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sábado, 27 de dezembro de 2014

Idec lança campanha sobre a importância de conhecer a origem dos alimentos

O Instituto de Defesa do Cosumidor (Idec) lança campanha para mostrar a importância de se conhecer a origem dos alimentos. Segundo o Idec, no Brasil, os compradores têm muito pouco acesso a questões como: região onde o alimento foi produzido, em que condições isso foi feito e quais substâncias foram usadas durante a cadeia produtiva, até chegar ao supermercado.

Planaltina/DF - Estrangeiros conhecem experiência brasileira de distribuição de alimentos, desenvolvidas pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) (Antonio Cruz/Agência Brasil)

A prática de rastrear e informar ao consumidor dados sobre a origem do produto já existe em diversos países, sobretudo na Europa)Antonio Cruz/Agência Brasil

"Saber de onde vêm os alimentos significa saber informações sobre como o alimento foi plantado, se foi ou não usado agrotóxico e se a quantidade usada está dentro do limite estabelecido por lei, saber a distância entre onde o alimento foi produzido e onde está sendo vendido, pois quanto mais próximo, mais fresco e menos poluentes são emitidos no transporte", explica a nutricionista do Idec, Ana Paula Bortoletto.

A campanha De onde vem? visa a promover a rastreabilidade dos alimentos, uma questão que ainda não foi regulada no Brasil. Algumas redes de supermercados e produtores têm iniciativas próprias para fornecer essas informações. Segundo Ana Paula, a prática já existe em diversos países, sobretudo na Europa, que divulga, inclusive, o nome do produtor dos alimentos. De acordo com a nutricionista, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) discute ainda internamente uma regulação para o país.

O objetivo da campanha do Idec é conscientizar o consumidor: "o consumidor pode buscar infomação no próprio supermercado, pois ele tem que controlar a origem do alimento para, no caso de haver alguma contaminação, identificar facilmente onde está o problema e tirar o produto de circulação. O consumidor pode também cobrar mais informações do supermercado. Além disso, quando vier a público a dicussão sobre a regulamentação pela Anvisa, o consumidor poderá apoiar a iniciativa", acrescenta Ana Paula.

O ideial, segundo o Idec, é que as gôndolas dos supermercado indiquem o produto, a variedade, o produtor e o centro de distribuição - quando houver, CPF/CNPJ, endereço, data de produção, lote e se houve uso ou não de agrotóxicos.

O instituto realizou pequisa que mostra que o principal problema está nos alimentos a granel, apenas 0,06% dos alimentos apresentam alguma informação ao consumidor. Entre os alimentos embalados, são 42,6%. Os alimentos orgânicos estão em vantagem e somam 56,5% contra 28,7% dos convencionais.

Em vídeo no Youtube, a jornalista Francine Lima, criadora do canal Do Campo à Mesa, que debate a composição nutricional dos alimentos industrializados apresenta outra forma de rastrear a origem dos alimentos usando smartphones com acesso à internet, que pode se somar aos cartazes.

Alguns produtores já usam a tecnologia e colocam nas embalagens uma etiqueta com links ou códigos que permitem acessar informações sobre os alimentos. "Os sistemas de rastreamento servem para contar a história de vida do alimento. No caso da carne rastreada, o sistema pode contar em qual fazenda o boi viveu, o que ele comeu, em qual abatedouro e quando ele morreu, quando ele foi entregue no supermercado. Todas essas informações sobre a vida do boi ficam registradas no sistema de computador que pode ser acessado via internet", explica a jornalista. O mesmo se aplica a frutas e verduras e outos alimentos.

 

 

Agência Brasil

 

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Ebola: epidemia assola Oeste africano e coloca mundo em alerta

 

Leandra Felipe* - Correspondente da Agência Brasil/EBC Edição: Valéria Aguiar

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O surto de ebola que atingiu a África Ocidental este ano foi considerado o maior da história desde o descobrimento da doença, em 1976. O primeiro caso ocorreu em dezembro de 2013, na Guiné, mas só foi identificado em março. A doença espalhou-se pelos países vizinhos Serra Leoa e Libéria, pela Nigéria e pela República Democrática do Congo (onde foi localizada uma cepa diferente do vírus). Desde então, a Organização Mundial da Saúde (OMS) contabilizou 7.518 mortos e um total de 19.340 casos. Casos também foram registrados na Espanha e nos Estados Unidos e, em outubro, foi identificado um no Mali.

epa04335085 A Liberian street vendor wears protective gloves as a precaution to prevent infection with the deadly Ebola virus while transacting business with customers in downtown Monrovia, Liberia 29 July 2014. Many L

Vendedora de rua na Libéria usa luvas protetoras para prevenir infecção pelo vírus EbolaAhmed Jallanzo/EPA/Direitos Reservados/Agência Lusa

A OMS informa que o número é provavelmente muito maior do que o oficialmente reportado. Para a organização, isso se deve à resistência por parte da comunidade em informar sobre os casos e também à deficiência no sistema de saúde dos países mais afetados.

Além das mortes, o surto estigmatizou os países atingidos e trouxe problemas econômicos para essas regiões. Um relatório divulgado pelo Banco Mundial (Bird) em setembro mostrou que a economia dos três países mais atingidos, a Guiné, a Libéria e Serra Leoa, poderia acumular perdas de cerca de US$ 2 bilhões.

O documento diz que se a epidemia não for contida em breve, o impacto econômico negativo no próximo ano pode ser oito vezes maior do que se ela for controlada. O preconceito e o “pânico” gerado pela rápida propagação do vírus na região estigmatizou e isolou os habitantes dos países mais afetados.

Fronteiras de países vizinhos foram fechadas e o fluxo de viajantes para a região caiu drasticamente, apesar de a OMS ter anunciado por diversas vezes que não havia nenhum tipo de restrição de viagens aéreas para esses locais. Também foram feitos cancelamentos de voos, o que não ajudou a controlar a doença – ao contrário, impediu a chegada de profissionais e materiais de saúde para cuidar dos doentes.

O primeiro caso do atual surto de ebola foi identificado em uma criança de 2 anos, em uma pequena vila de Guéckédou, na Guiné. A criança morreu em dezembro de 2013, mas somente em março o caso foi reconhecido. A mãe, a irmã e a avó também foram contaminadas e morreram. No dia 19 de março, o governo da Guiné informou sobre o surto e, seis dias depois, a OMS se manifestou a respeito da doença, com base nos casos da Guiné, Libéria e de Serra Leoa.

epa04339981 A photograph made available 03 August 2014 shows a Liberian nurse in protective clothing being sprayed with disinfectant after preparing several bodies of victims of Ebola for burial in the isolation unit of

Enfermeiro da Libéria passa por descontaminação após ter contato com corpos de vítimas do ebola Ahmed Jallanzo/EPA/Agência Lusa/ Direitos Reservados

Saiba Mais

A primeira morte na Nigéria foi detectada em julho. O vírus chegou ao país por um cidadão liberiano contaminado e que morreu em Lagos. Em agosto, o Senegal confirmou o primeiro caso. E, em setembro, um liberiano, 42 anos, viajou da Libéria para o Texas, nos Estados Unidos. Quando compareceu ao hospital com os primeiros sintomas da doença, foi liberado e teve prescrição de antibióticos.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos reconheceu que houve erro no protocolo de atenção, que não considerou que ele era um viajante da Libéria – região afetada. Por isso, o paciente não foi isolado no começo da infecção. Cerca de 40 pessoas que tiveram contato com ele estiveram em quarentena, mas nenhum desenvolveu a doença.

Duas enfermeiras que cuidaram do liberiano no Hospital do Texas desenvolveram a doença, mas foram tratadas e se recuperaram. O liberiano, entretanto, não resistiu e morreu em Dallas. Anteriormente, nos Estados Unidos, os três primeiros casos que foram tratados entre julho e agosto eram de missionários que foram contaminados na África e curados no país.

Na Espanha, uma enfermeira também foi contaminada após ter contato com um paciente procedente da África. Ela foi diagnosticada no começo de outubro e, em novembro, foi declarada curada do vírus. O estado de saúde dela esteve bastante grave, com risco de morte.

Entre agosto e outubro, o mundo viveu estado máximo de alerta sobre o vírus. Organismos multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), a OMS, o Bird e governos de vários países anunciaram ações e campanhas para conter o avanço do ebola e ajudar as áreas assoladas.

Em setembro, o presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou um plano de combate à doença, com o envio de tropas aos países atingidos e pediu US$ 88 milhões ao Congresso para combater o vírus. Ele também pediu que esses países não fossem discriminados.

Na mesma época, a ONU anunciou a criação de uma missão de emergência para combater o ebola no Oeste da África. Quando fez o anúncio, o secretário-geral do organismo, Ban Ki-moon, disse que era necessário US$ 1 bilhão para combater a epidemia e garantir que novos surtos não afetem a região no futuro. Além da ONU e dos Estados Unidos, Cuba enviou médicos para ajudar a cuidar dos doentes nas áreas atingidas, assim como a China.

Além de tentar conter o surto e neutralizá-lo nos países em que o vírus está ativo, a comunidade internacional reúne esforços para a descoberta de uma vacina contra o ebola. Empresas farmacêuticas e países como o Japão, os Estados Unidos e a Rússia estão testando vacinas. Os prognósticos são de que milhares de doses de vacina estejam disponíveis em maio de 2015.

No Brasil, houve apenas um caso de suspeita de ebola. Um homem natural da Guiné-Conacri, de 47 anos, chegou ao Brasil no dia 19 de setembro. Em Cascavel, no Paraná, o africano teve febre no dia 8 de outubro e, no dia seguinte, procurou uma Unidade de Pronto-Atendimento. O Ministério da Saúde foi acionado e o paciente transferido para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro, onde permaneceu internado até que dois exames descartaram a presença do vírus.

O Ministério da Saúde anunciou a doação de R$ 25 milhões para o combate ao vírus nos países mais afetados. Desse total, 50% irão para a OMS. O dinheiro deverá ser usado na atenção às populações infectadas e nas medidas de controle da doença.

No início de dezembro, a criação de um grupo de trabalho para desenvolver um plano conjunto de enfrentamento à epidemia de ebola foi acertada pelos ministros da Saúde do Brics (bloco formado pelo Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul), durante reunião em Brasília.

 

 

Agência Brasil