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sábado, 21 de novembro de 2015

A determinação dos países árabes pela autonomia

Paralelamente, os demais países da região foram conquistando sua independência, mas permanecendo por longos anos sob o tacão do colonizador. De uma forma ou de outra, Inglaterra e França mantiveram presença, especialmente militar, naqueles países. O Iraque, por exemplo, tornou-se independente em 1932, sob Faiçal I, que, queria governar em Damasco, mas ganhou Bagdá de presente. Mas as tropas inglesas viriam intervir maciçamente no país em 1941, sob o pretexto de dissolver um governo pró-nazista que se estruturava. A monarquia no Iraque durou até 1958, quando um golpe militar, liderado pelo general brigadeiro Abdul Karim Kassem derrubou e assassinou o rei Faiçal II e o príncipe herdeiro Abdullah.
A Jordânia teve reconhecida sua independência em 1928, mas a Inglaterra manteve o controle militar e financeiro até 1948. O país chamava-se inicialmente Frasnjordânia, nome que foi mantido até 1949, quando se tornou o Reino Hachemita da Jordânia. O Egito, que também se tornara um protetorado inglês em 1914, conseguiu fazer com que a Inglaterra concordasse em retirar-se do país em 1936. Mas esta retirada deve como exceção a zona do Canal de Suez. E em 1940 – 2 as forças britânicas voltaram a utilizar-se do país como base para combater a Itália e a Alemanha, por ocasião da Segunda Guerra Mundial.
A Síria, da mesma forma, teve as suas terras ocupadas pelos franceses durante a Segunda Guerra Mundial. A retirada se deu em 1944, quando o país adquiriu sua independência. Já o Líbano foi declarado independente pela França livre em 1941, ocasião em que foi assinado o chamado Pacto Nacional, estabelecendo a divisão d poderes entre cristãos e muçulmanos com base na representação proporcional. A França manteve o controle do país até 1945, quando suas tropas se retiraram.
Assim é que, mesmo sob a pressão do colonizador, os países da região conseguiram tornar-se independentes, basicamente durante o período entre as duas grandes guerras. Colaboraram para isso a determinação dos povos árabes e o enfraquecimento das duas grandes potências mundiais, que passaram a ter suas atenções voltadas para o confronto com as forças do Eixo.
É inegável que a ocupação europeia da Arábia deu-se de forma diferente da ocupação otomana. Os europeus levaram o progresso econômico e científico a um região que estivera mergulhada nas trevas ao longo de quatro séculos. O grande problema, e que permanece até hoje, é que o Ocidente nunca soube entender o Oriente. Os europeus sempre deixaram transparecer seu desprezo pela religião, costumes e tradições dos árabes, sempre tratados com um indisfarçável desprezo. Em grande parte isso se dá porque os muçulmanos como um todo nunca conseguiram a separação entre Igreja e Estado pregada por John Locke e que os Estados Unidos adotaram há 200 anos. Para os muçulmanos a religião sempre foi um meio de resistência às potências coloniais, assim como também não deixou de moldar as características despóticas e feudais de muitos de seus Estados, dos quais o Irã e a Arábia Saudita são os maiores exemplos. Até hoje o Corão ainda é sinônimo de Constituição em muitos países da região. E não é sem razão que o termo “jihad” - guerra santa – surgiu como forma de combater o inimigo em nome de Deus, o que se constituía num fator de unidade nacional.
Em países mais ortodoxos, como o xiita Irã ou a sunita Arábia Saudita, as leis do islamismo chegam a ser incorporadas aos códigos Civil e Penal do Estado. Mesmo em meio às profundas transformações provocadas pela exploração do petróleo, o islamismo foi sempre sendo adaptado às legislações dos países do Oriente Médio.
E o consumo de álcool, proibido pelos ditames do Corão, é vetado até hoje na maioria dos países muçulmanos. Os infratores são sentenciados a chibatadas em praça pública.