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sábado, 8 de agosto de 2015

Lucrativas, Sulgás e CRM na lista de vendas

Empresas integram pacote de privatização que interessa ao mercado

Flávia Bemfica

Na área de infraestrutura, o interesse da iniciativa privada no programa de venda de ativos a ser lançado pelo governo só Estado vai além das empresas públicas mais conhecidas como a Corsan e a CEEE. A Sulgás e a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) são apontadas como altamente atrativas. Ambas atuam no setor de energia e são lucrativas, o que, por si só, já explica o interesse dos investidores.
A Sulgás registrou receita bruta de R$ 1,04 bilhão e lucro líquido de R$ 53,3 milhões em 2014. Hoje, atende a 20 mil clientes, a maioria residenciais, em 38 municípios, e investe na ampliação da rede, como ocorre em Porto Alegre. Mas o combustível que importa da Bolívia pelo gasoduto e vende o gás natural, é estratégico para o setor industrial, onde a projeção de expansão é concreta: nos próximos anos o RS vai receber seu primeiro terminal de regaseificação (que converte gás natural liquefeito em gás natural).
A CRM, que tem reservas nas cidades de Candiota, Minas o Leão e Cachoeira do Sul viu suas perspectivas mudarem recentemente, quando o carvão voltou a ser colocado nos leilões de energia. O RS tem cerca de 80% do carvão mineral do país, e a CRM detém o potencial equivalente a 3 bilhões de toneladas do minério. Pelo menos quatro investidores privados são apontados como interessados em sua venda de ativos: a gaúcha Fagundes Construção e Mineração, a Tractebel, maior geradora privada de energia do Brasil, a Copelmi e o grupo alemão E.ON (mesmo que tenha anunciado recentemente a suspensão de seus investimentos no país).

As empresas

Sulgás

É a concessionária exclusiva para a distribuição do gás natural proveniente da Bolívia no RS pelos próximos 25 anos. A empresa é uma sociedade de economia mista na qual o governo gaúcho detém 51% das ações e a Petrobras Gás (Gaspetro) os outros 49%. Os investidores privados pretendem chegar à empresa de duas formas: tanto pela venda de ativos a ser promovida pelo governo de José Ivo Sartori (PMDB) como por meio da Gaspetro, já que a Petrobras está se desfazendo de uma série de ativos e o mercado especula há meses que ela pode incluir a Gaspetro nestas operações. No formato atual, as ações em poder do governo gaúcho são cotadas em aproximadamente R$ 500 milhões. O valor é apontado como muito inferior à projeção do lucro estimada para os próximos 25 anos da concessão.

CRM

Assim como a Sulgás, também é uma empresa de economia mista, mas na qual mais de 99% das ações pertencem ao governo do Estado. Trabalha com um combustível apontado como farto e barato e, mesmo que a produção das termoelétricas à carvão represente hoje cerca de 1,5% do sistema elétrico nacional, as perspectivas são muito boas. Há tecnologia para produção com menores danos ao meio ambiente e em outros países já é realizada a gaseificação do carvão. Um exemplo do interesse dos investidores privados está no projeto em curso em Candiota. Após vencer o leilão no ano passado, a Tractebel construirá até 2019 uma usina de 340 megawatts, que inicialmente será abastecida pela Copelmi.


Fonte: Correio do Povo, página 4 de 27 de julho de 2015.