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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A vida e o tempo, por Jarbas Lima

O desperdício do tempo é um pecado mortal. A vida é curta e preciosa. A perda de tempo é merecedora da mais absoluta condenação moral. O tempo perdido é irrecuperável. É prodigalidade. Utopia impossível. Desprezar o tempo é negar valor à vida. A indiferença às circunstâncias traça as linhas do nosso caráter. As circunstâncias ditam as causas.
A vida encontra-se sempre em certas circunstâncias, numa disposição em torno – circum – das coisas e das pessoas. O mundo é circunstâncias, é este mundo, aqui, agora. Viver é viver aqui, agora. A vida é, ao mesmo tempo, fatalidade e liberdade. Esta fatalidade oferece-nos um repertório de possibilidades. O determinismo nega a liberdade. O tempo é o presente, o futuro ainda não é e o passado já foi. A nossa vida está alojada, no instante presente. O futuro descobre o passado para realizar-se. O passado é agora real porque o revivo. O meu futuro é quando descubro o meu presente. E tudo isso acontece num instante. Em cada instante, a vida dilata-se nas três dimensões do tempo real. Estamos ancorados no presente. No solo em que nossos pés pisam. O agora ou presente inclui todo o tempo: o já, o antes e o depois. Vivemos no presente, no instante atual. Somos já um feixe de desejos, de anseios e de ilusões. Reflexões de Ortega y Gasset! O presente identifica os limites temporais de nossas obrigações republicanas.
Agora” é o nosso tempo, o nosso mundo, a nossa vida. A liberdade move a nossa vida. A vida está constituída pelo livre-arbítrio. Somos também responsáveis pela desgraça que assola o Brasil pela indiferença. Este “agora” é o nosso presente, por ação ou omissão. Por vontade ou covardia. Esta é a nossa democracia. A justiça não será a mesma depois do mensalão, da Operação Lava Jato, na prática dos juízes, promotores, procuradores, delegados e advogados. Estes vivem na liberdade da imprensa. Testemunham a apropriação privada dos bens públicos. A corrupção é avassaladora. “Faz dos caminhos rios de lama, transforma os campos em charco, macula de lodo todas as flores, turva as fontes e os lagos” (Eduardo Prado). O sol virá com a justiça!

Professor de Direito


Correio do Povo, edição de 9 de agosto de 2015, página 2.