Da Agência Lusa
A presidência da Rússia afirmou hoje (21) que o inquérito britânico admitindo um eventual envolvimento de Vladimir Putin na morte do ex-espião da KGB Alexandre Litvinenko parece ser uma “piada”. Em declarações aos jornalistas, o porta-voz do Kremlin (sede da presidência russa), Dmitri Peskov, disse que faltam provas concretas no processo.
“O mais provável é que isso possa ser atribuído ao humor britânico”, ironizou o representante russo, lembrando que o processo foi feito a partir “de informações confidenciais de serviços secretos não identificados”.
As conclusões do inquérito “foram realizadas com base em informações pouco convincentes, com um uso abundante de palavras como possivelmente e provavelmente”, acrescentou Dmitri Peskov.
“Tal terminologia não é permitida na nossa prática judicial ou na prática judicial de outros países. Certamente o inquérito não pode ser considerado por nós como um veredicto em qualquer de suas partes”, acrescentou.
As conclusões do inquérito oficial sobre a morte de Alexandre Litvinenko, divulgadas nesta quinta-feira por um juiz britânico, revelam que o presidente russo, Vladimir Putin, "provavelmente aprovou" o assassinato em Londres do ex-espião da KGB, executado por dois agentes russos.
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Alexandre Litvinenko, de 43 anos, morreu envenenado por polônio no fim de novembro de 2006, três semanas após um encontro no Millennium Hotel, no centro de Londres, com dois ex-agentes russos, Andrei Lugovoi - atualmente deputado de um partido nacionalista - e Dmitri Kovtun, empresário.
"A operação do Serviço Federal de Segurança da Federação Russa (FSB, ex-KGB) foi provavelmente aprovada por Patruchov (Nikolai Patruchov, ex-chefe do FSB) e também pelo presidente Putin", disse o juiz Robert Owen.
“Tenho certeza de que Lugovoi e Kovtun colocaram o polônio 210 no bule (de chá) em 1º de novembro de 2006. Tenho certeza de que fizeram isto com a intenção de envenenar Litvinenko", afirmou o magistrado.
Lugovoi e Kovtun rejeitaram qualquer implicação na morte de Litvinenko, denunciando as acusações “absurdas” e as provas “fabricadas” pela Justiça britânica.
O porta-voz do Kremlin disse ainda que este “quase inquérito”, que ocorreu à porta fechada por ordem do governo britânico, é suscetível de prejudicar as já tensas relações entre Moscou e Londres.
Conforme Dmitri Peskov, o processo só poderá “adicionar mais veneno para a atmosfera das relações bilaterais” dos dois países.
Após a divulgação das conclusões do inquérito, o governo britânico decidiu convocar o embaixador russo em Londres.
Para o porta-voz do Kremlin, a convocação do representante russo é uma “prática diplomática normal”. Peskov informou que Moscou tentará responder às possíveis questões colocadas por Londres no seguimento do inquérito.