Antiga
Inspetoria de Terras guarda mais de mil volumes contendo registros
sobre 60 cidades do RS.
O
Departamento de Comandos Mecanizados (DCM) da Secretaria da
Agricultura do Estado, com sede em Frederico Westphalen, antiga
Inspetoria de Terras, mantém mais de mil volumes de documentos
relacionados à colonização de 60 municípios das regiões Norte e
Noroeste do Rio Grande do Sul. Muitos documentos relacionados à
distribuição de terras datam de 1921.
O
materal é mantido no órgão regional que funciona em um prédio de
madeira construído em 1937, na rua José Cañellas, 359, centro da
cidade. Segundo o agente regional do DCM, José Armando Fortes,
muitas pessoas utilizam os documentos para pesquisa e estudos sobre a
colonização dessa parte do Estado. “Temos aqui registros com o
valor histórico e até sentimental inestimáveis”, diz.
O
acervo registra “toda a caminhada de desdobramento e colonização
de dezenas de municípios”. O agente enfatiza que o material é
mantido com muita dedicação. Representa importante fonte de
informações para pesquisadores, estudantes e a população em geral
sobre divisões de áreas agrícolas. “Temos relatórios sobre os
que compraram terras e pequenos mapas detalhando as divisas”,
destaca. Segundo Fortes, o material serve também de prova e para
consulta e estudo sobre lotes rurais.
O
pesquisador Vilson Ferigollo afirma que todo o material encontrado no
DCM tem um valor extraordinário. “Não podemos dimensionar a
importância dos registros ali contidos e que felizmente estão sendo
guardados de forma responsável”, diz.
Ferigollo
revela que boa parte dos dados contidos no livro “Rostos e rastros
do Barril”, que lançou há poucos dias, foram obtidos nos
documentos encontrados na antiga Inspetoria de Terras. Barril era o
nome do antigo distrito, depois transformado em Frederico Westphalen.
Pioneiro
pagou 750 contos pela terra
O
pesquisador Vilson Ferigollo estudou durante quatro anos os arquivos
do Departamento de Comandos Mecanizados para elaborar o livro “Rostos
e rastros do Barril”. Os documentos referem-se, na sua maioria, a
correspondências encaminhadas na época à Secretaria da Agricultura
do Estado, solicitando ou cancelando áreas de terras. “Cada 25
hectares (área denominada de colônia na época) eram adquiridos, na
década de 30, pelo valor de 750 contos de réis, com prazo de 10
anos para pagar”, relata.
Os
documentos são ricos em detalhes quanto à pessoa que reivindicava
terra, contêm dados de onde vinha, quantos filhos tinha e a
profissão que exercia. O material reúne, também, pequenos mapas,
com desenhos das limitações das terras.
O
acervo mostra os colonizadores da região vieram de Caxias do Sul,
Bento Gonçalves, Garibaldi, Silveira Martins e Nova Palma. “Quando
lemos esses documentos na antiga Inspetoria de Terras, nos
transportamos ao passado e dimensionamos as dificuldades encontradas
pelos pioneiros”, diz Ferigollo. “Tinham um longo caminho a
percorrer”.
Fonte:
Correio do Povo, página 16 de 28 de novembro de 2004.