Estudo diz que tecnologias estão em estágio inicial na Educação Básica do país
Apesar de 99% das escolas públicas possuírem computadores e 95% delas, acesso à Internet, só 7% dos alunos dizem fazer uso da rede nas unidades de Ensino. É o que apurou a pesquisa do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Columbia sobre “Aprendizagem Móvel no Brasil”, realizada de julho a setembro de 2014. De acordo com o estudo, o uso das tecnologias na Educação Básica brasileira ainda está nos “primeiros estágios de desenvolvimento”.
Problemas como a baixa velocidade da Internet nas escolas foram detectados, mas o principal se refere ao conteúdo digital e à preparação dos professores para lidar com a novidade. “Para alias as tecnologias ao Ensino é preciso pensar em infraestrutura, conteúdo digital e capacitação. Em todos esses itens é preciso melhorar, sobretudo nos dois últimos”, disse Gustavo Azenha, diretor do Centro.
De acordo com a pesquisa, 48% dos professores da rede pública disseram ter aprendido a usar o computador e a Internet sozinhos. Dos 52% que fizeram cursos específicos 22% cursaram aqueles oferecidos pelo governo, e 11% os da escola. O estudo apontou ainda que o conteúdo digital não é “pensado” para ser integrado aos currículos educacionais. “As iniciativas são preparadas por profissionais da área de tecnologia e, assim, o conteúdo dificilmente tem apoio pedagógico que possa complementar o que é ensinado no dia a dia.”
Gustavo acrescenta que o fato de 7% dos alunos e 9% dos professores terem dito que acessam à Internet na escola mostra que as tecnologias ainda estão restritas ao uso administrativo e às salas de informática. “O motivo apontado é que a banda de Internet não é suficiente para uso geral”, explicou.
Investir em tecnologias não é prioridade
A pesquisa do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Columbia sobre “Aprendizagem Móvel no Brasil”, feita com gestores de secretarias de Educação, aponta a importância das tecnologias para o Ensino, mas indica que não é a prioridade das gestões. “Com limitações de orçamento, optar por investir em tecnologia é uma difícil decisão e, apesar de ser aspirada por muitos gestores, não figura no topo das demandas mais urgentes.
A falta de prioridade nesse investimento também é justificada, por uma minoria, pelo pouco retorno direto na aprendizagem”, diz o estudo. Do orçamento total das secretarias da Educação, o investimento em tecnologias (equipamentos, serviços de Internet e infraestrutura) é, em média, de 2%. “como falta de um planejamento dirigido para esse investimento, ainda não conseguimos medir o impacto das tecnologias na Educação pública”, disse Gustavo Azenha, diretor do Centro. A pesquisa analisou escolas públicas municipais e estaduais em Brasília, Curitiba, Goiânia, Manaus, Rio, Salvador e São Paulo.
Fonte: Correio do Povo, página 5 de 27 de setembro de 2015.