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domingo, 12 de julho de 2015

CONTRIBUIÇÕES DA II GM PARA A ARTE DA GUERRA

1. Considerações Preliminares
  1). Não é escopo deste sintético Estudo, elaborado aos 70 anos do término da Segunda Guerra Mundial (II GM), a análise dos antecedentes (que apenas bordejarei para melhor compreensão do assunto), de suas causas e consequências, nem de seu faseamento, dos teatros de operação, das principais manobras, das batalhas, de seus comandantes, etc. Desejo, tão somente, com base em planos de aula de meu tempo de instrutor/professor de História Militar na AMAN (1983/87), trazer à consideração dos leitores, de maneira perfunctória, aspectos e fatores estritamente militares da II GM, que muito contribuíram para a evolução da Arte da Guerra.
   2). A matéria ficou dividida em quatro partes: 1. Considerações Preliminares (o presente item); 2. Uma Necessária Recorrência Histórica; 3. Contribuições para a Evolução da Arte da Guerra e 4. Apreciações Finais, todas bastante imbricadas.
  2. Uma Necessária Recorrência Histórica
     1). A II GM, iniciada em 1939, deflagrada apenas 21 anos após o término (1918) da I GM, sofreu, evidentemente, forte influência desta última, que foi chamada de “Grande Guerra”, “Guerra das Guerras”, “Guerra para Acabar com todas as Guerras”, “Guerra de Trincheiras” e “Guerra de Posições”. Novas modalidades táticas provieram deste conflito, em decorrência de petrechos bélicos nele empregados, como os carros de combate (“tanques”); os aviões; os submarinos e os torpedos; a Artilharia de maior calibre, inclusive antiaérea e anticarro; os gases tóxicos; os lança-chamas; as granadas de mão; as metralhadoras, etc; além do arame farpado e do cimento armado, este para a construção das trincheiras nas fases posteriores das operações. Igualmente, são dignos de nota, os avanços da medicina militar e as intensas ações de guerra psicológica, por meio da propaganda. Frise-se que essa gama de petrechos se aperfeiçoou, exponencialmente, no período entre-guerras (1918-1939). Por derradeiro, nesta sumária visada-à-ré, assinale-se que a I GM, em quase toda a sua duração, foi por demais estática, com longos períodos de estabilização das frentes, limitando-se os movimentos à obtenção de brechas ou ao desbordamento das trincheiras, eis que os carros de combate (“tanques”) só viriam a influenciar de forma eficaz, nos seus dois últimos anos. Era a superioridade da defensiva, onde foram de capital relevância, as metralhadoras, as trincheiras e o arame farpado. Não havendo grandes envolvimentos, nem movimentos rápidos e profundos, pode-se afirmar que a I GM não apresentou brilhantismo estratégico, o que não viria a ocorrer na II GM.
  2). Mas  a mentalidade defensivista ainda predominou por certo tempo no pós-guerra, em especial na França, um dos países vencedores. Era a dita “mentalidade Maginot”, que pregava não ser necessário o alongamento do serviço militar e a criação de Divisões Blindadas, pois mais valeria adquirir com o preço de um carro de combate, dez canhões anticarro. Entretanto, outros países possuíam pensamento militar diametralmente oposto - eram ofensivos. Foram eles: a Rússia, o Japão, a Itália e particularmente a Alemanha - revoltada com as imposições do Tratado de Versalhes, que considerava um “diktat” (um “ditado”, uma “sentença mortal”, um “ucasse”, uma “punhalada nas costas do derrotado Império Alemão”). O Exército do país foi reduzido a 100.000 combatentes, sem Artilharia Pesada e Carros de Combate (“tanques”). A Marinha passou a ter um efetivo de 15.000 homens, os navios não deveriam ter mais de 10.000 toneladas e foram proibidos os submarinos. A Força Aérea deixou de existir, pois foi extinta a aviação militar. A par disso, o Império perdeu terras para a França, Polônia, Bélgica e Dinamarca e, responsabilizado pela guerra, entregou as suas Colônias, na África, e ainda foi obrigado a pagar vultosa dívida de guerra. Aduza-se que os EEUU, nova potência surgida após o conflito, volveram-se unicamente para os problemas internos, tornando-se alheios à situação na Europa, até serem atacados pelos japoneses, em 1941, em Pearl Harbor. Mas a Alemanha, com sede de vingança, em vista das humilhações do Tratado de Versalhes, passa a se rearmar, sob a liderança de Adolph Hitler, um austríaco carismático que se intitulava de “Führer” (Líder) e que implantaria, ditatorialmente, uma Nova Ordem à nação alemã, com base nos princípios do Partido Nazista e na exploração psicológica do sentimento do orgulho nacional ultrajado. Tais princípios preconizavam a superioridade da raça ariana e o ódio a minorias étnicas e religiosas, como os judeus e ciganos, bem como a deficientes físicos e homossexuais; outrossim, eram intolerantes com outras ideologias que não fossem o nazismo, como o socialismo, o comunismo e o liberalismo. Ao criarem o III Reich, afirmavam que ele seria o “Reich de Mil Anos”. O Serviço Militar Obrigatório foi reativado, em 1935, com um maciço alistamento militar, o que contribuiu para a solução do problema do desemprego que grassava no país, além de uma dolorosa hiperinflação. Em 1936, Hitler determina a reocupação da zona desmilitarizada da Renânia, tornando a violar o Tratado de Versalhes, sob a indiferença da França e da Inglaterra. Em 1937, quando da eclosão da guerra civil espanhola, tropas alemãs foram enviadas à Espanha, em apoio a Francisco Franco, com o objetivo de testar a máquina de guerra recém-constituída (o bombardeio da cidade basca de Guernica, por ser a primeira no mundo, arrasada por um ataque aéreo, foi um triste episódio, lembrado até hoje, por meio de uma famosa tela de Pablo Picasso). A fim de ampliar o seu poderio, Hitler firma, em 1936, uma aliança com o ditador italiano Benito Mussolini. Esta Aliança é posteriormente expandida com a adesão do Japão, Romênia, Hungria e Bulgária (bloco que passou a se chamar de “Potências do Eixo” ou simplesmente “Eixo”, com base, particularmente, no “Eixo Roberto” – Roma, Berlim e Tóquio). Em 1938, tropas germânicas invadem a Áustria, sem sofrer resistências. A próxima burla ao Tratado de Versalhes seria a anexação dos sudetos de origem saxônica, na Checoslováquia (regiões da Boêmia e Moravia), entrando os alemães em Praga, em 1939 (com a complacência da França e da Inglaterra, que haviam assinado com a Alemanha, em 1938, o Tratado de Munique). O passo seguinte seria a retomada dos territórios perdidos para a Polônia. De forma sorrateira, Alemanha e Rússia assinam, em agosto de 1939, um Pacto de Não-Agressão Mútua (Pacto “Molotov-Ribbentrop”, ou “Pacto Nazi-Soviético”), em que a Polônia seria dividida entre elas. Em 1° de setembro desse ano, tropas alemãs invadem o país, entrando em Varsóvia, no dia 28 do mesmo mês. A invasão provoca, finalmente, a reação da França e do Reino Unido que declaram guerra à Alemanha. Iniciava-se o maior conflito bélico da humanidade...
  3). A Alemanha, então, expande-se pela Europa e norte da África, atingindo, ao final de 1941, o auge do expansionismo. Em abril de 1940, as tropas nazistas investem contra a Escandinávia, invadindo a Dinamarca e a Noruega, e, em maio do mesmo ano, dão início, por meio da chamada “blitzkrieg” (“guerra relâmpago”), à rápida invasão da Holanda, Bélgica, Luxemburgo e França (que capitula em seis semanas). Em abril de 1941, a Iugoslávia e a Grécia também são invadidas e, no norte da África, tropas ítalo-alemãs avançam em direção ao Egito. Em junho daquele ano, é desencadeada a “Operação Barbarossa” contra a União Soviética, mas os exércitos nazistas foram detidos às portas de Moscou, sofrendo as agruras de um rigorosíssimo inverno. Registre-se que o único fracasso dos alemães, nessa fase inicial do conflito, deu-s na “Operação Leão Marinho”, que visava à invasão da Grã-Bretanha, após bombardeio incessante do território inglês, por meio da aviação (a “Luftwaffe”) e das famosas “bombas voadoras” V1 e V2; porém, a Força Aérea Inglesa (RAF) frustrou-lhes as intenções, vencendo, com muito sacrifício, a “batalha da Inglaterra”.
  4). Em dezembro de 1941, a guerra é estendida à América do Norte, com o ataque da Marinha Imperial Japonesa à base norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí, em que a Esquadra americana sofreu, de surpresa, severo ataque aéreo, fazendo com que os EEUU declarassem guerra aos países do Eixo. França, Inglaterra e União Soviética passariam a contar com um importantíssimo aliado que, semelhantemente ao ocorrido na I GM, desequilibraria as ações até à obtenção da Vitória, em 1945. Por ilustração, diga-se que os EEUU, após o ataque sofrido, estreitaram sobremaneira o seu relacionamento com os países da América Latina, abandonando a postura intervencionista que mantinham desde o século XIX, a fim de tê-los como aliados; as posições geoestratégicas dos mesmos para a utilização de bases aéreas e navais e as matérias primas neles existentes eram essenciais para os estadunidenses. A chamada “Política da Boa Vizinhança”, implementada pelo presidente Roosevelt e coordenada por Nelson Rockfeller, na década de 1930, passou a ser praticada, intensivamente, sendo o Brasil o país preferido, o “primus inter pares”, da referida Política. 
  O nosso país, em face do afundamento de seus navios mercantes, declarou, em 22 de agosto de 1942, o “estado de beligerância” com a Alemanha e a Itália e, a seguir, no dia 31 do dito mês, decretou o “estado de guerra” com aqueles países.    
  Destarte, encerro essa incompleta, abrangente, mas imprescindível retrospectiva acerca dos antecedentes e da expansão inicial das hostilidades da II GM.
  
3. Contribuições para a Evolução da Arte da Guerra
   
1). O surgimento da “blitzkrieg” alemã, processo tático-estratégico que visava à retaguarda profunda do inimigo, buscando o princípio de guerra da Surpresa. Para tanto, foram usados os carros de combate (“tanques”) em massa e em ações independentes, apoiados por potente aviação e eficientes meios de Comunicações (em especial para as ligações com a Artilharia). Era o celebre “binário carros de combate-aviação”, utilizado na invasão da Polônia e, máxime, no avanço alemão pelos países baixos até à França, em 1940. Acrescente-se, por mera ilustração, que o “combinado CC-Aviação”, foi empregado com êxito, pelos israelenses, na “Guerra dos Seis Dias”, em 1967.
  2). Largo uso das surpresas estratégica e tática, das penetrações profundas, dos blindados em massa (independentemente da Infantaria), da aviação e da motorização. Os Aliados, no desembarque na Normandia, para a invasão da França, em 6 de junho de 1944 (o memorável “Dia D” da "Operação Overlord"), não optando pela região de Pas de Calais (bem mais próxima da Inglaterra) e sim pela Normandia, obtiveram a surpresa estratégica que pretendiam. 
  3). Os carros de combate (“tanques”), devido ao grande raio de ação, foram empregados em todas as frentes, com vistas aos princípios da Massa e Rapidez. São exemplos, as ofensivas alemãs com o emprego da “blitzkrieg” e os surpreendentes avanços, em território europeu, do III Exército, comandado pelo legendário general americano George Patton. 
  4). O rádio, diferentemente do que ocorrera na I GM, se tornou imprescindível em todos os tipos de operação.
  5). A Artilharia aligeirou-se, tornando-se móvel, para o cerrado acompanhamento da Infantaria e dos blindados.
  6). Generalizado emprego das infiltrações (diurna e noturna). Famosa foi a infiltração noturna e aeroterrestre alemã para a conquista do considerado inexpugnável Forte Eben Emael, na Bélgica, em 1940.
  7). Surgimento de novas Grandes Unidades, como as Divisões de Infantaria Motorizada, Blindada, Mecanizada, Aerotransportada e Aeroterrestre (empregada desde 1939, por alemães e russos) e dos Grupamentos Táticos (GT).
  8). Emprego pioneiro do “envolvimento vertical”, pelas Divisões Aerotransportada e Aeroterrestre. O exemplo clássico foi o da invasão da Grécia, pelos alemães, em 1941.
  9). A consagração da guerra naval: de superfície, com belonaves equipadas com potentes radares e sonares e submarina (bastando relembrar os tristes episódios ocorridos com as nossas Marinhas Mercante e de Guerra, quando foram afundados por submarinos alemães, 31 navios mercantes, 2 embarcações de pequeno porte, um barco pesqueiro e um navio transporte da Marinha do Brasil, deixando um saldo de 1.072 mortos...).
  10). O amplo e indispensável uso dos canhões anticarro, chamados de “destruidores de tanques”.
  11). A utilização de dispositivos infravermelhos para os tiros noturnos das armas automáticas coletivas e individuais.
  12). Surgimento da Artilharia Autopropulsada e aumento dos calibres dos obuseiros.
  13). O domínio da terceira dimensão - a aérea - por meio das aviações de caça e bombardeio (como no início das hostilidades, nas batalhas aéreas travadas quando da “batalha da Inglaterra”, vencida, galhardamente, pelos pilotos ingleses), contrariamente ao ocorrido na I GM, em que a aviação militar ainda era bastante incipiente. O avião a jato surge no final da guerra.
  14). O aparecimento do lança-rojão (“bazooka”) e do detetor de minas, necessariamente empregados em todo tipo de operações.
  15). A utilização intensa do lança-chamas, invenção da I GM, muito empregado pelos americanos contra os japoneses, para desalojá-los de suas posições defensivas.
  16). O surgimento dos canhões sem recuo, utilizados pelas tropas de Infantaria.
  17). O emprego, pelos alemães, das bombas voadoras V1 e V2, lançadas em especial contra Londres, precursoras dos modernos foguetes e mísseis teleguiados. 
  18). O emprego militar, pelos ingleses, do radar (“radio detection and ranging”, ou seja: “detecção e telemetria pelo rádio”), um instrumento que detecta objetos a longas distâncias, pelo reflexo de ondas eletromagnéticas. Com o seu uso pioneiro, os ingleses tinham tempo de alertar as populações quanto aos bombardeios aéreos do inimigo, além de melhor proteger os seus aviões nas batalhas aéreas. Os radares, hoje, são indispensáveis para o controle do tráfego aéreo.
  19). Emprego amplo das operações combinadas e anfíbias e a imprescindibilidade da unidade de comando.
  20). O surgimento de um novo escalão de comando: o Teatro de Operações (TO), para facilitar a coordenação, comando e controle de tropas numerosas (terrestres, navais e aéreas) em grandes espaços. Exemplos na Europa: TO Ocidental (Finlândia, Dinamarca-Noruega, Holanda-Bélgica-França e Inglaterra) e TO Oriental (Polônia, Bálcãs e Rússia).
  21). A consagração do escalão de combate internacional, o Grupo de Exércitos (GEx), criação da I GM. Quando do desembarque aliado na Normandia (“Dia D” – 6 de junho de 1944), ao comando supremo do general Eisenhower, a operação foi desencadeada pelo XXI Grupo de Exércitos, comandado pelo general inglês Montgomery. Tal GEx era integrado por dois Exércitos: um norte-americano e outro inglês.
  22). Necessária adaptação do apoio logístico para o atendimento dos imensos contingentes empregados em operações de grande rapidez, cujo melhor exemplo foi o dito apoio ao III Ex dos EEUU, ao comando do arrojado general Patton.
  23). A aparição de tropas irregulares (guerrilhas, “exércitos secretos”, “maquis, “partisans”, etc, como na histórica “Resistência Francesa” e na Itália).
  24). O grande avanço da medicina militar, especialmente quanto às cirurgias realizadas e à utilização dos antibióticos, como a  penicilina, descoberta pelo médico escocês Alexander Fleming, e disponível como fármaco a partir de 1941.
  25). A descoberta dos códigos da máquina de criptografia alemã “Enigma”, pelos ingleses, depois que uma réplica foi entregue à Inglaterra, após a invasão alemã da Polônia. Os Aliados puderam, então, rastrear tudo o que os nazistas planejavam. Alardearam que haviam construído um superradar, para não levantar suspeitas aos alemães, que viam as suas operações, particularmente nos mares, não darem certo. Tal fato abriu novos horizontes para a utilização amiúde, na guerra que se travava e nas do futuro, de novas máquinas com inúmeros códigos cifrados, em prol do sigilo das ações. Vários historiadores afirmaram que tal descoberta foi de capital importância, poupando inúmeras vidas e, segundo eles, abreviando a guerra por dois anos!
  26). A criação, em moldes modernos,  dos dois primeiros computadores (de tamanhos gigantescos), totalmente eletromecânicos e à válvula, pelo Exército e Marinha dos EEUU, em 1944, abrindo amplas perspectivas para a Arte da Guerra e o futuro da ciência e tecnologia. 
   27). Amplo emprego da espionagem, em particular a tecnológica, tendo em vista, especificamente, à célere criação e aperfeiçoamento de material bélico para o combate.
   28). Uso sistemático da propaganda, com o uso intensivo do rádio. A chamada “5ª coluna”, integrada por nacionais dos países invadidos, foi fundamental na contribuição para este desiderato.
  29). Aperfeiçoamento das técnicas de Guerra Psicológica - também chamada de “guerra de nervos” -,
  a partir dos chamados “centros de resistência”, pelos “maquis,”, “partisans”, etc. Almejava-se à “conquista dos espíritos” ou à “compração das mentes”, como se dizia desde a I GM. Anote-se que os comunistas chineses, na Guerra da Coreia, aplicaram, à larga, processos cruéis de baldeação ideológica dos prisioneiros, conhecidos como “lavagem cerebral”.
  30). Caráter total da guerra (além de militar, foi também diplomática, econômica, política, psicológica, etc), abrangendo todas as expressões ou campos do Poder Nacional das nações em beligerância e as suas populações civis; e, outrossim, global e tridimensional, no sentido espacial (ocorrendo em todas as latitudes e longitudes e nas três dimensões: terrestre, marítima - de superfície e submarina - e aérea); consigne-se que, hoje, ela é quadridimensional, levando-se em conta o domínio do espaço sideral, com a “varredura do espectro eletromagnético”, pela  Guerra Cibernética, já se falando em “guerra nas estrelas...” 
  31) Inalterabilidade dos Princípios de Guerra estabelecidos pelos beligerantes, merecendo que se destaquem, na guerra em comento, os da Surpresa, Massa, Rapidez e Unidade de Comando.
  32). Por derradeiro, cite-se o lançamento pelos EEUU, de duas bombas atômicas no Japão (Hiroshima e Nagasaki, nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, respectivamente). 
  4. Apreciações Finais
     
1). A II GM, com a singela, mas efetiva e heroica participação do Brasil, trouxe, como nenhuma outra já travada pelo homem, incontáveis contribuições em todos os campos das atividades humanas. É fato histórico consabido que as pesquisas científicas quando das guerras, em especial as da idade contemporânea, são as que mais impulsionam o progresso tecnológico na área civil, como se confirmou, de forma superlativa, na II GM. Apenas para citar algo com relação a este conflito, lembremo-nos do radar (indispensável no controle do tráfego aéreo); dos motores a jato; dos computadores, que abrem incomensuráveis perspectivas para as ciências da informática, da cibernética, da microeletrônica, da mecatrõnica, etc; dos plásticos; dos tecidos sintéticos; dos antibióticos (desde o uso da penicilina, durante a guerra), etc; e da energia nuclear, uma fonte energética imprescindível, atualmente, para a humanidade.
  2). Por final, urge que sejam assinaladas algumas consequências político-estratégicas decorrentes do conflito (de 1939 a 1945) que ceifou a vida de mais de 50 milhões de seres humanos:
 - O surgimento de uma superpotência, os EEUU, com um poder militar incontrastável (em especial por possuir a bomba atômica).
  - A promulgação da Carta das Nações Unidas.
  - O  redesenho geopolítico mundial, com o surgimento de novos países e a divisão da Alemanha e da Coreia.
  - Fim do colonialismo (particularmente em países africanos).
  - O antagonismo ideológico Ocidente (livre, cristão e democrático) x Oriente (comunista, internacionlista e ateu).
  - O advento da chamada “guerra fria’, em face do antagonismo antes referido. O dito “equilíbrio do terror”, em que EEUU e União Soviética jamais fizeram uso de seus artefatos nucleares, livrou a humanidade de uma hecatombe, sendo certo que, hoje, aumentou o número dos integrantes do “clube atômico”.
  - O estabelecimento, em 1947, pelos EEUU, da “Doutrina Trumann”, com vistas à ajuda aos países mais atingidos pela guerra (“Plano Marshall”); diga-se que a União Soviética se recusou, peremptoriamente, a aceitar tal ajuda.
  - O aparecimento, em 1949, de mais uma potência nuclear, a União Soviética; nesse ano, o comunismo é implantado na China  e é criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) com a finalidade de conter a expansão comunista na Europa.
  - A criação, em 1955, do Pacto de Varsóvia, uma coalizão militar de países sob a hegemonia da União Soviética.
  Aduza-se, como arremate deste Estudo, que após o término da II GM, ocorreram mais de 100 guerras, em especial no 3° Mundo - as “guerras por procuração” - em que os países desenvolvidos obtêm descomunais lucros com a venda de material bélico.

                      Cel. Inf e EM, Ref, Manoel Soriano Neto, Historiador Militar.
                                              Bibliografia e Referências
 - Arte da Guerra – Da Revolução Francesa à Era Nuclear; Ruas Santos, Francisco; Editora Acadêmica, AMAN, 1963.
  - Dicionário Histórico Militar, volumes 70 e 74;  Rodrigues, José Wasth; Publicação Avulsa, sem data; Biblioteca do CDocEx.

  - Doutrina Militar (Da Antiguidade à II GM); Editora Acadêmica, AMAN, 1979.
  - Torpedo, O Terror no Atlântico, Arantes, Marcus Vinicius de Lima, Editora Livre Expressão, São Paulo/Rio de Janeiro, 2012.
  - Planos da Aula de História Militar, do autor; Seção de História Militar, AMAN (1983/1987).