Protestos
a favor e contra exigências de credores antecedem o referendo
Atenas
– Duas manifestações tomaram conta de Atenas ontem.
Apoiadores da opção “sim” no referendo que se realiza neste
domingo se reuniram com faixas e bandeiras seguidos por outro
protesto a favor do “não”. No referendo, os gregos deverão
dizer se aceitam ou não as exigências dos credores da Grécia
(Fundo Monetário Internacional, União Europeia e Banco Central
Europeu) em troca de ajuda financeira. Entre as medidas de aperto
estão aumento de impostos e cortes na aposentadoria.
A
votação pode decidir se a Grécia receberá outro resgate
financeiro em troca de mais medidas de aperto ou se mergulha ainda
mais fundo em uma crise econômica. Também pode determinar se a
Grécia se tornará o primeiro país a deixar o bloco europeus de
moeda única formado por 19 nações, cuja adesão deveria ser
irrevogável. Em Atenas, em discurso para mais de 20 mil pessoas, o
primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, voltou ontem a pedir que o
povo não aceite as medidas de austeridade apresentadas pelos
credores.
O
premiê usou palavras fortes para se referir aos alertas dos credores
de que a Grécia pode ser expulsa da zona do euro caso não aceite as
medidas de austeridade propostas. Ele pediu à população que vote
por um “orgulhoso não” contra “ultimatos” e “contra
aqueles que querem aterrorizar vocês”. Tsipras acusou, ainda os
credores de “chantagem” ao segurarem o crédito.
Segundo
o jornal britânico Financial Times, os bancos gregos planejam um
confisco de depósitos em meio ao temor de um colapso no sistema
financeiro. A notícia, publicada dois dias antes do referendo, foi
prontamente desmentida pela Associação de Bancos da Grécia, para
quem a informação é “completamente infundada”.
Para
o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, um plano de
contingenciamento da Grécia, que incluiria o confisco de depósitos
bancários, é um “boato malicioso”. Varoufakis ousou sua conta
no Twitter para desmentir a notícia. Segundo o jornal, o governo de
Atenas teria um plano de contingência que incluiria a retenção de
até 30% dos depósitos bancários superiores a 8 mil euros.
Fonte:
Correio do Povo, página 6 de 4 de julho de 2015.