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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Dia D para os planos do governo, por Lúcio Machado Borges*


Depois de aprovarem na última quarta-feira o projeto de alterações na previdência e outras propostas que integram os pacotes de ajuste fiscal do governo, com as galerias vazias e sem a presença das bancadas do PT e do PSol, aliados do governo precisam estar preparados para clima bem mais adverso na sessão de hoje. Na pauta, estão os projetos de extinção das fundações de Esporte e Lazer e de Produção e Pesquisa em Saúde – com possibilidade de flexibilização em relação ao regime de urgência – e o de elevação de alíquotas do ICMS, que deve ser modificando para atender a reivindicações de aliados, que querem estabelecer prazo de vigência de três anos. Além da presença de sindicalistas e de empresários, contrários ao aumento do imposto e de manifestações do lado de fora do prédio, deputados do PT e de outros partidos da oposição prometem se revezar na tribuna para criticar aliados e a gestão de Sartori. Mesmo que se confirme nas galerias a esperada presença de apoiadores da proposta de elevação do ICMS, como a de prefeitos, que no caso de aprovação terão reforço de mais de R$ 700 milhões nos caixas municipais, os adversários devem fazer mais barulho e maior pressão sobre parlamentares. O governo, por sua vez, reconhece as dificuldades, mas está convicto de que conseguirá os votos necessários apostando no discurso de que não há outra saída a curto prazo.


Possibilidades


Aliados do governo poderão adotar duas posturas em relação à estratégia da oposição, de se revezar na tribuna com críticas para tentar ampliar o desgaste político na votação do projeto de aumento do ICMS: ou não responderem às acusações para abreviar as discussões, como fizeram na análise da Lei de Diretrizes Orçamentárias, ou utilizar como artilharia as medidas colocadas em prática pelo governo federal, também integradas por aumento de impostos. Até ontem à tarde, a tendência era a de que aliados irão optar pelo silêncio.


Cálculos


Cálculos feitos nos bastidores não descartam a possibilidade de que ocorra empate na votação do projeto do ICMS. Nesse caso, caberá ao presidente da Assembleia, Edson Brum, do PMDB, partido fo governador José Ivo Sartori, o voto de minerva. Em entrevista ao programa “esfera Pública”, da Rádio Guaíba, Brum afirmou que não antecipará sua decisão. A expectativa, no entanto, é a de que em caso de empate, Brum se posicionará a favor do governo, pois impedir o aumento do imposto, o que, segundo o Executivo, pode ser decisivo para inviabilizar o Estado, representaria maior desgaste político pessoal.


PT nacional destaca entrevista de Ibsen


A entrevista do deputado estadual gaúcho Ibsen Pinheiro ao jornal Valor Econômico ganhou destaque no portal do PT nacional. Presidente da Câmara no episódio do impeachment de Fernando Collor de Mello, Ibsen afirmou que as circunstâncias atuais são distintas. O peemedebista destacou que o país passa por uma crise econômica, mas que não há “impressões digitais de um crime”. “Se não existissem essas impressões digitais em 1992, dificilmente Fernando Collor teria sido afastado, ainda que houvesse outros elementos”, disse Ibsen.


Além do devido


Segundo o processo em andamento no Tribunal de Contas, resultado da inspeção especial sobre os pagamentos da Parcela Autônoma de Equivalência (PAE) no Tribunal de Justiça, foram identificados, por amostragem, casos de magistrados que, pelos cálculos da auditoria, já receberam valores superiores ao devido e continuam sendo beneficiados com parcelas mensais.


Recado dado


Tradicionalmente, a Polícia Federal tem muita criatividade para batizar suas operações. Nenhum nome, no entanto, pareceu mais adequado e indicativo do que o escolhido para a 19ª fase da Lava Jato, deflagrada ontem: “Nessun Dorma”, que em bom português significa “ninguém dorme”.


Apartes


O PT votará a favor de pelo menos três projetos dos pacotes de ajuste dos depósitos judiciais e o de redução do enquadramento de RPVs, que o partido pretende alterar de 40 para dez salários mínimos ao invés de sete, como propõe o Executivo.





Fonte: Correio do Povo, página 4 de 22 de setembro de 2015.