Autor: Robson Merola de Campos
Uma democracia forte se faz com instituições fortes, povo esclarecido e participante e acima de tudo com ética e cuidado com a coisa pública. Deve haver também patriotismo entre todos os personagens, especialmente aqueles que têm o poder decisório nas mãos.
No Brasil de 2015, a democracia está sangrando. Nossas instituições estão contaminadas pelo projeto de poder levado a cabo pelo Partido dos Trabalhadores. Algumas autoridades da República, mais do que preocupadas com o destino do país, se esforçam em preservar privilégios e proteger padrinhos e apadrinhados. De que outra forma pode-se interpretar, por exemplo, a atitude do Procurador Geral da República Rodrigo Janot que tem se esforçado para manter o ex-presidente Lula longe da apuração de suas responsabilidades na Operação Lava Jato? Por que um delegado federal precisa pedir autorização do STF para ouvir Lula se ele não mais tem foro privilegiado? Lula é apenas mais um cidadão, aqui considerado o vocábulo em seu sentido estrito. Cidadão é aquela pessoa que pode usufruir de seus direitos políticos.
O Brasil perdeu o seu grau de investimento o que equivale a dizer que seu nome está no SERASA internacional. E não perdeu o selo somente devido à crise econômica: essa vem e vai, e é superada com trabalho e honestidade. Perdemos o grau de investimento porque o governo brasileiro está completamente acéfalo e sem condições mínimas de gerir a atual situação. O governo brasileiro, que gere o país, não é mais confiável! Perdemos o grau de investimento porque o Brasil não está dando mostras efetivas de que aqui a Lei vale para todos, doa a quem doer, seja quem for. Como disse De Gaulle certa vez "O Brasil não é um país sério". A verdade é dura, mas não pode ser ocultada.
Em uma democracia forte todos têm que assumir sua parcela de responsabilidade. O fatiamento da Operação Lava Jato pode ser analisado sob diversos pontos de vista, mas, dois saltam aos olhos, sendo um, consequência do outro. Retiraram a condução dos trabalhos do Juiz Federal Sérgio Moro porque ele se aproxima perigosamente das mais altas autoridades da República, tanto atuais, quanto àquelas que já não detém poder institucional. Por outro lado, ao fazerem isso, contam com a conhecida morosidade da justiça brasileira. Basta recordar-se o julgamento do “mensalão” e a prescrição de inúmeros crimes perpetrados pelos acusados e as penas simbólicas ali cominadas.
Democracia não combina com impunidade. Democracia não coaduna com bagunça. Democracia não é libertinagem. Democracia não permite estelionato eleitoral. Democracia não é a ditadura de alguns, para ser usada sob sua conveniência. Democracia exige responsabilidade e participação popular consciente. Democracia não admite o engodo. Democracia é liberdade responsável, participação ativa, seriedade, igualdade de oportunidades. Onde fica a igualdade de oportunidades quando o governo distribui favores assistenciais que escravizam o corpo e a mente do cidadão mais simples, que, acostumado com as benesses não enxerga outra forma de sobreviver?
A democracia do Brasil, que tantos lutaram durante tanto tempo para conquistar e preservar está sangrando. As lutas começaram desde que o Brasil surgiu, estendendo-se ao longo dos séculos: na unificação e integração (ainda não completa) do território brasileiro; na participação dos brasileiros ao repelir a agressão de nossos vizinhos no século XIX e as invasões do período colonial; na coragem dos nossos pracinhas durante a Segunda Guerra Mundial; na luta desenvolvida pela nação brasileira, tendo a testa as nossas Forças Armadas para repelir a ameaça comunista dos anos 1960/1970. Hoje, todas essas conquistas, somadas às conquistas econômicas do Plano Real, correm o risco de se perderem. E por absoluta irresponsabilidade de quem nos governou (e governa) nos últimos 13 anos. O brasileiro contempla com angústia o seu futuro e vê uma a uma das suas conquistas serem tragadas pelo esgoto da corrupção e da incompetência.
Está na hora de passar o Brasil a limpo. E nesse processo devemos considerar onde deve repousar a nossa lealdade... Nas instituições contaminadas pela ganância e corrupção dos maus brasileiros ou com a nação brasileira que sofre entorpecida com os resultados de mais de uma década de socialismo e corrupção? Luis Alves de Lima e Silva, em um momento decisivo da Guerra do Paraguai, na Batalha de Itororó, assumiu a frente de seus soldados e bradou: “sigam-me os que forem brasileiros”! Sua coragem e determinação foram decisivas para que o Exército Brasileiro vencesse a batalha e ganhasse a guerra.
Muitos brasileiros já estão se manifestando e colocando sua face na berlinda. Corajosamente, sem se preocuparem com consequências e retaliações, escrevem, gritam, vão para as ruas, protestam, argumentam. É assim que se faz uma democracia forte. Junte-se aos bons brasileiros. A indecisão ou a omissão não salvará o Brasil. Faltam cinco minutos para a meia noite; mas ainda há tempo. Porém, essa é uma luta que só será vencida se todos os brasileiros conscientes participarem.
Os brasileiros precisam de liderança firme, justa, honesta, honrada! Nossos líderes devem se apresentar no campo de batalha da democracia. Alguns já estão fazendo isso e merecem nosso reconhecimento e nosso aplauso. É preciso escolher lado! E o lado a ser escolhido tem que ser o da população sofrida que não aguenta mais ter que pagar a conta da incompetência.
A advertência de Jesus, transcrita no Evangelho por São Mateus é uma clara e atual advertência: "não se pode servir a dois senhores!" (capítulo 6, versículo 24).