A publicitária Bárbara Lopes* apresentou os primeiros sinais de depressão aos 19 anos. Na época, começou a se isolar, faltava às aulas na faculdade e dormia durante grande parte do tempo. “Tinha dia em que eu não queria sequer tomar banho. Minhas amigas me chamavam para sair, mas eu não queria. Eu dizia que estava triste, mas para mim não era depressão. Era só tristeza”, lembra. Especialista ouvida pela Agência Brasil diz que é uma doença que pode começar em pessoas jovens e nem sempre recebe tratamento médico.
Apesar de ser tida por muitos como uma doença que atinge os mais velhos, a depressão pode surgir entre jovens e adolescentesJosé Cruz /Agência Brasil
Mais de 15 anos depois e uma lista extensa de psiquiatras e psicólogos visitados, a publicitária atualmente é casada, tem um bebê e atua na área em que se formou, mas ainda luta contra a doença. “As pessoas ficam sempre perguntando o que a gente tem. Aqueles que se julgam normais perguntam por que eu estou triste se tenho tudo que preciso, se tudo está certo, se sou bonita e inteligente”.
Bárbara toma o mesmo medicamento há sete anos. Mesmo sendo acompanhada por profissionais, a depressão precisa ser combatida diariamente. “Outro dia, deixei meu bebê cair da cama. Além de me sentir culpada, comecei a pensar que nada para mim funcionava, que tudo para mim dava errado, que eu era a pior mãe do mundo”.
Saiba Mais
- Quase 40% dos brasileiros apresentaram pelo menos uma doença crônica em 2013
- Quase metade dos usuários de álcool começou a beber com menos de 18 anos
Para a publicitária, a combinação entre medicamento e terapia traz qualidade de vida para quem sofre com a doença. “O remédio libera aquilo que está faltando no seu organismo. É como se fosse uma orquestra que precisa do maestro. Quando ele está ali, a música sai direito. Quando não tem o maestro, não tem música”, resume.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) esta semana,indicam que mais de 11 milhões de brasileiros têm depressão. O número corresponde a 7,6% das pessoas com 18 anos ou mais. Ainda segundo o instituto, desse total, apenas 46,6% dos pacientes tiveram assistência médica nos 12 meses anteriores à pesquisa.
De acordo com a psiquiatra e psicoterapeuta Fatima Vasconcelos, o Brasil é um dos países latino-americanos com índices mais altos quando o assunto é depressão. Apesar de ser tida por muitos como uma doença que atinge os mais velhos, a depressão, segundo ela, começa cedo – 9% dos casos ocorrem entre 18 e 25 anos; 7,5% entre 26 e 49 anos; e 5,5% acima dos 50 anos.
“Quanto mais precoce é a doença, mais grave pode vir a ser no futuro e mais danos ela vai provocar na vida do indivíduo. A depressão é uma doença crônica e o mais comum não é ter só uma única crise na vida. O risco de ter uma segunda crise é 50% maior após a primeira. E, para quem tem dois episódios, a chance é 70% maior.”
Ainda de acordo com a especialista, a estimativa é a de que seis em cada dez pacientes não procuram ou não encontram tratamento para a doença – sobretudo em razão do preconceito. Ela destaca que uma pessoa com depressão sofre com alterações do humor e, por mais que queria estar bem, vê o mundo de forma negativa e precisa de ajuda para enfrentar isso.
“Uma pessoa que está deprimida, às vezes, nem percebe que está triste. Mas, quando vai para o trabalho, rende menos do que rendia. Tem dificuldade de memória, concentração e sente uma insegurança muito grande. Ela passa a desconfiar de sua própria capacidade. Por isso, é muito importante que as pessoas saibam que a depressão é uma doença do cérebro que tem que ser reconhecida e tratada.”
*Nome fictício a pedido do entrevistado.
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Confiança da indústria na economia tem pequena alta em dezembro
Ivan Richard – Repórter da Agência Brasil Edição: Nádia Franco
Depois de três quedas consecutivas, Índice de Confiança do Empresário Industrial apresenta ligeira alta em dezembro Wilson Dias/Agência Brasil
Depois de três quedas consecutivas, o Índice de Confiança do Empresário Industrial apresentou ligeira alta em dezembro, ficando em 45,2 pontos – diferença de 0,4 ponto em relação ao resultado de novembro (44,8). Apesar da melhora, o índice divulgado hoje (12) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) fecha o ano com o empresariado demonstrando falta de confiança na economia.
Entre 1º e 10 de dezembro, a CNI entrevistou representantes de 2.758 empresas, sendo 1.061 de pequeno porte, 1.047 médias e 650 de grande porte. O indicador varia de 0 a 100 pontos, em uma tabela em que acima de 50 pontos significa confiança nos rumos da economia.
Para o economista da CNI Marcelo Souza Azevedo, apesar de pequena, a alta no índice de confiança do empresariado é importante porque interrompe trajetória de queda e abre perspectiva positiva em relação aos próximos quatro anos. “A parte da confiança é fundamental para a retomada do investimento – e o país ter investimento é uma base muito importante para que haja crescimento sustentado. Então, essa melhora é um fator superimportante, que tem que ser visto para a gente começar um ciclo virtuoso da nossa economia”, disse Azevedo à Agência Brasil.
De acordo com Azevedo, os sinais do próximo governo da presidenta Dilma Rousseff na direção da “recuperação dos fundamentos macroeconômicos”, de uma forma geral, foram fundamentais para a melhoria do índice de confiança. “De fato, a confiança dos empresários aumentou por conta das expectativas [com a nova equipe econômica].”
Segundo a pesquisa, o indicador de expectativas aumentou de 48,2 pontos, em novembro, para 49,2 pontos, aproximando-se da linha divisória de 50 pontos, que separa as perspectivas pessimistas das otimistas. Entre as grandes empresas, o índice cresceu 0,9 ponto este mês em relação ao mês passado.
Para o economista da CNI, apesar de o cenário indicar falta de confiança ao final de 12 meses, o fato de as grandes empresas terem sido responsáveis pela alta registrada em dezembro abre margem para um futuro mais positivo a partir de 2015.
“O índice ainda está abaixo de 50 pontos. São nove meses de falta de confiança, mas a boa notícia, por outro lado, a recuperação, deu-se na expectativa das grandes empresas. Na medidas em que as grandes empresas mostram mais expectativa, elas podem, com o tempo, como são líderes de cadeias produtivas, começar a passar [a confiança] para as médias e pequenas e, com isso, aumentar confiança de um modo mais disseminado na indústria”, concluiu Azevedo.
Ossadas encontradas no Cemitério de Perus começam a ser identificadas
Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil Edição: Aécio Amado
O Grupo de Trabalho Perus, instituído em outubro pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, já identificou sete ossadas do Cemitério de Perus, em São Paulo, que podem ser de desaparecidos políticos. Os resultados parciais foram divulgados hoje (12) na capital paulista.
O grupo, que conta com arqueólogos, psicólogos e antropólogos forenses, fez, até o momento, a análise de 112 caixas de ossadas de um total de cerca de 900 que foram encontradas em uma vala comum no cemitério. No local, segundo depoimento de testemunhas, podem estar enterrados militantes assassinados pela ditadura.
Nas caixas já analisadas, foram encontradas 112 ossadas praticamente completas e mais 27 parciais. Das ossadas completas, sete tinham sinais de violência: três delas compatíveis com traumas provocados por armas de fogo, e quatro com traumas contundentes, que podem ter sido causadas por agressões ou acidentes.
“Se pensarmos que, de 112 ossadas, três têm sinais de armas de fogo, isso dá quase 3%, e isso é um índice alto. Nós temos 1.049 caixas [a serem examinadas], foram abertas 112, e não sabemos ainda o que vamos encontrar nas outras”, destacou o coordenador científico do grupo, Samuel Ferreira.
Para concluir que as ossadas são, de fato, de desaparecidos políticos, ainda é necessário fazer um exame genético a fim de comparar o material dos restos mortais com o genoma das 41 famílias dos militantes assassinados durante a ditadura, ainda não encontrados, e que podem ter sido enterrados em Perus. A coleta do material genético ocorrerá durante o ano que vem. O grupo de trabalho tem prazo de 36 meses renováveis por igual período.
“Quando você acha os restos mortais de uma pessoa, você coloca aquela pessoa cidadã novamente. Reinsere a memória daquela pessoa, e a importância daquela pessoa para a história. É um resgate da minha ancestralidade, da minha história, para família e para história do Brasil”, disse Clarisse Ferreira Mantuano, sobrinha-neta de Aluísio Palhano Pedreira Ferreira, militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), desaparecido no Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), na Rua Tutoia, na capital paulista, em 1971.
Fazem parte do grupo representantes da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos da Secretaria de Direitos Humanos, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), de parentes membros da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, do Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça e por parentes consanguíneos dos desaparecidos políticos cujos restos mortais podem estar entre os exumados encontrados no Cemitério de Perus.
“Este trabalho está revelando uma política de desaparecimento. Que é algo gravíssimo. A política de desaparecimento da população pobre, negra, indígena, [executada por] grupos de extermínio. Este trabalho também vai apresentar dados para que a gente não combata apenas a ditadura, mas que se tenha uma política de desaparecimento de milhares de pessoas”, disse a secretária da SDH, Ideli Salvatti.
Localizado na zona norte de São Paulo, o cemitério criado em abril de 1971 tem cerca de 254 mil metros quadrados de extensão. Durante a ditadura, o local foi usado para enterrar corpos de pessoas que combateram a ditadura militar. Em 1990, mais de mil ossadas enterradas em uma vala clandestina foram encontradas no local.
Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade e à Comissão Estadual da Verdade de São Paulo, o ex-administrador do Cemitério de Perus, entre os anos 1976 e 1992, Antonio Pires Eustáquio disse que não foi possível determinar o número de corpos de militantes que foram enterrados em Perus durante a ditadura.
Segundo ele, os trabalhadores do cemitério anteriores à sua gestão relatavam que os corpos dos militantes chegavam sob forte esquema de segurança e eram enterrados como indigentes em caixões de madeira bruta, cada qual em uma sepultura. Os corpos dos militantes eram enterrados nas quadras 1 e 2, da Gleba 1, onde também eram enterrados os indigentes.