Antonio Góis-Globo-20) 1. Ao investigar a base de dados do Censo da Educação Superior no Brasil, a pesquisadora Rachel Pereira Rabelo descobriu um dado inédito e preocupante: dos alunos que ingressaram em 2009 nos cursos de licenciatura em física, biologia, matemática e química, apenas uma minoria consegue concluir o curso. A situação mais preocupante está em física, onde somente um em cada cinco (21%) estudantes obtém o diploma. Em matemática e química, a relação é de apenas um em cada três universitários (34% em ambos os cursos). Em biologia, a taxa é de 43%.
2. Os dados constam de sua dissertação de mestrado na Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE. Rachel, que é também servidora do Inep (instituto vinculado ao MEC responsável pelas avaliações e censos educacionais), conseguiu trabalhar pela primeira vez com dados longitudinais dos estudantes, ou seja, pôde acompanhar até 2013 a trajetória de uma mesma geração de alunos que ingressou nesses cursos cinco anos antes. Isso só foi possível porque, a partir de 2009, os dados do censo permitiram identificar cada universitário em todo o seu percurso acadêmico.
3. Além de uma minoria de alunos conseguir se diplomar nessas licenciaturas, a tese mostra que, desses poucos que se formam, a maioria, uma vez no mercado de trabalho, acaba desistindo da profissão e migra para outras ocupações, possivelmente em busca de melhores salários. Em 2013, de acordo com o Censo Escolar, um terço das turmas do ensino médio não tiveram docentes de biologia (33%), química (35%) ou física (36%) para dar aulas. Em matemática, a proporção foi de 25%.
4.Rachel fez projeções do número de professores em sala de aula até 2028. Elas indicam que o problema é mais preocupante em física e matemática, pois, mesmo no cenário mais otimista, a estimativa é de que chegaremos em 2028 com um número menor de professores até do que o verificado hoje nessas duas áreas. Ao fim, a conclusão do estudo é de que seria muito mais eficiente desenvolver políticas para evitar a evasão nesses cursos do que priorizar a ampliação do número de vagas. É como se estivéssemos insistindo em colocar mais água numa banheira com vazamentos por todos os lados.
Ex-Blog do Cesar Maia
2. Os dados constam de sua dissertação de mestrado na Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE. Rachel, que é também servidora do Inep (instituto vinculado ao MEC responsável pelas avaliações e censos educacionais), conseguiu trabalhar pela primeira vez com dados longitudinais dos estudantes, ou seja, pôde acompanhar até 2013 a trajetória de uma mesma geração de alunos que ingressou nesses cursos cinco anos antes. Isso só foi possível porque, a partir de 2009, os dados do censo permitiram identificar cada universitário em todo o seu percurso acadêmico.
3. Além de uma minoria de alunos conseguir se diplomar nessas licenciaturas, a tese mostra que, desses poucos que se formam, a maioria, uma vez no mercado de trabalho, acaba desistindo da profissão e migra para outras ocupações, possivelmente em busca de melhores salários. Em 2013, de acordo com o Censo Escolar, um terço das turmas do ensino médio não tiveram docentes de biologia (33%), química (35%) ou física (36%) para dar aulas. Em matemática, a proporção foi de 25%.
4.Rachel fez projeções do número de professores em sala de aula até 2028. Elas indicam que o problema é mais preocupante em física e matemática, pois, mesmo no cenário mais otimista, a estimativa é de que chegaremos em 2028 com um número menor de professores até do que o verificado hoje nessas duas áreas. Ao fim, a conclusão do estudo é de que seria muito mais eficiente desenvolver políticas para evitar a evasão nesses cursos do que priorizar a ampliação do número de vagas. É como se estivéssemos insistindo em colocar mais água numa banheira com vazamentos por todos os lados.
Ex-Blog do Cesar Maia