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segunda-feira, 15 de junho de 2015

A Lei dos Crimes Hediondos

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, está propondo que a Lei dos Crimes Hediondos seja revista. A sugestão do ministro Thomaz Bastos foi recebida com reserva pelo meio jurídico, embora especialistas admitam que seus efeitos não foram alcançados, pois o número de crimes elencados na lei aumentou de 1990, quando entrou em vigor, para cá. Como consequência, por inafiançáveis os crimes hediondos e pela obrigatoriedade do cumprimento da pena em regime fechado, houve um aumento considerável na lotação dos presídios abarrotados.
A inclusão do homicídio qualificado na Lei dos Crimes Hediondos talvez seja o ponto determinante da sugestão apresentada pelo ministro Thomaz Bastos, no sentido de que a lei seja revista. O sequestro e o tráfico de drogas são exemplos de crimes que justificam penas mais pesadas e em regime fechado. De qualquer forma, ainda que polêmica forte seja estabelecida nos meios jurídicos e pela sociedade, por meio de suas entidades de classe, é importante que a questão seja debatida à exaustão. O que chama especial atenção é a advertência feita pelo ministro Thomaz Bastos de que os presídios, por maior que seja o número de novos prédios construídos, não conseguirão abrigar o número crescente de condenados. A aplicação de penas alternativas, sempre que possível a critério do julgador, poderia concorrer para reduzir o ingresso nos estabelecimentos penitenciários.
Outra contribuição seria acelerar o sistema que informa da conclusão da pena, evitando, o que é frequente, a permanência, sem mais razão de ser, daqueles que já cumpriram a sentença condenatória. Mas, mesmo que sejam adotadas todas as possibilidades legais que permitam a redução da população carcerária, não se pode desconhecer que o próprio sistema penitenciário está clamando por completa revisão, tão insignificante tem sido o resultado que dele seria lícito esperar quanto à recuperação do apenado, em termos de ressocialização. As rebeliões, com alarmante frequência nos presídios, e a atuação desenvolva do crime organizado, comandado de dentro das cadeias completam o quadro caótico do sistema penitenciários brasileiro.


Fonte: Correio do Povo, editorial da edição de 11 de agosto de 2004, página 4.