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domingo, 13 de dezembro de 2015

A Guerra da Crimeia


Nunca existe um motivo único para justificar uma guerra. Desentendimentos, disputas, diferenças de opinião e de crenças vão se acumulando ao longo dos anos e acabam sendo as verdadeiras razões de conflitos. O chamado “motivo” costuma ser apenas a “gota d'água”.


O pano de fundo


A ironia da frustrada invasão russa por Napoleão em 1812 foi ter permitido e encorajado os romanos a adquirirem importância na cena internacional. A Rússia de Catarina, a Grande (1729-1796) havia sido significativamente pró-britânica. Seu sucessor, Paulo I (1796-1801) tendia para Bonaparte, mas não viveu muito. Seu filho, Alexandre I (1801-1825) rapidamente realinhou a Rússia com os britânicos até o fim das Guerras Napoleônicas.
Após a morte de Alexandre I em 1825, tudo mudou. Foi sucedido por seu irmão, Nicolau I (1825-1855),



Naufrágio na Grécia mata 34 pessoas


Atenas – Ao menos 34 migrantes, entre eles 15 bebês e crianças, morreram neste domingo no naufrágio da embarcação que os levava à Grécia diante da Ilha de Farmakonisi, no Sul do mar Egeu. O barco transportava 112 pessoas – 68 delas foram resgatadas e outras 29 conseguiram chegar à praia a nado. A operação foi iniciada após a Guarda-Costeira grega receber um alerta de auxílio. Entre os menores de idade mortos estão cinco meninas e seis meninos.
Paralelamente, prosseguiam ontem as buscas por quatro crianças e um adulto desaparecidos após o naufrágio de um barco de plástico no sábado em frente à ilha de Samos.



Fonte: Correio do Povo, página 6 de 14 de setembro de 2015.


Naufrágio na Turquia mata 17


Ancara – Dezessete sírios que tentavam chegar à Grécia, incluindo cinco mulheres e cinco crianças, morreram neste domingo quando o barco em que viajavam naufragou nas águas da Turquia. A Guarda-Costeira turca, que recuperou os corpos, informou que refugiados se afogaram por não conseguir sair da cabine do Barco. Outros 20 migrantes que estavam no convés sobreviveram.


Fonte: Correio do Povo, página 8 de 28 de setembro de 2015.


No monumento ao Expedicionário, na Redenção em Porto Alegre, a homenagem ao grande juiz Sérgio Moro. 😃




Nova CPMF: recriação provoca polêmica

A recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) não é descartada pelo governo. A previsão é de que a alíquota seja de 0,38%. As reações à ideia são contrárias na Câmara e no Senado.

Fonte: Correio do Povo, capa da edição de 28 de agosto de 2015, página 2.


Nova dose de solidariedade


Mal os gaúchos começaram a se recobrar das tragédias climáticas da semana anterior e dos efeitos ainda pendentes das inundações de alguns meses atrás, nova tempestade veio deixar a situação ainda mais preocupante. Milhares de pessoas tiveram suas casas danificadas por granizos, árvores caíram sobre residências ou interromperam ruas, águas invadiram lares e vias públicas, pessoas morreram por afogamento, mais famílias tiveram de ser abrigadas em locais coletivos, animais perdidos de seus donos tiveram de ser recolhidos às pressas. O trânsito das cidades transformou-se num verdadeiro labirinto urbano e órgãos públicos tiveram de interromper suas atividades, com prejuízos para usuários e pacientes, alguns com cirurgias marcadas.
Diante desse quadro que alguns classificaram de assustador, restou, de novo, esperada a sempre solidariedade do povo gaúcho. E foi assim que novamente os postos de coletas voltaram a ser supridos com fraldas, roupas de cama, agasalhos, alimentos, água e outros itens essenciais. As doações são mais necessárias do que nunca e devem ser encaminhadas para os postos de coleta.
Também o parque gráfico do Correio do Povo foi atingido pelas águas em Porto Alegre, que ficou sem operar na Capital e foi impresso nas unidades de Carazinho e de São Sepé. Fica o agradecimento à solidariedade dos leitores e assinantes, que mostraram muita compreensão com a equipe do jornal. O sentimento de gratidão é extensivo a outros segmentos da comunicação do nosso Estado, imbuídos de um genuíno espírito associativo ao advento dessa adversidade.


Fonte: Correio do Povo, página 2, editorial da edição de 16 de outubro de 2015.

sábado, 21 de novembro de 2015

A Guerra da Crimeia

Nunca existe um motivo único para justificar uma guerra. Desentendimentos, disputas, diferenças de opinião e de crenças vão se acumulando ao longo dos anos e acabam sendo as verdadeiras razões de conflitos. O chamado “motivo” costuma ser apenas a “gota d'água”.


O pano de fundo


A ironia da frustrada invasão russa por Napoleão em 1812 foi ter permitido e encorajado os romanos a adquirirem importância na cena internacional. A Rússia de Catarina, a Grande (1729-1796) havia sido significativamente pró-britânica. Seu sucessor, Paulo I (1796-1801) tendia para Bonaparte, mas não viveu muito. Seu filho, Alexandre I (1801-1825) rapidamente realinhou a Rússia com os britânicos até o fim das Guerras Napoleônicas.
Após a morte de Alexandre I em 1825, tudo mudou. Foi sucedido por seu irmão, Nicolau I (1825-1855), um tirano obcecado com expansão territorial. Isto levou a dois novos pontos de atrito na fronteira sul da Rússia; na tentativa de tomar a Crimeia do Império Turco e na tentativa de desestabilizar os britânicos na Índia. Esta última ficou conhecida entre os britânicos como o “Grande Jogo” e, entre os russos, como “Torneio das Sombras”. Seguiu-se um período de pequenos levantes e guerras locais, culminando com a Primeira Guerra do Afeganistão (1839-1842). A “Fronteira Noroeste” (as terras entre o Afeganistão e o Paquistão atual, onde se escondiam os Talibãs e a Al Qaeda até 2001) do Império Britânico continuariam sendo um problema por mais um século de “Grande Jogo”.


A gota d'água


A Guerra da Crimeia se estendeu de 1854 a 1856. Aparentemente começou uma discussão entre monges ortodoxos russos e católicos franceses sobre quem teria precedência sobre os locais sagrados em Jerusalém e Nazaré. Em 1853 os ânimos se acirraram resultando em violência e caos de morte em Belém. O Czar Nicolau I aproveita o incidente, provavelmente preparado: alega estar defendendo os cristãos que habitavam os domínios do sultão turco e seus templos na Terra Santa. Envia então tropas para ocupar a Moldávia e Valáquia (a atual Romênia). Esta reposta, os turcos declaram guerra à Rússia. Com a guerra declarada, a frota russa destruiu a flotilha turca em Sinope, no Mar Negro.
Era mais movimento de ataque no “torneio das Sombras”, calculado para aumentar a presença russa no Mar Negro e, desta forma, ampliar sua influência por todo o Mediterrâneo e no Oriente Médio. Para evitar a expansão russa, os britânicos e franceses abandonaram uma rivalidade secular e decidiram se declarar a favor dos turcos em 28 de março de 1854. A Rainha Victória, fazendo o “Grande Jogo”, e Louis Napoleão III, imperador da França e sobrinho de Napoleão I, ansioso por repetir o sucesso militar do tio, enviam forças expedicionárias para o Bálcãs; os britânicos comandados pelo General Lord Reglan, que havia participado da batalha de Waterloo; os franceses comandados pelo Marechal St. Arnaud e, depois da sua morte causada pela cólera, pelo General Canrobert, ambos veteranos das guerras francesas na Argélia; os turcos do General Omar Pasha.
Em setembro de 1854 os russos já haviam sido expulsos da Moldávia e da Valáquia. A guerra deveria ter terminado neste ponto, mas Lord Palmerstone, primeiro ministro britânico, decidiu que a grande base naval russa em Sabastopol constituía uma ameaça direta à segurança da região no futuro. As forças expedicionárias, então, se dirigem para a península da Crimeia.
Apesar da vitória, os britânicos e seus aliados foram pouco competentes. A Guerra da Crimeia tornou-se sinônimo de comando pobre e de fiasco em logística.
Em 20 de setembro de 1954 os aliados enfrentaram os russos em Alma. Foi adotado um plano simples: os franceses contornaram o flanco esquerdo (do lado do mar) do inimigo e, logo após, os britânicos fariam um assalto frontal. Devido à primeira de uma série de trapalhadas que caracterizaram esta guerra, os britânicos foram obrigados a tacar antes dos franceses terem alcançado seu objetivo. Lord Raglan avançou tanto que passou a dirigir a batalha atrás das linhas russas. Após cerca de 3 horas, os russos estavam completamente batidos e fugiram em debandada. Lord Raglan quis persegui-los, porém, o Marechal St. Arnaud não concordou. O exército russo pode voltar para Sabastopol e o Tenente Coronel Todleben, um jovem gênio engenheiro militar, começou a preparar as defesas da cidade.
As forças aliadas decidiram cercar Sebastopol. Os britânicos tomaram Balaclava sem derramamento de sangue e aí estabeleceram sua base de suprimentos. Os franceses tomaram o porto de Kamiesch que estava sem defesa. Começaram a chegar armas e munição para o cerco. Em 17 de outubro de 1854 os aliados começaram a bombardear Sebastopol e, depois de dois dias de intensos bombardeio, não havia sinais de sucesso. As invés de se intimidar, em 25 de outubro de 1854 o General Menschikoff ataca a milícia turca, que não suporta o ataque e recua. Outra força russa ataca as forças britânicas que fica ocupada repelindo os cossacos. Enquanto isso, os russos estavam calmamente recolhendo as armas britânicas deixadas para trás pelos turcos.
Lord Reglan passou a enviar ordens desesperadamente para a Brigada de Cavalaria Ligeira começou – na direção completamente errada!
Dez dias depois, os russos atacaram novamente. A Batalha de Inkermann, como ficou conhecida, foi uma verdadeira carnificina: o número de russos foi maior que o número de soldados aliados atacados. Após esta batalha as condições do tempo pioraram muito e as atividades dos aliados se restringiam em manter o cerco Sebastopol. Durante o inverno de 1854/1855, a falta de suprimentos dos militares britânicos acabam matando quatro vezes mais homens do que a ação do inimigo – milhares morreram de doenças, exposição ao frio e má nutrição. Um regimento de mais de mil integrantes, em janeiro de 1855 estava reduzido a sete homens. Com a chegada da primavera começaram a vir agasalhos e roupas de inverno da Inglaterra. Era um pouco tarde!
Os ataques dos aliados falharam repetidamente da mesma forma que as tentativas dos russos em expulsá-los. Lord Raglan não resiste e morre em 28 de junho de 1855. Finalmente, em 8 de setembro de 1855, os aliados tentam novamente tomar Sebastopol. Os franceses tiveram sucesso, os britânicos falharam mais uma vez. Os russos são obrigados a recuar depois de uma defesa excepcional que manteve as melhores tropas do mundo paralisadas por mais de onze meses.
Após a queda de Sebastopol, a guerra da Crimeia chegou ao fim. Apesar disso, as hostilidades ainda persistiram até fevereiro de 1856 e a paz só foi declarada no final de março do mesmo ano. Aos combatentes restou a medalha “Victoria Regina”, das quais foram distribuídas 275.000.


O telégrafo elétrico


O desenvolvimento do telégrafo elétrico e o “Grande Jogo/Torneio das Sombras” são fatos aparentemente isolados que acabaram se encontrando na Guerra da Crimeia. Foi a primeira guerra de porte que aconteceu na era do telégrafo elétrico e suas batalhas acabaram sendo o batismo de fogo desta nova tecnologia.
O telégrafo da Crimeia possuía dois aspectos distintos, ou seja, um sistema telegráfico de oito estações ao redor da Balaclava e um cabo submarino. Os fios da rede de oito estações foram puxados pela equipe do coronel Stopford, do Royal Engineers, que terminou a operação em apenas algumas semanas. O cabo submarino, que atravessava 550 km do Mar Negro ao longo da costa da atual Bulgária, ligava as estações a Varna. Em abril de 1855 o cabo submarino estava operando e, pela primeira vez na história das guerras, colocou comandantes da frente de batalha em contato direto e quase imediato com seus respectivos departamentos de guerra. Entretanto, as razões à nova tecnologia foram diversas: enquanto Napoleão III manteve contatos pessoais e diretos com o comando das forças francesas, os britânicos usavam o sistema como uma via para burocratas subalternos criarem problemas administrativos por causas fortuitas. O preço pago pelos britânicos foi muito alto, como já vimos nos relatos de guerra acima citados.
Os russos, por sua vez, ampliaram com urgência seu sistema telegráfico Siemens e Halske existente em Odessa. Se apresentaram em puxar fios até Sbastopol mas, quando finalmente o sistema entrou em operação, foi para avisar Moscou que a cidade estava prestes a capitular. A cifra poli alfabética de Vigenère foi um dos principais códigos utilizados pelos russos. Alega-se que este tenha sido o motivo do silêncio sepulcral que envolveu a quebra do sistema de Vigenère pelo cientista britânico Charles Bobbage.


Fonte: Militery Operations of the Crimean War de Michael Mawson
The Crimean War 1854-1856 na Alex Chirnside's Military History Homepage
Codes an Ciphers in History, Part 2 – 1853 to 1917 de Derek J. Smith