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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Acervo reúne documentos coloniais

Antiga Inspetoria de Terras guarda mais de mil volumes contendo registros sobre 60 cidades do RS.
O Departamento de Comandos Mecanizados (DCM) da Secretaria da Agricultura do Estado, com sede em Frederico Westphalen, antiga Inspetoria de Terras, mantém mais de mil volumes de documentos relacionados à colonização de 60 municípios das regiões Norte e Noroeste do Rio Grande do Sul. Muitos documentos relacionados à distribuição de terras datam de 1921.
O materal é mantido no órgão regional que funciona em um prédio de madeira construído em 1937, na rua José Cañellas, 359, centro da cidade. Segundo o agente regional do DCM, José Armando Fortes, muitas pessoas utilizam os documentos para pesquisa e estudos sobre a colonização dessa parte do Estado. “Temos aqui registros com o valor histórico e até sentimental inestimáveis”, diz.
O acervo registra “toda a caminhada de desdobramento e colonização de dezenas de municípios”. O agente enfatiza que o material é mantido com muita dedicação. Representa importante fonte de informações para pesquisadores, estudantes e a população em geral sobre divisões de áreas agrícolas. “Temos relatórios sobre os que compraram terras e pequenos mapas detalhando as divisas”, destaca. Segundo Fortes, o material serve também de prova e para consulta e estudo sobre lotes rurais.
O pesquisador Vilson Ferigollo afirma que todo o material encontrado no DCM tem um valor extraordinário. “Não podemos dimensionar a importância dos registros ali contidos e que felizmente estão sendo guardados de forma responsável”, diz.
Ferigollo revela que boa parte dos dados contidos no livro “Rostos e rastros do Barril”, que lançou há poucos dias, foram obtidos nos documentos encontrados na antiga Inspetoria de Terras. Barril era o nome do antigo distrito, depois transformado em Frederico Westphalen.


Pioneiro pagou 750 contos pela terra

O pesquisador Vilson Ferigollo estudou durante quatro anos os arquivos do Departamento de Comandos Mecanizados para elaborar o livro “Rostos e rastros do Barril”. Os documentos referem-se, na sua maioria, a correspondências encaminhadas na época à Secretaria da Agricultura do Estado, solicitando ou cancelando áreas de terras. “Cada 25 hectares (área denominada de colônia na época) eram adquiridos, na década de 30, pelo valor de 750 contos de réis, com prazo de 10 anos para pagar”, relata.
Os documentos são ricos em detalhes quanto à pessoa que reivindicava terra, contêm dados de onde vinha, quantos filhos tinha e a profissão que exercia. O material reúne, também, pequenos mapas, com desenhos das limitações das terras.
O acervo mostra os colonizadores da região vieram de Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi, Silveira Martins e Nova Palma. “Quando lemos esses documentos na antiga Inspetoria de Terras, nos transportamos ao passado e dimensionamos as dificuldades encontradas pelos pioneiros”, diz Ferigollo. “Tinham um longo caminho a percorrer”.

Fonte: Correio do Povo, página 16 de 28 de novembro de 2004.