As duras
críticas feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao PT,
dias após ter afirmado que ele e sua sucessora, Dilma Rousseff,
estavam no “volume morto”, provocaram mal-estar no Palácio do
Planalto, mas foram bem recebidas por petistas que podem mudanças
radicais no partido. Embora Dilma tenha dito que Lula tem o direito
de fazer críticas, o movimento do ex-presidente contrariou o
governo.
Nos
bastidores, ministros do PT observaram que Lula toma a dianteira para
se afastar dos escândalos de corrupção e tentar se descolar da
imagem da presidente. Avaliaram, porém, que esta atitude escancara a
divisão entre “criador” e “criatura” e prejudica a
presidente.
O líder
do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) disse que Lula tem o
direito de fazer críticas ao PT, mas que, no momento, elas deveriam
ser feitas internamente e não publicamente. Ele é o primeiro
petista a rebater o ex-presidente publicamente, ressalvando que não
falava como líder do partido, mas como petista.
O
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que Lula tomou uma
“posição de vanguarda” que deve levar os petistas à reflexão
“daquilo que é necessário” corrigir. “O presidente Lula é um
dos grandes líderes da história do Brasil, é um líder com peso
nacional e internacional. É absolutamente legítimo que ele professe
aquilo que ele ache correto”, disse Cardozo.
Sem
fazer qualquer menção a Dilma, a bancada do PT no Senado divulgou
nota em que faz um desagravo a Lula. A manifestação afirma haver
uma “sórdida campanha” contra Lula, baseada “apenas no ódio
espesso dos ressentidos”.
Fonte:
Correio do Povo, página 5 de 24 de junho de 2015.