Em
meio às articulações da reforma ministerial, à divulgação de
pesquisa CNI/Ibope, que aponta a manutenção de índice recorde de
rejeição da gestão de Dilma Rousseff, o presidente do Tribunal de
Contas da União, Aroldo Cedraz, confirmou que será julgado na
próxima semana o processo sobre as contas do governo de 2014,
marcado pela polêmica das “pedaladas fiscais”. O clima no
Planalto é de pessimismo e a rejeição das contas é dada como
praticamente certa. A expectativa é grande, já que há temor de que
o desfecho do caso no TCU possa ser utilizado como base jurídica
para reforçar clima favorável ao impeachment no Congresso.
Especialistas sustentam que as pedaladas não são suficientes para
embasar o impeachment, mas a essência do processo é política e
depende do estado de espírito e dos cálculos feitos pela oposição
e pelos sempre insatisfeitos aliados. O cenário fica ainda pior
devido à crise econômica, que atinge em cheio o bolso da população
e que está exigindo medidas impopulares, que agradavam já o baixo
nível de confiança na presidente. Ontem à tarde, em reunião com a
cúpula petista, Lula defendeu que Dilma adote discurso de que as
mudanças no Ministério não são um caminho para evitar o
impeachment, mas para marcar nova fase e superar a crise. Como se
fosse possível esconder que Dilma, o Planalto e o PT se tornaram
ainda mais reféns do PMDB visando à permanência na cadeira da
presidência.
Fortunati responde
Em
nota à coluna, o prefeito José Fortunati afirmou que “o PC do B
tem uma criatividade fantástica para justificar suas perdas e atos.
Da mesma forma como defende que a Albânia é um país democrático,
tenta me imputar a responsabilidade pela saída do deputado João
Derly”. Fortunati disse que recebeu dois telefonemas de João
Derly, e que, em ambos contatos, afirmou que nem ele, nem sua esposa,
Regina Becker, ingressariam na Rede.
PGE recorre
A
Procuradoria-Geral do Estado recorreu ao Supremo Tribunal Federal, na
terça-feira, para tentar reverter a decisão do ministro Marco
Aurélio Mello, que indeferiu a ação cautelar que visava evitar o
bloqueio das contas do Estado em função dos atrasos no pagamento de
parcelas da dívida com a União. Com o recurso, a ação cautelar do
Executivo passará por nova análise, agora no plenário, sendo
submetida a todos os ministros da Corte.
Efeito contrário
A
pressão de integrantes do PDT, com o coordenador da bancada federal
gaúcha, Giovani Cherini, em defesa da substituição do secretário
de Segurança, Wantuir Jacini, pelo deputado estadual trabalhista
Enio Bacci, ao menos por ora, está gerando efeito contrário.
Integrantes do Executivo afirmam que apesar de algumas manifestações
polêmicas, Jacini contra com a total confiança do governador José
Ivo Sartori. O secretário teria sido escolhido para o cargo
justamente por seu perfil técnico e mais comedido, distinto de
Bacci. Além disso, apesar das limitações financeiras que atingem à
área, a avaliação é de que Jacini busca soluções sem críticas
aos cortes, assume as deficiências e blinda Sartori.
Construção pessoal
No
ato mais concorrido desde o início do governo, foi confirmada medida
para quitar recursos atrasados com hospitais referentes a 2014 e
2015. A abertura de linhas de crédito foi uma construção pessoal
do secretário da Saúde, João Gabbardo, que contrariou apostas de
que o passivo de 2014 não seria pago e buscou uma saída.
Apartes
O
rompimento do publicitário Jeferson Monteiro, criador do perfil
Dilma Bolada – que conta com milhares de seguidores nas redes
sociais – com o governo Dilma, foi um dos assuntos mais comentados
ontem. No texto em que justificou sua posição, Jeferson afirmou que
para Dilma “só importa o apoio do PMDB e de parte do empresariado
para que ela se mantenha lá onde está. Trocou o governo pelo
cargo”. Outra versão para o rompimento, no entanto, é de que
Jeferson teria deixado de receber recursos por meio de agências que
não teve o contrato renovado pelo PT.
Fonte: Correio do Povo, página 3 de
1º de outubro de 2015.