Nação
criada por transplante cultural, sem tradição, estará ameaçada na
sua continuidade e evolução. Herdamos com a civilização suas
grandezas e misérias. Entre as misérias as chagas sociais. A
tradição é valor inestimável. Não é a imobilidade do ser
social, a fidelidade de um passado morto. Ela é dinamismo, tendência
para a frente. Lei da constância original é a fixidez. A evolução
para o futuro é atitude transitiva, tensão vital. Prosperidade. A
natureza, como a sociedade, resiste às variações, não realiza
saltos. Evolução é valorização do próprio ser. Sem tradição
não é convicção, não há certeza.
Tradição é dinamismo, Concilia-se
com o que é fundamental, inerente, inevitável no homem. Exigências
da natureza. Novas maneiras de produzir Por osso descobre, inventa.
As instituições tradicionais, na visão de Bonald, não são
válidas por serem antigas, mas antigas por serem válidas. Tradição
não é vulgaridade, arcaísmo, saudade, nostalgia, lembranças. Não
é paixão cega, fidelidade a desvalores, taras do passado, males,
erros, imperfeições, injustiças. O que se deve amar e seguir na
tradição é o seu conteúdo de valores positivos, comprovados pelas
experiências históricas. É a esses valores que devemos fidelidade,
não por serem passado, mas por serem eternos. O presente e o futuro
valerão ao se encarnarem a novas circunstâncias históricas,
refletindo ordenamentos sociais mais justos.
Tradição é permanência,
continuidade, no equilíbrio das forças que a geraram. Tradição é
autêntica constituição de um povo. Aquela ensinada pelo passado e
recepcionada no presente. Para que não nos decepcionemos, nós
gaúchos, guardamos com lucidez e energia nossos valores eternos. O
momento não é de ciência, mas de consciência, do primado de
valores. Neste dia 20 de Setembro renovemos nossos compromissos com
Deus, com a família, com o Rio Grande, com o Brasil. Que prevaleça
a moral, a dignidade, a ética, o caráter, a decência, a
honestidade. Essa data sagrada, 20 de Setembro, hoje é lei.
Honremo-la. “Povo que não tem virtude acaba por ser escravo!”
Professor de Direito
Fonte: Correio do Povo, página 2 da
edição de 20 de setembro de 2015.