Enquanto
o advogado Rogério Buratti confirmava ontem, na CPI dos Bingos, a
declaração dada à revista Veja de que ficou sabendo do suposto
envio de dinheiro cubano ao Brasil por informações do ex-secretário
municipal da Fazenda de Ribeirão Preto Ralf Barquete, morto no ano
passado, o economista Vladimir Poleto entrava em contradição.
Poleto foi assessor da prefeitura comandada, na época, pelo ministro
da Fazenda, Antonio Palocci, sustentou até o fim do depoimento que
não se lembrava da entrevista gravada e apresentada na própria CPI.
Diante
das declarações, os senadores aprovaram dois requerimentos pedindo
ao Ministério Público e à Polícia Federal o indiciamento e a
prisão preventiva do economista. Poleto usou i direito, garantido
por habeas corpus, de
não responder às perguntas dos senadores.
Mais
revelações
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Após
falar sobre supostos recursos enviados por Cuba à campanha de
Lula em 2002, o advogado Rogério Buratti pós ainda mais pólvora
na crise ao afirmar que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci,
sabia da suposta doação não declarada feita também por donos
de bingos de São Paulo à campanha do presidente
Palocci
fica em situação ainda mais delicada se for considerado o relato
de uma testemunha, mantida em sigilo, ao Ministério Público.
Segundo esse depoimento, um empresário seria o responsável por
suposta arrecadação de dinheiro em nome de Palocci. A doação
de R$ 1 milhão teria sido feita por dois empresários angolanos,
donos de bingos. O mesmo empresário também seria um personagem
da denúncia sobre o governo de Cuba. Teria cedido o carro
blindado que transportou em São Paulo três caixas de uísque
ode, segundo a Veja, estariam 1,4 milhão de dólares ou 3 milhões
de dólares, conforme a versão. Buratti afirmou ter ouvido os
relatos sobre Cuba, mas disse que não participou da operação.
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'Excesso
de álcool'
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O
economista Vladimir Poleto afirmou, em depoimento na CPI dos
Bingos, que o jornalista da revista Veja mentiu em todas as
denúncias publicadas sobre a remessa de dinheiro por Cuba à
campanha presidencial em 2002. Ao mesmo tempo, declarou que estava
bêbado e que a entrevista para a Veja foi gravada durante dez
minutos, em um churrasco, “entre uma cachaça e outra”. Poleto
foi desmentido pela gravação da entrevista, em que dá detalhes
da operação. Depois de negar por quase duas horas as declarações
sobre o voo de Brasília a Campinas em que teria transportado o
dinheiro supostamente enviado pelo governo cubano, Poleto foi
desmentido por sua própria voz, que estava gravada, e se deparou
com senadores furiosos, que o acusavam de mentir de forma
deslavada. “Não me recordo se fiz declarações e, se fiz,
foram falsas, inverídicas, fruto de coação e de excesso de
álcool”, admitiu, por fim. Só escapou da prisão em flagrante
porque estava protegido por habeas corpus, mas
sua prisão preventiva foi solicitada.
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Fonte: Correio do Povo, capa da edição
de 11 de novembro de 2005.