Cenário
de dificuldades n setor metalmecânico de Santa Rosa preocupa
trabalhadores e representantes da indústria
Felipe
Dorneles
O
quadro de cerca de mil demissões no setor metalmecânico de Santa
Rosa traz preocupações para os trabalhadores e a indústria. Os
dados indicam crise similar à maior já registrada na história da
região, em 2008. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da cidade,
apenas neste ano, 581 demissões foram homologadas na entidade. O
presidente, João Roque dos Santos, lembra que os desligamentos de
menos de um ano de trabalho não precisam passar pelo sindicato. Por
isso, o número passa de 900”. “A situação só não é pior
pois a indústria de alimentação vive um bom período e acaba
absorvendo essa mão de obra”, destaca.
A
avaliação da categoria é que a alta taxa de juros para compra de
máquinas e implementos agrícolas é um dos fatores que levou à
crise. “Nem com o lançamento do Plano Safra a situação ameniza.
A esperança é que a compra de máquinas seja retomada, mediante a
redução na taxa de juros.” O dirigente diz que, além das
demissões, empresas reduzem a jornada diária ou suspendem um dia de
trabalho na semana. Hoje, a negociação da categoria com a indústria
está focada no aumento do salário-base de acordo com a inflação
acumulada, de 8,34% mais 3%.
O
presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e
de Material Elétrico de Santa Rosa (Simmme-SR), Paulo Cesar Kurylo,
diz que o cenário vai além das demissões. “As indústrias não
investem mais e o faturamento caiu pela metade”, revela. Ele conta
que o quadro pessoal reduziu em 40%, de maio de 2014 para o mesmo mês
deste ano, e que o problema é a crise financeira do Brasil. O
presidente diz que há grande insegurança do investigador agrícola.
“O juro está alto e ele sabe que vai baixar. Pode demorar, mas vai
baixar. Então, espera para comprar uma máquina nova e reforma a que
tem, para comprar no próximo ano, quando o juro estiver baixo. Isso
afeta toda a produção.”
Kurylo
afirma que a crise é interna, com expectativa de mudança apenas em
2017. O Simmme-SR responde por mais de 200 empresas na região, em
Santa Rosa, Horizontina, Três de Maio, Santo Cristo, Giruá,
Tuparendi e Tucunduva. Segundo o sindicato, de um quadro de 2,8 mil
postos, mil já estão desocupados.
Saldo
negativo
Pesquisa
divulgada pela Unijui a semana passada registra redução de postos
de trabalho em Santa Rosa. Com base no Cadastro Geral de Empregos
(Caged), o levantamento aponta que, pela primeira vez, nos últimos
10 anos, houve saldo negativo nas ocupações. Nos cinco primeiros
meses de 2015, foram admitidos 4.254 pessoas e demitidas 4.590, um
saldo negativo de 336 vagas. Com cerca de 70 mil habitantes, o
município tem 22.637 moradores com vínculo empregatício formal.
Segundo a pesquisa, os setores da construção civil, comércio e
serviços são os únicos que acumulam saldo positivo.
Fonte:
Correio do Povo, página 12 de 4 de julho de 2015.