Mostrando postagens com marcador Mercado das drogas deve ser regulado pelo Estado. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mercado das drogas deve ser regulado pelo Estado. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Mercado das drogas deve ser regulado pelo Estado, diz autoridade colombiana


 impactos na América Latina (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Evento internacional debate reformas da política global sobre drogas na América LatinaTânia Rêgo/Agência Brasil
O presidente da Comissão Consultiva para Política de Drogas do governo colombiano, Daniel Mejia, defendeu hoje (22) que os países assumam a função de regular o mercado de drogas tirando dos traficantes o controle sobre essa atividade. Mejia participa de um seminário, no Rio de Janeiro, promovido pela organização Open Society Foundations que discute a política global de drogas. Ele argumentou que a criminalização das drogas beneficia o tráfico e estruturas corruptas.
"O mercado é regulado por criminosos. O governo se recusa a reivindicar seu poder de regular", disse o presidente da comissão colombiana. "Há poucas pessoas que ganham muito dinheiro com isso e muitas pessoas que são prejudicadas", acrescentou.
No mesmo seminário, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso concordou com a posição de Daniel Mejia sobre a questão. Ele disse que a ausência da regulação do Estado deixa os usuários nas mãos do tráfico. "No Brasil, o acesso à droga é livre na mão do traficante e a pessoa está na mão do traficante. O Estado não pode deixar isso [acontecer]".
 impactos na América Latin, organizado pela Open Society Foundations (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Fernando  Henrique  destaca  que, antes de alterar
a legislação de combate às drogas, é preciso mudar
a  cultura  das  pessoas  Tânia Rêgo/Agência Brasil
Para o ex-presidente, a "guerra às drogas" promovida pelos governos federal e estaduais escolheu o inimigo errado. "Estamos combatendo fantasmas quando o verdadeiro inimigo é a falta de informação. É preciso reduzir o uso, reduzir a demanda, mas com campanhas.”
Fernando Henrique disse que o momento não é de propor o debate da regulamentação das drogas no Congresso. É preciso que a discussão se amplie na sociedade. "É preciso mudar a cultura e depois mudar a lei", disse. "Há preconceito no meio político de que a sociedade é mais conservadora do que ela é."
A ex-presidenta da Confederação Suíça, Ruth Dreifuss, defendeu a troca de experiências entre programas locais e nacionais para modernizar a política de drogas enquanto o cenário internacional impede uma mudança global no curto prazo. Ela argumentou que mesmo países contrários a qualquer mudança de regulação das drogas, como a China e parte das nações árabes, estão reconhecendo que precisarão implementar outras medidas para diminuir os danos causados pela dependência química e pela violência. 
Ruth Dreiffus explicou que na Suiça os dependentes químicos podem ter acesso a doses controladas de drogas com supervisão profissional, como parte do tratamento para reduzir o uso. Para ela, a criminalização das drogas e a repressão aos usuários cria um problema social de violência do Estado contra minorias e pessoas mais pobres em todo o mundo.
Doutor em ciência política pela Universidade de Harvard, Ethan Nadelmann argumenta que nunca houve na história da humanidade uma sociedade que não tenha convivido com drogas. "Precisamos aprender a conviver com a realidade das drogas e com formas de ter menores danos. Reduzir a violência, a morte, a dependência, as doenças e o encarceramento", defendeu o americano, que é diretor executivo da organização Drug Police Alliance, que propõe mudanças no combate às drogas nos Estados Unidos.