Professor da Universidade de Brasília (UnB), um deles conseguiu uma inédita licença-paternidade de 45 dias. Agora, os dois compartilham a história na esperança de incentivar outras pessoas a acolherem crianças mais velhas.
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Hortas comunitárias alteram espaço público e estimulam contato com a natureza
Helena Martins - Repórter da Agência Brasil Edição: Valéria Aguiar
Há três anos, Alda Duarte decidiu plantar hortaliças na vizinhançaJosé Cruz/Agência Brasil
Há três anos, Alda Duarte, 40, decidiu transformar o caminho que fazia, a pé, da casa ao trabalho, em Brasília. Ela passou a fazer canteiros em espaços públicos e, depois, a plantar hortaliças na vizinhança. “Eu tinha o desejo de deixar meu caminho mais bonito, de mudar o espaço”, relata a designer.
Por meio das redes sociais, Alda encontrou outras pessoas e coletivos que desenvolvem a chamada agricultura urbana no Distrito Federal. Inspirada nelas, reuniu os vizinhos para, com eles, ampliar a experiência e melhorar a vida comunitária. “É realmente um desejo de transformação do espaço público, de agregação da comunidade e de mudar a sociedade”, disse.
Vinda do Ceará há nove anos, o que chama de "jardinagem de guerrilha" mudou sua relação com a cidade. Já a construção coletiva amenizou a sensação de solidão que muitas vezes atinge quem vem morar em uma cidade conhecida pelas poucas esquinas e pelo concreto que se impõe sobre a paisagem. Agora, Alda e os vizinhos coletam assinaturas para saber quem apoia a horticultura urbana. Os próximos passos do coletivo serão a plantação de ervas medicinais e de árvores frutíferas.
A ideia vem se disseminando pelo Distrito Federal, pondo em prática o que estava proposto no projeto inicial de Lúcio Costa, urbanista que projetou Brasília. Costa queria que houvesse uma "coexistência social" na cidade. E uma das formas de viabilizar isso seria usar espaços das superquadras para floricultura, horta e pomar.
Atualmente, já existem hortas comunitárias feitas por moradores de Águas Claras e de quadras do Plano Piloto como a 114 Norte e a 302 Norte. Na 206 Norte, o processo já está avançado. Lá, os moradores construíram viveiro, horta e o chamado SAF, o sistema agroflorestal. A técnica busca reproduzir em um pequeno espaço as condições de uma floresta, reunindo plantas diversas e que trabalham em cooperação.
O geógrafo Igor Aveline foi um dos precursores do projetoJosé Cruz/Agência Brasil
O geógrafo Igor Aveline, 26, foi um dos precursores do projeto, que foi chamado de Re-ação. Para ele, o contato coletivo com a natureza desperta não apenas a preocupação ambiental, mas uma nova relação entre os envolvidos.
“O contato com a natureza traz um novo olhar para o mundo, uma consciência de que o mundo é vivo e não pode ser degradado. Ao mesmo tempo, o ato de ocupar o espaço público plantando e trabalhando em coletivo estimula o empoderamento das pessoas e nos faz repensar a cidade”, afirma.
Por meio do Re-ação, a vizinhança tem se reunido para fazer mutirões de plantação, oficinas de educação ambiental e de técnicas agrícolas, dentre outras ações. Os resultados despertam os sentidos de quem visita a área: as árvores enchem os olhos, o silêncio é cortado quase que exclusivamente pelo som dos pássaros, o cheiro da natureza agrada.
Tudo é um convite para ficar – ou multiplicar a experiência. Nos últimos meses, moradores de outros lugares da cidade têm procurado auxílio técnico ali, o que fez com que os moradores da superquadra buscassem uma maneira de expandir conhecimentos e práticas.
Diante da ausência de políticas públicas que viabilizem as hortas comunitárias, eles inscreveram o projeto no Catarse , site voltado ao financiamento coletivo de ações. Com isso, esperam obter R$ 15.500 por meio de doações que podem variar de R$ 15 a R$ 500. Como forma de agradecer a quem contribuir, os organizadores oferecem sementes, guias de agricultura urbana, livros, etc.
Com os recursos, o coletivo pretende fazer da experiência da quadra 206 Norte um modelo de agricultura urbana, com central de compostagem, horta comunitária, espirais de ervas e sistema agroflorestal. Tudo aberto e possível de replicação em outras localidades.
Nesse sentido, o projeto também contempla efetivar oficinas práticas de educação ambiental para crianças e de curso de agroecologia para a comunidade, parceiros e outras lideranças envolvidas no que chamam de proposta de transição agroecológica na cidade.
A ideia é que não só o financiamento, mas também o uso do que for produzido seja coletivo. “A gente vive em uma sociedade onde o ser humano é sempre induzido a viver em espaços privados, controlados, e a gente tem que reaprender a conviver, ter um novo olhar sobre as relações sociais, as relações de troca e a consciência da coletividade”, destaca Igor.
Projeto ajuda parentes de dependentes químicos a lidarem com o vício
Aline Leal – Repórter da Agência Brasil Edição: Denise Griesinger
Quando uma pessoa se torna dependente de drogas é muito comum que a família toda sofra as consequências desse envolvimento e adoeça junto. É uma relação hoje chamada de codependência, que muitas vezes precisa de atenção profissional.
Pensando nesta relação, a Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal (Sejus-DF), por meio do projeto Ame, mas não sofra! promoveu esta semana Curso de Multiplicadores de Ações de Apoio às Famílias de Dependentes Químicos.
Coordenadora do projeto Ame, mas não sofra!, Gianni PuglisiImagem Fábio Pozzebom/Agência Brasil
Segundo a coordenadora do projeto, Gianni Puglisi, é comum os pais colaborarem com o vício pensando que estão ajudando. “A família acha que está colaborando com a recuperação, quando na verdade está atrasando. Por exemplo: há mães que pagam dívidas dos filhos com traficantes ou outras que vão à boca [de fumo] comprar a droga porque acham o local perigoso para o filho, pais que dão dinheiro para o filho comprar droga, para que o dependente não roube. A família se torna facilitadora e isso é prejudicial para todos”, contou Gianni.
A coordenadora ressalta que a família deve entender que a dependência é uma doença que precisa de tratamento multidisciplinar. ”A gente tenta dar uma chacoalhada na família para ela perceber que esse processo [de deterioração da família] não é normal, que a família não deve se anular, mas sim procurar ajuda. A gente procura informar através de psiquiatras que a dependência é uma doença, mas a família insiste que o carinho, o amor e o grito vão resolver, mas o que resolve é o tratamento”.
Fernando José Wanderley, psicólogo e palestrante do evento, explica que a família deve seguir adiante, apesar do problema de dependência. “A ideia é ensinar a família a se desligar emocionalmente do problema, a ponto não de abandoná-lo, mas manter uma distância saudável para seu desenvolvimento. Segundo o especialista, se as pessoas que estão ao redor seguirem suas vidas, continuarem suas profissões, forem ao teatro, tiverem uma vida normal, eles terão força para ajudar o dependente quando ele realmente quiser tratamento. "Se o adicto não quiser parar ele não para, não adianta a família se voltar toda para ele, se anular".
Psicólogo Fernando José Wanderley Fabio Pozzebom/Agência Brasil
O especialista fala em "terapia da realidade", mostrar que o dependente tem apoio se ele quiser, mas que ele precisa querer sair da situação. Wanderley reconhece que na maioria das vezes não é fácil para a família se distanciar, mas ela deve fazer isso por etapas, "vivendo um dia de cada vez".
Maria do Socorro Rodrigues emagreceu 7 quilos quando descobriu por meio da escola do filho que ele estava usando drogas aos 16 anos. “Foi um choque. Eu não sabia o que fazer”. A aposentada conta que o filho já tentou tratamento várias vezes e hoje, aos 32 anos, está novamente se tratando. Aos poucos ela aprendeu a lidar melhor com o problema seguindo sua vida adiante.
“Quando ele, já depois dos 20 anos, ameaçou ir embora de casa eu disse que a porta estava aberta para ele ir embora e para voltar quando quisesse. Ele acabou não indo”, relembra. Hoje Maria do Socorro participa do curso para aprender a lidar com a situação e também passar informações para o grupo da igreja onde ajuda dependentes e parentes. “Com o curso eu pude ver que a culpa de meu filho se drogar não foi minha. A gente acabe se sentindo culpada, mas não é”.
Fátima Pereira, assistente social (Fabio Pozzebom/Agência Brasil) Fábio Pozzebom/Agência Brasil
Já Fátima Pereira foi para o curso por interesse profissional. “Como assistente social da área de saúde já vi muitas famílias se desestruturarem por causa da dependência. O mais difícil é mover a família a pedir ajuda, mas ela também precisa de tratamento”, ressaltou.
Fátima conta que já viu famílias perderem todo o patrimônio, tanto no tratamento de um dependente quanto com a falta de conhecimento de como dar limites a ele.
O projeto Ame, mas não sofra! tem quase um ano e atende parentes de dependentes na sede da Sejus-DF ou por meio do telefone (61) 2104 1868, identificando as necessidades da família e encaminhando para o atendimento de saúde, se necessário. Entre as pessoas que procuraram o atendimento neste primeiro ano de funcionamento, 80% são mulheres e metade destas mulheres, são mães de dependentes.
Enade: 483 mil estudantes devem fazer o exame que avalia o ensino superior
Aline Leal - Repórter da Agência Brasil Edição: Denise Griesinger
Concluintes de cursos de bacharelado, licenciatura e tecnólogo de todo Brasil devem fazer amanhã (23) o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). A expectativa é que 483,5 mil estudantes matriculados em 1,48 mil instituições de educação superior façam o exame.
Os estudantes têm até amanhã para preencher o questionário do estudante, usado para subsidiar a construção do perfil socioeconômico dos participantes. O preenchimento é obrigatório e o universitário deve se identificar por meio do CPF, pelo nome ou pelo curso.
Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), aqueles que não responderem ao questionário estarão em situação irregular com o Enade e poderão ficar impedidos de colar grau e receber o diploma, mesmo que façam o exame.
Os portões dos locais de prova abrem às 12h (horário de Brasília) e as provas começam às 13h. Os estudantes terão quatro horas para responder ao exame e têm de permanecer no local da prova por pelo menos uma hora para poder assinar a lista de presença. Quem deixar o local antes, sem assinar a lista, será considerado ausente e ficará em situação irregular. O participante pode deixar a sala com o caderno de questões três horas após o início do exame.
Criado em 2004, a cada ano o exame avalia um grupo diferente de cursos com o objetivo de aferir o rendimento dos estudantes de cursos de graduação em relação ao conteúdo programático, suas habilidades e competências.
Os estudantes devem fazer o Enade para obter o diploma, no entanto, não existe um desempenho mínimo obrigatório para os alunos. O resultado do exame é usado apenas para compor índices que medem a qualidade de cursos e instituições de ensino superior.
Esta edição do Enade vai avaliar o desempenho de estudantes que tenham expectativa de finalizar a graduação até julho de 2015. Para tanto, precisam concluir mais de 80% da carga horária mínima do currículo até o fim do período de inscrição. Os avaliados são alunos de 33 cursos superiores nas áreas de ciências exatas, licenciaturas e áreas afins.
Também farão o exame estudantes de cursos superiores de tecnologia com expectativa de conclusão até o próximo mês e os de cursos superiores de tecnologia que tiverem cumprido mais de 75% da carga horária mínima do currículo, até o fim do período de inscrição.
A divulgação do boletim de desempenho dos participantes do exame está prevista para o segundo semestre do próximo ano. A consulta ao local de prova deve ser feita na página do Enade na internet.