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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Aprovação da meta fiscal não mostra união na base aliada, dizem parlamentares

O governo conseguiu hoje (2) maioria em todas as votações que envolveram a análise, pelo plenário do Congresso Nacional, do projeto de lei que altera a meta fiscal de 2015. A oposição tentou obstruir as votações apresentando diversos requerimentos e destaques, na tentativa de reduzir o quórum e adiar a apreciação da matéria. Mesmo ganhando em todos os embates, não há consenso entre os parlamentares sobre a união da base aliada.
Para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), o fato de o anúncio sobre o acatamento do pedido de impeachment ter acontecido em meio à votação e mesmo assim ela ter continuado com vitória do governo demonstra que o Congresso está unido em torno de uma agenda relevante para o país.
“Eu acho que nós hoje demos uma demonstração importante de que a nossa base está se consolidando, as pessoas estão preocupadas com o país, não simplesmente em querer desgastar o governo. E como tal eu acho que há possibilidade de nós rejeitarmos essa tentativa de golpe”, disse.
A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) também lembrou que o governo vem ganhando todas as votações importantes no último mês e considera isso uma demonstração de força. “O governo nesse último mês e meio tem ganhado sempre nas votações congressuais, com uma margem às vezes menor, às vezes maior... Hoje foi com uma margem maior ainda. Então eu acho que o governo vem demonstrando uma recuperação do seu diálogo com o Congresso”.
A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), no entanto, faz outra leitura e considera que a vitória do governo pouco antes do anúncio sobre o acatamento do pedido de impeachment é “um sinal da profundidade da crise que estamos vivendo”. Ela disse que votou a favor da revisão da meta para evitar a piora do quadro econômico do país.
“Eu votei a aprovação da meta, era uma necessidade, uma emergência. É como você estar numa UTI, um paciente está lá recebendo injeção, oxigênio e tudo. Você tira isso para o paciente morrer? Não. Eu pensei no Brasil, não pensei no governo. E por isso votei a favor, pelo menos tenho a consciência tranquila de não ter aprofundado a crise”, disse.
O senador oposicionista Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) também não acredita que a aprovação da meta tenha sido uma demonstração de que o governo tem apoio da maioria do Congresso. Para ele, a vitória foi pontual. “Foi uma vitória parlamentar que envelheceu cinco minutos depois de consumada, com o início do processo de impeachment”, avaliou.
O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveria (CE) considerou que a aprovação da meta “foi mais uma demonstração de responsabilidade com o país do que uma demonstração de força do governo”. “Sem a mudança da meta fiscal, obviamente que o país ia parar. A saúde, que já não vale nada, que já é um desastre, como ia ficar? Os hospitais todos sem receber, transferência de recursos sem acontecer. Então, não tinha outra alternativa a não ser fazer a alteração da meta fiscal. Isso resolve não só a questão do governo, mas a questão do país. Ou pelo menos ameniza a questão do país”, analisou.
O líder peemedebista, no entanto, minimizou o impacto de uma eventual abertura de processo de impeachment no Congresso sobre as votações consideradas relevantes para a economia e, consequentemente, para o governo nas próximas semanas. “O Brasil vai continuar andando, funcionando, nós vamos continuar trabalhando. Pelo menos no que depender de nós aqui [no Senado] vai continuar trabalhando naturalmente”, disse. No entanto, ele reconheceu que há uma questão política. “Ninguém pode deixar de reconhecer que há uma questão política”.