A
quinta vez que Antônio Augusto Borges de Medeiros foi eleito
governador do Rio Grande do Sul deu origem a conflito armado que
durou 324 dias.
Em 14 de setembro de 1923, Joaquim
Francisco de Assis Brasil assinou, no castelo de Pedras Altas, de sua
propriedade no município de Pinheiro Machado, o documento que selou
a paz entre maragatos (oposicionistas) e chimangos (situacionistas).
O pacto que previa reforma na Constituição para proibir mais uma
reeleição de Borges, foi firmado por ele no dia seguinte, em Porto
Alegre. O acordo foi mediado pelo general Setembrino de Carvalho,
ministro da Guerra do presidente da República Artur Bernardes.
A nova candidatura de Borges à
presidência do Estado provocou reação da oposição, que se
manifestou contrária à longa permanência do líder do Partido
Republicano Rio-Grandense (PRR) no poder. O Partido Federalista e
dissidentes do PRR fundaram a Aliança Libertadora e apresentaram
estancieiros e diplomata Assis Brasil. A campanha foi marcada por
confrontos entre os adversários e formação de grupos armados de
ambas as partes. A guerra eclodiu no dia da nova posse de Borges: 25
de janeiro de 1923. Integrantes da Aliança Liberal deram início ao
conflito, denunciando fraude nas eleições, Em maio e junho, o
presidente Bernardes enviou emissários para tentar a pacificação,
mas Borges não aceitou a condição básica, a renúncia do governo.
Em outubro, Setembrino chegou ao Estado com proposta que foi debatida
até dezembro sem cessar fogo.
Além de por fim à era Borges de
Medeiros, a Paz de Pedras Altas uniu facções de republicanos, num
grupo que, liderado por Getúlio Vargas, abriu caminho rumo à
Revolução de 1930. A Revolução de 1923 teve poucos confrontos
violentos se comparada com a revolta das degolas, ocorrida de 1893 a
1895.
No total, deixou menos de mil mortos,
contra as mais de 10 mil vítimas de 30 anos antes. Historiadores
cotam que o próprio Borges pediu que evitassem matanças abrindo
fogo só no caso de ataques dos inimigos.