O
desperdício do tempo é um pecado mortal. A vida é curta e
preciosa. A perda de tempo é merecedora da mais absoluta condenação
moral. O tempo perdido é irrecuperável. É prodigalidade. Utopia
impossível. Desprezar o tempo é negar valor à vida. A indiferença
às circunstâncias traça as linhas do nosso caráter. As
circunstâncias ditam as causas.
A
vida encontra-se sempre em certas circunstâncias, numa disposição
em torno – circum – das coisas e das pessoas. O mundo é
circunstâncias, é este mundo, aqui, agora. Viver é viver aqui,
agora. A vida é, ao mesmo tempo, fatalidade e liberdade. Esta
fatalidade oferece-nos um repertório de possibilidades. O
determinismo nega a liberdade. O tempo é o presente, o futuro ainda
não é e o passado já foi. A nossa vida está alojada, no instante
presente. O futuro descobre o passado para realizar-se. O passado é
agora real porque o revivo. O meu futuro é quando descubro o meu
presente. E tudo isso acontece num instante. Em cada instante, a vida
dilata-se nas três dimensões do tempo real. Estamos ancorados no
presente. No solo em que nossos pés pisam. O agora ou presente
inclui todo o tempo: o já, o antes e o depois. Vivemos no presente,
no instante atual. Somos já um feixe de desejos, de anseios e de
ilusões. Reflexões de Ortega y Gasset! O presente identifica os
limites temporais de nossas obrigações republicanas.
“Agora”
é o nosso tempo, o nosso mundo, a nossa vida. A liberdade move a
nossa vida. A vida está constituída pelo livre-arbítrio. Somos
também responsáveis pela desgraça que assola o Brasil pela
indiferença. Este “agora” é o nosso presente, por ação ou
omissão. Por vontade ou covardia. Esta é a nossa democracia. A
justiça não será a mesma depois do mensalão, da Operação Lava
Jato, na prática dos juízes, promotores, procuradores, delegados e
advogados. Estes vivem na liberdade da imprensa. Testemunham a
apropriação privada dos bens públicos. A corrupção é
avassaladora. “Faz dos caminhos rios de lama, transforma os campos
em charco, macula de lodo todas as flores, turva as fontes e os
lagos” (Eduardo Prado). O sol virá com a justiça!
Professor
de Direito
Correio
do Povo, edição de 9 de agosto de 2015, página 2.