: participação de 45% de fontes renováveis – eólica, solar e biomassa – na geração de energia. Com isto, segundo disse, o Brasil estaria dando sua imensa contribuição para a preservação do planeta. Um belo discurso “para inglês ver”, sabendo-se das limitações que existem no país, principalmente no que toca ao desmatamento e reflorestamento. Mas, enfim, vamos acreditar que, se metade do anunciado for concretizado, já teremos dado um grande salto. Até porque outros países fazem muito menos que isto.
Agora o que não dá para entender é a insistente reivindicação de que o Brasil tenha um assento permanece no Conselho de Segurança da ONU. A pergunta que se faz é: que papel tem cumprido o Brasil no cenário internacional para ter tal direito? Tivemos, é verdade, uma grande contribuição no Haiti. Porém, na questão da diplomacia temos sido uma fracasso. Apesar de seu gigantismo na América Latina, o país não tem feito a mínima ação como mediador de conflitos. Basta ver o seguinte: o recente conflito fronteiriço entre Venezuela e Colômbia teve um acordo mediado por Equador e Uruguai; o conflito entre o governo da Colômbia e as Farc, mediação de Cuba; o conflito entre Chile e Bolívia, levado ao Tribunal Internacional de Haia; o restabelecimento de relações entre EUA e Cuba, mediação do Papa. E o que é pior, o conflito entre os dois vizinhos e parceiros do Mercosul. Argentina e Uruguai, em torno das papeleiras, foi levado à mediação do rei da Espanha. Ou seja, o Brasil está fazendo jus à denominação de “anão diplomático” que lhe foi atribuída pelo porta-voz da Chancelaria de Israel pela posição assumida na guerra de Gaza em 2014. Assim, como querer um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU?!
Fonte: Correio do Povo, página 8 de 4 de outubro de 2015.