Mostrando postagens com marcador Em carta. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Em carta. Mostrar todas as postagens

sábado, 28 de novembro de 2015

Em carta, Persio Arida diz que BTG não é alvo de investigação

O presidente interino do banco BTG Pactual, Persio Arida, em carta a clientes, disse que a instituição não é alvo de nenhuma investigação ou acusação. Na carta, Arida afirma que escreve para compartilhar as medidas que o banco tomou, nos últimos dias, diante das notícias envolvendo o presidente-executivo André Esteves, preso no dia 25, na Operação Lava Jato.
“Os resultados divulgados no 3º trimestre deste ano foram excelentes, as perspectivas que se abrem com a internacionalização do Banco – que hoje tem menos de 40% de sua receita vinda do Brasil – são muito promissoras e a expansão das nossas operações na América Latina e na Suíça, através do BSI [banco suíço controlado pelo BTG], está indo muito bem”, ressaltou Arida, que foi um dos idealizadores do Plano Real e presidente do Banco Central.
O presidente interino acrescentou que o banco é sólido e encontra-se em uma posição de robustez financeira. Arida acrescenta que o banco está colaborando com as autoridades brasileiras encarregadas da condução do inquérito e mantendo um contato proativo com os reguladores de todos os países em que o banco tem presença. “Além disso, lançamos um programa de recompra das ações do banco. E, finalmente, estamos promovendo, com a participação de membros independentes do nosso Conselho de Administração, uma revisão dos fatos relacionados às acusações feitas contra o Sr. Esteves para assim garantir que todos os assuntos sejam esclarecidos da forma mais rápida possível."
Arida disse, no comunicado, que mais de 80% das ações do banco são detidas pelo grupo de mais de 200 sócios do banco. “Continuamos gerenciando o BTG Pactual como sempre o fizemos. Gostaríamos de agradecer aos nossos stakeholders [público estratégico], sem os quais não teríamos chegado até onde chegamos, pela sua confiança e parceria ao longo de todos esses anos."
Investigados pela Operação Lava Jato, André Esteves e o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) foram presos na última quarta-feira (25), acusados de atuarem para obstruir a investigação e tentar fazer o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró desistir do acordo de delação premiada.
Com a prisão, Esteves que era o 13º mais rico do Brasil, com fortuna estimada em R$ 9 bilhões, caiu para a 15ª posição, no ranking da Forbes. Agora, tem fortuna estimada em R$ 7,6 bilhões.
As ações do BTG Pactual estão caindo desde o dia 25. Hoje, às 13h20, as ações da instituição financeira caíam 2,74%. Ontem (26), os papéis do banco caíram 2,87%, depois de perder 21,01%, na quarta-feira.
Nessa quinta-feira (26), a agência de classificação de risco Moody's colocou em revisão para rebaixamento o perfil de risco de crédito individual do BTG Pactual (BAA3) e suas notas (ratings), devido à prisão do presidente-executivo e controlador da instituição. Para a Moody's, a prisão pode gerar impactos na relação do banco com os clientes e parceiros. A agência disse acreditar que, enquanto permanecer a situação, cuja duração é incerta, pode haver implicações negativas para o BTG, que depende de captação de recursos no mercado. “Ao mesmo tempo, notamos que BTG tem mantido uma grande quantidade de ativos líquidos [que podem ser vendidos rapidamente] em seu balanço, uma estratégia que se destina a equilibrar a sua inerente dependência de captação no mercado e a riscos de liquidez”, informou a agência.
A agência Fitch Ratings também colocou, ontem, o BTG Pactual e as entidades relacionadas ao banco em observação negativa. Segundo a agência, a observação negativa reflete os riscos do possível impacto financeiro nos negócios do BTG Pactual. “As reações dos bancos que concedem linhas de financiamento ao BTG Pactual, dos clientes e das contrapartes ainda são incertas, mas a agência avaliará a materialidade do impacto a curto e a médio prazos”, disse a Fitch. A agência lembra que o BTG Pactual nomeou o executivo Persio Arida como presidente-executivo interino, mas a Fitch diz que reconhece a importância de André Esteves como “atuante e carismático, com destacada atuação nas operações e na expansão do banco — o que traz incertezas sobre uma sucessão tranquila, caso seja necessária."
O BTG Pactual é um banco de investimentos listado e controlado por uma sociedade de executivos. O BTG Pactual tem sede no Brasil e atuação em vários países como Colômbia, México, Estados Unidos, Reino Unido e China. A instituição tem R$ 302,8 bilhões em ativos, de acordo com o último balanço do banco, referente a setembro.
Entre as áreas de atuação do banco, está o investimento em empresas como sócio. Com essa estratégia, o BTG Pactual tornou-se sócio da Sete Brasil, empresa investigada na Operação Lava Jato. A companhia foi criada para administrar sondas de perfuração próprias e contratadas para a Petrobras usar na exploração das descobertas de petróleo em águas profundas da camada do pré-sal. O banco também tem participação no Banco PanAmericano, entre outras empresas.
O BTG Pactual é gestor de fundos de investimentos, atua no mercado de capitais, em operações com títulos de renda fixa e variável e também em fusões e aquisições de empresas. A instituição atua ainda nas áreas de câmbio e commodities (produtos primários com cotação internacional) e na gestão de fortunas.