Economia
O Sindicato Nacional dos Pilotos Franceses anunciou hoje (27) que vai apresentar queixa pela divulgação de dados da investigação sobre o acidente com o avião da Germanwings, que caiu terça-feira (24) nos Alpes franceses com 150 pessoas a bordo.
Para o Sindicato Nacional dos Pilotos de Linha (SNPL), a divulgação do conteúdo de uma das caixas-pretas viola as normas fundamentais de investigação de acidentes mundialmente aceitas.
O presidente do SNPL, Erick Derivry, disse à televisão francesa BFM TV que vai ser apresentada uma queixa contra desconhecidos por violação do segredo profissional.
A Procuradoria de Marselha apresentou nessa quinta-feira as conclusões da análise da gravação dos registros de voz da cabine do avião, que indicam que o copiloto Andreas Lubitz provocou deliberadamente o acidente.
Antes da entrevista coletiva do procurador Brice Robin, a informação já tinha sido divulgada pelos jornais Le Monde e The New York Times, que citaram fontes da investigação feita pelo Gabinete de Investigações e Análises (BEA), autoridade de aviação civil da França.
A queixa do sindicato, explicou Derivry, visa sobretudo a uma reforma do BEA que, na sua opinião, “não é completamente independente” na forma como funciona, na sua constituição e na nomeação do diretor.
A divulgação das conclusões tiradas da gravação recuperada de uma das caixas pretas do avião – a segunda, que regista parâmetros técnicos, ainda não foi encontrada – foi também criticada por outras organizações de pilotos.
A Associação Europeia de Pilotos emitiu nessa quinta-feira comunicado em que afirma estar profundamente perturbada com as conclusões da investigação do acidente. A entidade acrescenta que, embora “muitos fatos apontem para uma teoria em particular, muitas questões ainda estão por responder”.
“Os investigadores – e procuradores – têm de reunir e analisar todos os dados, incluindo a informação técnica sobre o voo”, afirmam, lembrando que as investigações de acidentes são processos complexos e morosos, mas a única forma de compreender completamente o que ocorreu.
“Sublinhamos a necessidade de uma investigação imparcial e independente dos fatores que levaram ao acidente. A divulgação dos dados do gravador de voz da cabine é uma violação grave das normas fundamentais de investigação de acidentes globalmente aceitos”, acrescentam.
A Associação de Pilotos de Linha Aérea alemã também considerou prematuro tirar conclusões antes da recuperação da segunda caixa-preta.
“Não devemos tirar conclusões precipitadas com base em dados limitados”, disse Ilja Schulz, presidente da associação, ao jornal The Independent.
“As razões que levaram a esse acidente trágico só vão ser determinadas depois de todas as fontes de informação serem examinadas profundamente”,
Depois de várias companhias aéreas terem anunciado a alteração das regras de segurança das cabines, impondo a presença de duas pessoas, a associação alertou sobre “medidas apressadas”.
Agência Lusa e Agência Brasil
Os peritos que trabalham na identificação dos restos mortais
encontrados em uma vala clandestina no Cemitério Dom Bosco, em Perus,
receberão apoio psicológico. Na vala, aberta em 1990, foram encontradas
mais de mil ossadas, entre as quais acredita-se que estejam as de
vítimas da ditadura militar e de grupos de extermínio que atuaram entre
1960 e 1970.
Os técnicos terão apoio do Programa Clínicas do Testemunho, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, que atende a vítimas e parentes dos atingidos pela repressão militar. Um protocolo assinado hoje (27) estende o serviço aos especialistas que trabalham com os restos mortais encontrados em Perus. Participaram da assinatura do protocolo a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Ideli Salvatti, e o secretário adjunto de Direitos Humanos da prefeitura de São Paulo, Rogério Sottili.
Para o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, cuidar da saúde mental dos envolvidos no processo de identificação deve colaborar com os resultados do trabalho. “Esses profissionais carregam uma carga histórica pesada sobre os ombros, e nós percebemos que poderíamos contribuir para a saúde mental [deles] nesse processo, disse Abrão durante a cerimônia. Para ele, isso ajudará os peritos a “atingir seu êxito, que é dar uma resposta a todas as pessoas que aguardam a localização desses restos mortais”.
Atualmente, existem quatro clínicas do testemunho: duas em São Paulo, uma no Rio de Janeiro e outra no Rio Grande do Sul. Uma delas, a Clínica do Testemunho Instituto Ser e Sapientiae começou a terapia com os peritos. Segundo a coordenadora do grupo, Maria Cristina Ocariz, os profissionais estão expostos a diversos tipos de tensão, que vêm tanto do contato com os familiares quanto da leitura dos falsos relatos produzidos pelos agentes da repressão.
“A maior angústia é o contato com os familiares. Eles são antropólogos, historiadores, arqueólogos e fotógrafos; não têm formação psicanalítica. Ouvem histórias que não sabem como manejar”, diz Cristina sobre as impressões que teve nas reuniões semanais com os especialistas. Os encontros duram cerca de duas horas.
O processo de investigação sobre as ossadas de Perus tem um histórico de mais de 20 anos. Algumas ossadas foram analisadas na década de 90 pelo Departamento de Medicina Legal da Universidade Estadual de Campinas. Em 1992, foram identificados os restos mortais de dois presos políticos.
Desde então, o processo de identificação ficou parado, sendo retomado no ano passado. O prazo para identificação dos restos mortais vai até o fim do ano que vem. Os exames genéticos estão previstos para o segundo semestre deste ano em laboratórios internacionais – capazes de fazer identificações em grande volume.
Paulo Abrão destaca que, mesmo que não seja possível determinar a identidade dos enterrados na vala clandestina, o próprio processo de busca é um avanço. “A simples disposição de fazer a abertura da vala e, pela primeira vez, promover um trabalho cientificamente rigoroso, na tentativa de identificação das ossadas, é uma resposta diferenciada em relação ao tratamento histórico que o Estado deu ao tema.”
Agência Brasil
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Levy acredita no crescimento das exportações
Pilotos criticam divulgação de dados parciais de investigação sobre acidente
O Sindicato Nacional dos Pilotos Franceses anunciou hoje (27) que vai apresentar queixa pela divulgação de dados da investigação sobre o acidente com o avião da Germanwings, que caiu terça-feira (24) nos Alpes franceses com 150 pessoas a bordo.
Para o Sindicato Nacional dos Pilotos de Linha (SNPL), a divulgação do conteúdo de uma das caixas-pretas viola as normas fundamentais de investigação de acidentes mundialmente aceitas.
O presidente do SNPL, Erick Derivry, disse à televisão francesa BFM TV que vai ser apresentada uma queixa contra desconhecidos por violação do segredo profissional.
A Procuradoria de Marselha apresentou nessa quinta-feira as conclusões da análise da gravação dos registros de voz da cabine do avião, que indicam que o copiloto Andreas Lubitz provocou deliberadamente o acidente.
Antes da entrevista coletiva do procurador Brice Robin, a informação já tinha sido divulgada pelos jornais Le Monde e The New York Times, que citaram fontes da investigação feita pelo Gabinete de Investigações e Análises (BEA), autoridade de aviação civil da França.
A queixa do sindicato, explicou Derivry, visa sobretudo a uma reforma do BEA que, na sua opinião, “não é completamente independente” na forma como funciona, na sua constituição e na nomeação do diretor.
A divulgação das conclusões tiradas da gravação recuperada de uma das caixas pretas do avião – a segunda, que regista parâmetros técnicos, ainda não foi encontrada – foi também criticada por outras organizações de pilotos.
A Associação Europeia de Pilotos emitiu nessa quinta-feira comunicado em que afirma estar profundamente perturbada com as conclusões da investigação do acidente. A entidade acrescenta que, embora “muitos fatos apontem para uma teoria em particular, muitas questões ainda estão por responder”.
“Os investigadores – e procuradores – têm de reunir e analisar todos os dados, incluindo a informação técnica sobre o voo”, afirmam, lembrando que as investigações de acidentes são processos complexos e morosos, mas a única forma de compreender completamente o que ocorreu.
“Sublinhamos a necessidade de uma investigação imparcial e independente dos fatores que levaram ao acidente. A divulgação dos dados do gravador de voz da cabine é uma violação grave das normas fundamentais de investigação de acidentes globalmente aceitos”, acrescentam.
A Associação de Pilotos de Linha Aérea alemã também considerou prematuro tirar conclusões antes da recuperação da segunda caixa-preta.
“Não devemos tirar conclusões precipitadas com base em dados limitados”, disse Ilja Schulz, presidente da associação, ao jornal The Independent.
“As razões que levaram a esse acidente trágico só vão ser determinadas depois de todas as fontes de informação serem examinadas profundamente”,
Depois de várias companhias aéreas terem anunciado a alteração das regras de segurança das cabines, impondo a presença de duas pessoas, a associação alertou sobre “medidas apressadas”.
Agência Lusa e Agência Brasil
Peritos que tentam identificar ossadas de Perus receberão apoio psicológico
Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil
Edição: Beto Coura
Os técnicos terão apoio do Programa Clínicas do Testemunho, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, que atende a vítimas e parentes dos atingidos pela repressão militar. Um protocolo assinado hoje (27) estende o serviço aos especialistas que trabalham com os restos mortais encontrados em Perus. Participaram da assinatura do protocolo a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Ideli Salvatti, e o secretário adjunto de Direitos Humanos da prefeitura de São Paulo, Rogério Sottili.
Para o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, cuidar da saúde mental dos envolvidos no processo de identificação deve colaborar com os resultados do trabalho. “Esses profissionais carregam uma carga histórica pesada sobre os ombros, e nós percebemos que poderíamos contribuir para a saúde mental [deles] nesse processo, disse Abrão durante a cerimônia. Para ele, isso ajudará os peritos a “atingir seu êxito, que é dar uma resposta a todas as pessoas que aguardam a localização desses restos mortais”.
Atualmente, existem quatro clínicas do testemunho: duas em São Paulo, uma no Rio de Janeiro e outra no Rio Grande do Sul. Uma delas, a Clínica do Testemunho Instituto Ser e Sapientiae começou a terapia com os peritos. Segundo a coordenadora do grupo, Maria Cristina Ocariz, os profissionais estão expostos a diversos tipos de tensão, que vêm tanto do contato com os familiares quanto da leitura dos falsos relatos produzidos pelos agentes da repressão.
“A maior angústia é o contato com os familiares. Eles são antropólogos, historiadores, arqueólogos e fotógrafos; não têm formação psicanalítica. Ouvem histórias que não sabem como manejar”, diz Cristina sobre as impressões que teve nas reuniões semanais com os especialistas. Os encontros duram cerca de duas horas.
O processo de investigação sobre as ossadas de Perus tem um histórico de mais de 20 anos. Algumas ossadas foram analisadas na década de 90 pelo Departamento de Medicina Legal da Universidade Estadual de Campinas. Em 1992, foram identificados os restos mortais de dois presos políticos.
Desde então, o processo de identificação ficou parado, sendo retomado no ano passado. O prazo para identificação dos restos mortais vai até o fim do ano que vem. Os exames genéticos estão previstos para o segundo semestre deste ano em laboratórios internacionais – capazes de fazer identificações em grande volume.
Paulo Abrão destaca que, mesmo que não seja possível determinar a identidade dos enterrados na vala clandestina, o próprio processo de busca é um avanço. “A simples disposição de fazer a abertura da vala e, pela primeira vez, promover um trabalho cientificamente rigoroso, na tentativa de identificação das ossadas, é uma resposta diferenciada em relação ao tratamento histórico que o Estado deu ao tema.”
Agência Brasil