Como
Cristina Fernandez Kirchner não conseguiu mudar a constituição
para concorrer a um terceiro mandato, os argentinos irão às urnas
no próximo domingo, dia 25, para escolher o seu sucessor. E, por
incrível que pareça, com todo o desgoverno de Cristina, o candidato
apoiado por ela está na frente nas pesquisas de opinião. É Daniel
Scioli, governador da província de Buenos Aires que concorre pela
Frente para a Vitória. Seu principal opositor é o ex-prefeito de
Buenos Aires Maurício Macri, que concorre pelo Mudemos. A terceira
força é Sérgio Massa, do Unidos para uma Nova Argentina. As mais
recentes pesquisas indicam Scioli com entre 38 e 41% dos votos,
incluindo os indecisos. Macri com 30% e Massa com 24%. Os outros três
concorrentes não chegam a pontuar 4%. Para vencer no primeiro turno
é preciso alcançar 45% dos votos ou 40% com uma diferença de 10%
para o segundo colocado.
O detalhe é que Scioli, apesar de
ser o candidato governista, afirma que fará um governo diferente do
de Cristina Kirchner – a quem acusa de ter isolado a Argentina. Diz
ele que quer abrir o país para o mundo, e que o primeiro passo para
isso passa pelo Brasil. Acontece que o isolamento da Argentina se dá
por causa do calote aplicado nos credores internacionais ao tempo do
governo de Néstor Kirchner. Graças a isto, o país não consegue
crédito no mercado e tem que gastar suas reservas monetárias – as
quais, segundo dados do FMI, estarão zeradas quando Cristina passar
o governo para o seu sucessor. A única forma que a Argentina tem
hoje de auferir dólares é com as exportações. Mas estas
diminuíram sensivelmente devido às taxas que o governo passou a
aplicar e também à crise econômica que se estabeleceu no mundo
desde o ano de 2008.
Além do cofre vazio, Cristina deixou
também uma inflação, que segundo cálculos de economistas está
beirando os 30%, mas que para o Indec, o IBGE argentino, está em
12%. Mudar esse quadro de um país que já se equivaleu aos padrões
europeus será o desafio para o vencedor.
Fonte: Correio do Povo, página 6 de
18 de outubro de 2015.