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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Na crise, programas de fidelidade pagam até contas do consumidor

por DANIELLE BRANT e ANDERSON FIGO


Com a renda cada vez mais pressionada pela inflação e pelo desemprego, o consumidor que precisa de um reforço nas finanças pode encontrar fôlego extra nos programas de fidelidade. É possível pagar contas de água e luz, trocar por créditos em postos de gasolina e até mesmo resgatar os pontos para apostar na Mega-Sena da Virada, que pode pagar mais de R$ 280 milhões para quem acertar as seis dezenas do concurso.
A crise tem aumentado a procura por estes tipos de serviços, avalia Julio Quaglia, diretor do Grupo LTM, que gerencia programas de fidelidade de empresas como Cielo, Shell e Nestlé.
No "Pague suas Contas", que tem parceria com concessionárias públicas de água, luz, gás e telefone, o volume resgatado cresceu 170% de janeiro a setembro na comparação com o mesmo período do ano passado –foram 168 mil resgates, sendo que um usuário pode ter utilizado seu saldo mais de uma vez. O valor médio de resgates realizados foi de R$ 148.
Para participar, o consumidor deve acumular pontos em algum dos programas parceiros da LTM que oferecem o serviço, como Nestlé, Hypermarcas e Cielo. O resgate é feito em cada um deles também. Só é necessário verificar se, após a conversão dos pontos, dá para inteirar o pagamento da conta. A concorrente Dotz oferece serviço parecido, mas, no caso da empresa, a fatura deve ter valor máximo de R$ 300.
Também é possível economizar no posto de gasolina, com programas que permitem a troca de pontos por crédito para combustível. Na LTM, a modalidade também cresceu bastante no acumulado até setembro: foram 87 mil resgates, alta de 187% ante o mesmo período de 2014. Neste caso, o consumidor resgata os pontos e vai até o local para abastecer.
Até a recarga de celular pré-pago pode ser feita com pontos dos programas de fidelidade. Os valores de conversão costumam ser bem mais baixos do que encher o tanque ou pagar uma conta de luz. A média convertida é de R$ 21, segundo a LTM.
VALE-COMPRAS
No supermercado, em que os carrinhos têm ficado mais vazios devido ao aumento da inflação, também é possível reduzir os gastos usando pontos. No caso da LTM, é preciso imprimir vouchers após feita a conversão de pontos por valor.
A Dotz, uma das maiores empresas do setor, já implementou em 690 cidades do país um modelo mais direto do negócio: o cliente pode pagar a compra com pontos no caixa do supermercado, com um cartão semelhante ao de débito ou informando o CPF e a senha do programa, explica Roberto Chade, presidente da companhia. "Temos visto na empresa um crescimento nos resgates em serviços e atividades ligadas ao dia a dia do consumidor, como resgatar para pagar o combustível, trocar pontos por compras na farmácia", afirma.
Para ele, o comportamento é resultado do momento econômico do Brasil. "As trocas têm aumentado em um percentual próximo de 50%, e os consumidores estão optando pelo pagamento de contas, por resgatar eletrônicos e até viagens para economizar", complementa.
Até mesmo o dinheiro que seria gasto na Mega-Sena da Virada pode ser substituído por pontos. No Banco de Pontos Fidelidade, faz sucesso um modelo de leilão em que os usuários dão lances –individuais ou em grupo– com pontos para arrematar caixinhas da sorte que podem deixá-los milionários.
São quatro opções, todas com 16 apostas na Mega da Virada, e acessórios diferentes: mandalas, biscoitos da sorte, vasos de trevos. Os quatro leilões ocorrem entre esta segunda e quinta-feira (17). No dia do encerramento da disputa, o maior lance leva a caixa e os comprovantes de aposta da Mega.
E na Multiplus o motorista que tem carro da Peugeot pode usar os pontos acumulados para pagar a revisão do veículo. No programa, a crise deu origem a uma situação curiosa, diz Ronald Domingues, diretor financeiro da Multiplus. "Vimos uma redução proporcional de trocas por passagens aéreas e um crescimento de resgate de produtos", afirma.
PARA UTILIZAR OS PROGRAMAS DE FIDELIDADE
1) CADASTRE-SE
no site do programa ou da companhia aérea
2) ACUMULE PONTOS
fazendo compras ou usando serviços das empresas parceiras; é possível acumular pontos fazendo compras pela internet, abastecendo o carro ou usando cartões de crédito vinculados
3) TROQUE OS PONTOS
por serviços e produtos, como passagem aérea, estadia em hotel ou aparelhos eletrônicos
4) CONFIRA SEU SALDO
sempre e fique atendo aos prazos de validade, pois os pontos expiram; No caso do Multiplus, por exemplo, a validade é de dois anos
5) COMO ACUMULAR MAIS
quanto mais fiel a uma marca que permite acumular milhas, mais milhas você vai conseguir resgatar, mas não deixe de comparar os preços nos estabelecimentos que oferecem pontos com os de outras lojas para ver se você não está pagando mais caro
6) EVITE DESPERDÍCIO
não compre nada desnecessário só por que está ganhando pontos
Fonte: Folha Online - 14/12/2015 e Endividado
Aulas de finanças pessoais chegam à periferia de SP

por VINICIUS PEREIRA

Dívidas em excesso podem se tornar um fardo difícil de suportar, principalmente quando a renda não é suficiente para uma família satisfazer suas necessidades básicas. Para diminuir os impactos do endividamento excessivo, algumas empresas têm oferecido aulas gratuitas de educação financeira em comunidades carentes de São Paulo, locais em que o orçamento doméstico costuma ser mais apertado.
Em Paraisópolis (zona sul), segunda maior comunidade carente de São Paulo, não é difícil encontrar pessoas que, em tempos de crise econômica, vêm enfrentando dificuldades para administrar o orçamento e manter o mesmo padrão de consumo.
É o caso da estudante Nádia Machado, 17, que participou junto com outros 11 jovens das aulas de educação financeira na associação de moradores da comunidade.
"A internet, a luz e a conta do meu celular ficaram muito caras. Na casa dos meus pais estão todos com muitas dívidas", disse.
O curso, oferecido pela empresa Mais Fácil, aborda assuntos como consumo consciente e problemas decorrentes do endividamento excessivo. A empresa lançou um cartão de crédito no local.
Especialistas em educação financeira apontam que o sucesso dessas iniciativas depende do foco no comportamento e do acompanhamento das situações específicas de cada participante.
"Aprendi como controlar os gastos da família. Dessa forma, vou poder ter minhas coisas sem me afundar em dívidas", disse André da Silva Alves, 19, que atualmente está desempregado.
EXPERIÊNCIA
Segundo Elvira Cruvinel, chefe da área de Educação Financeira do Banco Central, as áreas que despertam mais interesse dos participantes dos cursos são sobre pesquisa de preço, noções básicas de administração do orçamento, além de hábitos de poupança.
"Isso é mais importante do que ensinar juros compostos, por exemplo. Não adianta oferecer cursos gigantes, mas depois não ter mais contato com o assunto. Tem de ser algo constante", disse.
Desde 2012, o BC realiza cursos on-line de educação financeira. O BC também orienta empresas e outros grupos que pretendam oferecer cursos sobre o assunto.
"O dinheiro afeta completamente as relações entre as pessoas. Uma das maiores causas de divórcios é a questão financeira. Ela acaba influenciando todo o tipo de relação", afirma Cruvinel.
A Unibes (União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social) e a Boa Vista SCPC, empresa de proteção ao crédito, também promovem aulas de educação financeira desde o início do ano. Na sede do órgão, jovens da periferia de São Paulo recebem orientações de profissionais sobre consumo consciente, poupança, crédito e orçamento doméstico.
"O impacto é imediato. Eles enxergam exemplos dentro da própria casa. Alguns dizem: se meu pai não tivesse se endividado tanto, talvez não estaria naquela situação", disse Marissol Parrilla, coordenadora de capacitação profissional da Unibes.
Ao todo, cerca de 700 jovens, a partir de 16 anos, já passaram pelas duas turmas do curso, oferecido nos dois semestres de 2015.
Parcerias entre empresas e ONGs ditam o ritmo das iniciativas na periferia de São Paulo. A Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) desenvolveu um acordo com Fundação Cafu, do ex-jogador da seleção brasileira, para fazer cursos sobre orçamento doméstico no Jardim Irene (zona sul), em São Paulo. Ao todo, 60 moradores da região já passaram pelos cursos da fundação.
"As pessoas são receptivas à informação desde que seja em uma linguagem adequada e com conceitos coloquiais. Estamos usando até funk para nos comunicar melhor com o grupo", disse Ricardo Vieira, diretor-executivo da Abecs.
Fonte: Folha Online - 14/12/2015 e Endividado

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Na crise, cresce preocupação com educação financeira de crianças e jovens

RIO - A formiga trabalhou de forma disciplinada no verão para garantir comida nos dias de inverno. Já a cigarra levou a vida a cantar e, quando o frio chegou, não tinha o que comer. Em tempos de crise, a formiguinha virou exemplo de boa conduta em finanças pessoais. Com a queda na renda, a alta da inflação e o fantasma do desemprego, cresce o interesse das famílias em educar crianças e adolescentes para consumir, poupar e investir de forma consciente e sustentável. E, por ora, com parcimônia.

— A crise afeta uma geração que, até aqui, nunca passou por experiências como alta da inflação, troca de moeda ou outras que mexessem no orçamento familiar — explica Cláudia Forte, superintendente da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil). — É uma oportunidade para que a educação financeira seja tratada de forma séria.

SUPERVISÃO DOS PAIS É FUNDAMENTAL
Não existe uma cartilha única sobre como educar crianças para a boa gestão financeira. Especialistas apontam o momento em que os pequenos dominam operações básicas de matemática — somar e subtrair — como hora de começar a lidar com o dinheiro. Mas o aprendizado começa antes.

— Na educação financeira, o futuro começa quando a gente nasce. A estratégia passa tanto por incentivar a autonomia de crianças e jovens na tomada de decisão quanto a como gastar seu dinheiro — diz Cláudia.

O primeiro estágio da educação financeira, continua ela, tem elementos rotineiros ou lúdicos que mostram que o comportamento da criança no presente vai ter reflexos no futuro.

— Na fase em que a criança brinca de encaixar peças, pode ganhar um cofre. Ela vai aprender que pode juntar moedas, que pode abrir o cofre e perder essas moedas. Ou usá-las para comprar algo — explica o professor Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro.

Para o processo funcionar, afirmam especialistas, a participação dos pais é fundamental. Por volta dos 7 anos, tão logo consiga calcular o troco, a criança pode receber uma semanada:

— Ela começa a fazer pequenas compras, como lanches na escola. Depois dos 14 ou 15 anos, passa para a mesada, que deve funcionar realmente como um treinamento para a vida adulta, quando terá de administrar o uso de um salário de verdade — recomenda Calil.

O valor da mesada, alerta Gilberto Braga, professor de Finanças do IBMEC-RJ, deve ser definido e obedecido. E, se acabar, não pode ser reposto até o início do mês seguinte. Caso a criança gaste tudo, aprenderá que faltará dinheiro para outros gastos até o fim do mês:

— É uma ferramenta de ensino. Lidar com finanças é necessário para a vida.

Daniel Sousa, colega de Braga no IBMEC-RJ, lembra é preciso aprender que toda escolha tem consequências.

— É preciso aprender desde cedo que os recursos são escassos e finitos. A mesada deve estar sempre de acordo com o perfil financeiro de cada família. É um erro optar por aquela postura de dar tudo o que puder ou o que a criança quiser. Ela precisa aprender a fazer escolhas.

Os especialistas citam também o uso do cartão pré-pago, espécie de versão digital da mesada. Mas que deve ter monitoramento dos responsáveis.

A maior parte das lições em finanças para os pequenos vem de casa. As escolas, porém, já cuidam desse aprendizado em sala de aula.

— Entre os 12 e os 14 anos, os adolescentes devem aprender a ter organização e planejamento. O uso de uma planilha eletrônica ajuda a enxergar onde e como estão gastando dinheiro — conta Carlos Gaspar de Oliveira, professor de Finanças da Dínamis, em Botafogo.

O advogado Alexandre Malho, pai de Beatriz, de 5 anos, já conversa com a filha sobre a importância de poupar, ensinando que é necessário esforço para conquistar os objetivos:

— Faço ela juntar dinheiro no cofrinho dela até poder comprar o brinquedo. Quero que ela tenha essa conscientização de juntar dinheiro (para comprar algo) em vez de financiar, quando se paga juro. Quero que, mais à frente, ela aprenda a controlar o dinheiro e a ter economias — conta ele, que fez uma previdência privada para Beatriz quando ela nasceu.

O mercado está atento a estes pequenos poupadores. A Icatu Seguros, por exemplo, criou área especial no site para crianças com jogos on-line que ensinam os miúdos a poupar brincando.

SITE E HISTÓRIA EM QUADRINHOS

A criação da Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), em 2010, colocou o aprendizado sobre como poupar, comprar e investir de forma consciente no centro das discussões. A AEF-Brasil, por exemplo, tem programas para a rede de ensino. Hoje, conta com 1.200 escolas no projeto, sendo 200 de ensino fundamental e outras mil de ensino médio.

— Estamos elaborando a proposta de inserção da educação financeira em todos os ciclos de ensino — diz Cláudia.

As grandes instituições do setor no país contam com programas específicos para crianças e jovens. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa), seguradoras e empresas mantêm programas de educação financeira com ações específicas para o público infantojuvenil.

— Em agosto de 2014, lançamos um curso de finanças pessoais, programa de ensino à distância, em parceria com a Veduca, plataforma on-line de ensino superior. No primeiro mês, tivemos 54,3 mil acessos. Até aqui, mais de 500 mil visualizações. Nos cursos presenciais, são 29 mil pessoas participando em um ano — diz Marita Bernhoeft, diretora de Comunicação, RH e Educação da BM&FBovespa.

A educação financeira para crianças e jovens será tema de seminário promovido pela Bovespa em parceria com a CVM nesta quarta-feira, no Rio.

A CVM mantém em seu site um portal infantil com histórias em quadrinhos. “Poupar é guardar uma parte do seu dinheiro para usar depois, no futuro, quando for necessário”, explica o personagem Seu Pereira à neta Lili.

— Sem poupança não há investimento. Com o ganho de renda da população dos últimos anos, e a nova classe média, milhares de brasileiros passaram a ter a oportunidade de se planejar, mas não necessariamente transformaram essa oportunidade em poupança — diz José Alexandre Vasco, Superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores da CVM.
Fonte: Extra - 07/12/2015 e Endividado




Foto de Super Tela.