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sábado, 20 de dezembro de 2014

Nós, do Exército Brasileiro!


Fomos nós, do Exército Brasileiro, que lutamos nos Guararapes contra o invasor holandês, justificados e motivados pelo sentimento de pátria que o amálgama de raças e o amor à terra fazia surgir.
 Fomos nós que asseguramos a Independência, que lutamos na Cisplatina e que defendemos a honra, os interesses, a soberania e o patrimônio da Pátria nas guerras e conflitos internos que abalaram, ameaçaram e fixaram nossas fronteiras e asseguraram a unidade nacional.
 Fomos nós que, aliados a antigos adversários, fizemos malograr as intenções expansionistas de Solano Lopes.
 Somos nós, do Exército Brasileiro, que temos na consciência o peso da participação na derrubada do Império e que conhecemos a responsabilidade que nos cabe na instauração desta República que, até os dias de hoje, envergonha a história política do Brasil.
 Fomos nós que lutamos em Canudos, no Contestado e na 1ª Grande Guerra Mundial. Fomos nós que, ao morrermos movidos pelos ideais "tenentistas", escrevemos a epopéia dos "18 do Forte"
Fomos nós, do Exército Brasileiro, que ajudamos a colocar Getúlio no poder e não o impedimos de implantar o Estado Novo.
 Somos os mesmos que, em 35, sofremos na carne a traição e a agressão assassina de comunistas fardados, falsos camaradas, idiotizados pelo internacionalismo vermelho.
 Fomos nós que lutamos na Itália e que trouxemos de lá lauréis de bravura e de abnegação que refletem nosso exacerbado amor à  liberdade e à justiça.
 Somos os mesmos, os do Exército Brasileiro, que, em MARÇO DE 1964, assumimos a liderança do clamor popular que repudiava a ameaça comunista que, mais uma vez, nos rondava às escâncaras e à sorrelfa, pregando mentiras e preparando o golpe de morte aos valores pelos quais sangráramos em guerras e revoluções.
 Fomos nós, do Exército Brasileiro, que lutamos nas matas do Araguaia contra uma guerrilha de lunáticos, preparados por fanáticos da utopia comunista e liderados por falsos profetas que pregavam o ódio e exploravam desigualdades e injustiças que nunca pretenderam ou seriam capazes de corrigir.
Somos os mesmos que,  atônitos, vimos surgir nos grandes centros a ação deletéria, covarde e assassina de terroristas treinados longe da Pátria que, misturados às próprias vítimas, as usavam como escudo e camuflagem. Aprendemos, não sem perdas e sem o sacrifício de pessoas inocentes, a conhecê-los,  a combatê-los e a vencê-los!
Fomos nós que, com o espírito aberto e pacificador de Caxias, assistimos ao retorno dos banidos, dos fugitivos da justiça e dos exilados e que, inocentemente, alimentamos a crença de que, anistiados, voltavam ao convívio e ao aconchego da Pátria para ajudar na construção do Brasil livre, desenvolvido e democrático que o desejo da maioria impunha construir.
Fomos nós, do Exército Brasileiro, que, como Soldados da Paz, arriscamos nossas vidas na África, no Timor Leste e na Bósnia. Fomos nós que, ao levarmos a paz e a solidariedade ao sofrido povo do Haiti, morremos com ele, soterrados no cumprimento do dever.
Fomos nós, do Exército Brasileiro, que conduzimos e executamos as operações que resultaram na retomada de áreas ocupadas por facínoras e traficantes no complexo de favelas do Alemão, devolvendo e assegurando àquelas comunidades os direitos de cidadãos que a covardia, a omissão, os interesses e a conivência de políticos, governantes e até de policiais lhes haviam tirado.
Este rápido, superficial e incompleto passeio pela história de nossos feitos, faz ver que nós, do Exército Brasileiro, desde Guararapes até o "Alemão" e a “Maré”, carregamos e continuaremos a carregar a herança desses fatos que não pertencem ao passado ou aos que lá estiveram naqueles momentos, mas a nós todos, soldados de ontem, de hoje e do amanhã, porque é herança de honra e de glória!
O que está feito não pode ser mudado e pertence a todos nós. Não há ordem, relatório ou desconforto, de quem quer que seja, que nos possa fazer esquecer ou ser menos orgulhosos dos feitos e fatos que compõem a nossa história, sob pena de termos que abdicar do orgulho de sermos nós, os do Exército Brasileiro!
Que viva a história! Que viva o inesquecível 31 de março de 1964!
 Gen Bda Paulo Chagas

quarta-feira, 18 de agosto de 2004

Nós, os covardes, por Rosane de Oliveira

O tom pode ter sido de brincadeira, mas o conteúdo da declaração do presidente Lula em Santo Domingo é inequívoco: - Vocês são um bando de covardes mesmo. Não tiveram coragem de defender o conselho nacional de jornalistas.
Ou seja: o presidente da República acha que foi por falta de coragem que não defendemos o monstrengo que o Palácio do Planalto patrocinou, atendendo à reivindicação da Federação Nacional dos Jornalistas.
No Aurélio, covardia e sinônimo de falta de coragem, medo, timidez, poltronice, fraqueza de ânimo, pulsilaminidade. A frase contém uma insinuação nas entrelinhas: a de que os jornalistas adorariam defender o projeto mas não o fazem por medo.
Se lesse o que o jornalista de norte a sul do Brasil têm escrito sobre esse projeto, o presidente saberia que não se trata de falta de coragem para defender a proposta. É convicção mesmo.
Talvez Lula tenha razão em um ponto: é medo também. Não medo de desagradar aos seus empregadores, como insinua, mas de ter o registro profissional cassado por colegas investidos no papel de juiz, decidindo o que é certo e o que é errado, como se jornalismo fosse uma ciência exata.
É verdade que muitos jornalistas ainda não tinham nascido e os sindicalistas já reivindicavam a criação de um conselho ou coisa parecida. Nunca se consultou um a um para saber o que achamos. Talvez por saberem que a maioria dos jornalistas em atividade não deu procuração à Fenaj para falar em seu nome, os presidentes que antecederam Lula nunca propuseram a criação de um conselho para “orientar, disciplinar e fiscalizar” a atividade jornalística.
Criticado pelos principais colunistas do país, o assunto começava a morrer. Até o presidente do PT, José Genoíno, tinha sugerido a retirada do projeto. O presidente boquirroto se encarregou de ressuscitá-lo.


Fonte: Coluna página 10, Zero Hora, página 8 de 18 de agosto de 2004.