Buenos
Aires – Os argentinos votaram
neste domingo por uma nova era em política, sem um Kirchner no
poder. Os três principais candidatos à Presidência, o governista
Daniel Scioli e os opositores Maurício Macri e Sergio Massa, foram
às urnas logo cedo. Scioli é o grande favorito. Ex-campeão mundial
de motonáutica, que teve o braço direito amputado após uma
competição, ele tem uma vantagem de cerca de dez pontos à frente
de Mauricio Macri, o prefeito conservador de Buenos Aires. A
incógnita das eleições, das quais participaram cerca de 32 milhões
de eleitores, é se Scioli conseguirá somar os votos necessários
para evitar o segundo turno. Caso não consiga, um novo pleito será
realizado em 22 de novembro.
O dia de votação começou às 9h
(de Brasília) e terminou às 19h. Por volta da meia-noite deveriam
começar a ser divulgados os primeiros números.
Eleição
marcada pela tranquilidade
JURANDIR
SOARES
Buenos
Aires – A Justiça Eleitoral
argentina tomou todas as providências para que estas eleições
transcorressem de maneira tranquila. Especialmente, porque na eleição
anterior houve fontes de denúncias de fraude em Tucumán. Em
primeiro lugar, houve um intenso treinamento para o pessoal que atuou
nas mesas de votação, o qual recebeu a incumbência de não só
receber os votos, mas também de proceder a contagem. A urna
eletrônica brasileira não fez escola no país vizinho. O voto
continua sendo em papel. Uma cédula tinha os nomes dos seis
candidatos à Presidência. Finalizada a votação e feita a contagem
de votos e lavrada e ata, a urna era encaminhada através de
veículos, com GPS ou com a presença de fiscais, para uma central de
contagem. A partir daí que entrava a era digital. Os dados eram
enviados, via Internet, para um centro de computação, o qual ficava
com a atribuição de fornecer o resultado final.
Essa tranquilidade no processo
eleitoral foi antecedida de uma tranquilidade na campanha eleitoral.
Os candidatos fizeram um acordo para não haver acusações nem
denúncias de um para outro. Houve um único debate ao qual não
compareceu o candidato governista Daniel Scioli. Houve acordo também
para que esperassem números concretos da votação para anunciar
vitória. O reflexo de tudo isso se viu nas ruas. Caminhando por
Buenos aires nos dias que antecederam a eleição e mesmo no domingo
não se percebia, salvo uns poucos painéis, que o país estava
realizando um processo democrático tão importante. Afinal, os
argentinos estavam elegendo presidente e vice-presidente da
República, governadores provinciais, intendentes municipais, 24
senadores, 140 deputados federais e mais 19 representantes para o
Parlamento do Mercosul.
Com relação à votação para a
Presidência não havia dúvida sobre quem seriam os três primeiros.
A expectativa ficava por conta do percentual de votos, pois não se
sabia se Daniel Scioli, o candidato governista, alcançaria os 40%
dos votos, o que lhe daria a vitória no primeiro turno, pois um
segundo turno significa uma eleição completamente diferente, tendo
em vista a já anunciada união entre Mauricio Macri e Sergio Massa.
Fonte: Correio do Povo, página 8 de
26 de outubro de 2015.