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segunda-feira, 15 de junho de 2015

Dr. Basegio, por Rogério Mendelski

Como na vida de qualquer ser humano, surpresas fazem arte dela. E se a nossa vida fosse um parágrafo literário, as surpresas boas não passariam de vírgulas separando-as das más. Estas, queiramos ou não, formam o conjunto da obra e cabe a nós administrá-las e torná-las suportáveis.
Há quem defina essa situação – as surpresas ruins de uma existência – como inferno astral, azar, infortúnio, maldição, desgraça, praga. São constatações que às vezes aliviam a pressão sobre quem passa por esses maus momentos. No entanto, quando temos a chance de ponderar sobre a Lei de Murphy - “se algo pode dar errado, dará” - ,o melhor é não arricar. É aí que entra o dr. Basegio.
O deputado federal Diógenes Basegio (PDT) foi manchete nacional acusado por um ex-assessor, Neuromar Gatto, de ficar com parte do salário de seus funcionários, de ter servidores fantasmas e até de fraude no odômetro (aumento da quilometragem) de um veículo de seu gabinete.
Cobrar pedágio dos salários de servidores contratados (Ccs), diz a lenda, é algo recorrente nos parlamentos brasileiros, em todas as instâncias. Provar isso não é fácil, pois a lenda só adquire alguma veracidade quando tal parceria, quando existe, é rompida.
As causas dessa ruptura de confiança ocorrem por demissões inesperadas ou por brigas pessoais e até por rusgas financeiras. Lendas mais picantes acrescentam sexo nos roteiros dos desentendimentos.
O dr. Basegio, no decorrer da situação que anima as tardes monótonas da Assembleia do RS, é inocente até que se promove a acusação na Comissão de Ética e depois em outras instâncias, culminando com um provável julgamento em plenário pela cassação, ou não, de seu mandato.
Às vezes, uma corporação para se preservar é obrigada a entregar um de seus membros. No populacho, “entregar os anéis para não perder os dedos”. O dr. Basegio deve estar precisando de stilnox para dormir.

É do ano passado

O Ministério Público Estadual estava com todas as denúncias desde o ano passado. Gatto foi até ouvido na Procuradoria-Geral de Justiça. O real motivo da quebra de amizade entre o dr. Basegio e Neoromar Gatto poderá ser esclarecido durante os depoimentos na Comissão de Ética.

Lei de Murphy (1)

O criador dessa lei foi o capitão da Força Aérea americana Edward Murphy, e também a primeira vítima conhecida de sua própria lei. Ele era um dos engenheiros envolvidos nos testes sobre os efeitos da desaceleração rápida em piloto de aeronaves. Para poder fazer essa medição, construiu um equipamento que registrava os batimentos cardíacos e a respiração dos pilotos.

Lei de Murphy (2)

O aparelho foi instalado por um técnico, mas simplesmente ocorreu uma pane, com isso Murphy foi chamado para consertar o equipamento, descobriu que a instalação estava toda errada. Daí formulou a sua lei que dizia: “se alguma coisa tem a mais remota chance de dar errado, certamente dará”.

Lei de Murphy (3)

quem se arrisca a pedir “parceria” em salário de assessor, mesmo que muitos cometam essa irregularidade, corre o risco de tudo dar errado. A Lei de Murphy não foi revogada. É cláusula pétrea entre os praticantes da contabilidade paralela.


Fonte: Correio do Povo, edição de 11 de junho de 2015, página 6.