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sábado, 11 de julho de 2015

Brigada Militar apreende 30 celulares por dia

Em pouco mais de dois anos, ações do 9º BPM no Centro resultaram na apreensão de 3,5 mil aparelhos roubados ou furtados

Hygino Vasconcellos

Na Rua dos Andradas e na Voluntários da Pátria, no Centro de Porto Alegr, se concentram os dois principais pontos de venda de celulares furtados ou roubados. A abordagem à vítima acontece normalmente próximo desses locais, onde mais tarde vai ocorrer a venda dos aparelhos. Com lugar certo para a comercialização dos celulares, a Brigada Militar garante não dar sossego para os criminosos. Por dia são apreendidos de 20 a 30 celulares em operações de rotina dos PMs do 9º BPM, no Centro. A série de reportagens foi produzida pela Rede Record RS em conjunto com o Correio do Povo.
Em operações especiais, organizadas ao menos uma vez por semana, o número de aparelhos recolhidos passa dos cem, diz a capitã Martha Richter, comandante da 1ª Companha do 9º BPM. “Em uma tarde chegamos a encontrar 112 celulares”, contabiliza a oficial.
O tenente-coronel Francisco Vieira, comandante do 9º BPM, explica que a grande circulação de pessoas nessa área da Capital acaba atraindo os criminosos. Por dia, circulam 350 mil pessoas no Centro. O oficial entende que os autores do crime se valem de quatro fatores para levarem os aparelhos dos proprietários e colocá-los à venda. São eles: a vontade de cometer o crime, a oportunidade (criada pela vítima desatenta), garantia de venda e impunidade do sistema, que não mantém o ladrão por muito tempo preso.
Há também um outro fator, na outra ponta do esquema, com aquele que adquire o produto roubado. “Muita gente não se dá conta que comprar um aparelho roubado acaba impulsionando este tipo de crime. Muitos até sabem, mas querem adquirir um produto novo, com preço baixo”, analisa Martha Richter.
Para tentar conter a prática, o 9º BPM intensificou as abordagens e firmou uma parceria com a 2ª DP, que passou a receber os aparelhos apreendidos. Em mais de 2 anos, foram recuperados pelo batalhão 3,5 mil celulares roubados ou furtados. Somente no ano passado, foram mais de 2 mil aparelhos.


Registro de ocorrência é necessário

O escrivão Paulo Nunes, da 2ª DP da Capital, explica que são feitas três tentativas de contato com o dono do celular roubado. Normalmente, passam dois meses da primeira até a última. “Quase sempre consigo na primeira vez.” Caso o proprietário não seja encontrado, o aparelho vai para o depósito. Mas antes disso, os agentes lançam mão de uma série de recursos para localizarem a vítima. Desde redes sociais, contato por WhatsApp, por telefone ou a´te por intimação judicial.
A busca incessante não se limita apenas ao lesado. Quem está na posse de um aparelho de “segunda mão” também cai na “mira” dos policiais. Nesse caso, para que os agentes possam atuar é necessário que a vítima faça o registro da ocorrência, reforça o delegado Cesar Carrion. Sem comunicado, localizar o aparelho se torna muito mais complicado. Foi o caso da francesa, que não procurou a Polícia. Assim, encontrar o aparelho da turista só ocorreria caso o celular fosse apreendido em uma abordagem policial. Com tanto tempo passado após o roubo, a recuperação do celular da turista europeia é considerada uma situação inusitada.
O delegado disse que as buscas pelos donos dos celulares começam pela quebra dos dados cadastrais do proprietário através das empresas de telefonia. A Polícia também pode usar as informações enviadas por aplicativos do telefone. Isto serve para os celulares apreendidos e para aqueles que ainda não foram localizados. Nunes reforça que aplicativos de localização não garantem que o celular ou tablet sejam encontrados. O próprio criminoso pode formatar o telefone. Com isto, todos os dados e aplicativos do aparelho serão apagados. O policial indica a instalação de programas como o Cerberus ou Gotya, que ficam armazenados no sistema operacional, sem risco de serem excluídos.



Fonte: Correio do Povo, página 17 de 23 de junho de 2015.