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sábado, 21 de novembro de 2015

A Europa e os imigrantes, por Jurandir Soares

A Europa está sendo inundada por imigrantes, Só neste ano já são cerca de 360 mil, segundo números da Acnur, a agência da ONU para refugiados. Deste contingente, 170 mil entregaram pela Grécia, justo o país da região que atravessa a maior crise. Essa leva extraordinária de imigrantes está fomentando a xenofobia. Manifestações têm sido realizadas pelo mais diversos países, com ênfase para os adeptos do Partido Nacional, fundado por Le Pen na França, e aos movimentos neonazistas na Alemanha. A chanceler Angela Merkel teve de ocupar os meios de comunicação em uma conclamação aos alemães para que não reagissem com hostilidades perante os imigrantes. Isso porque os violentos protestos têm sido registrados pelo país. Segundo funcionários do governo alemão, ao menos 202 ataques contra abrigos de refugiados ocorreram no primeiro semestre.
Essa gente busca abrigo e uma nova vida na Europa enfrenta as mais diversas agruras ao longo de seu trajeto. Uma boa parte acaba morrendo pelo caminho, foi o caso nesta semana do caminhão encontrado perto de Viena, com 71 cadáveres, sendo quatro crianças. Mais cerca de 200 morreram no Mediterrâneo em uma barca procedente da Líbia. Desde janeiro, cerca de 2,5 mil refugiados perderam a vida tentando alcançar a Europa.
O que precisa ser destacado é de onde são esses refugiados. Pois são do Iraque, do Afeganistão, da Síria e de outros países que estão em guerra civil ou situação de conflito interno. E por que estão nessa situação? Porque perderam suas lideranças fortes. É o caso de Saddam Hussein no Iraque, de Muanmar Kadhafi na Líbia e de Bashar al-Assad na Síria – que ainda não saiu mas está enfraquecido. Sabe-se que se trata de ditadores, é verdade. Porém aqueles países só funcionam com governo de força. Ao tempo deles havia estabilidade. Querer levar a democracia a eles é utopia. E quem colaborou militarmente para a derrubada desses ditadores? O Ocidente, sob a liderança dos EUA e com a participação da Europa através da Otan. O descalabro na região fez o Estado Islâmico avançar sobre elas, a ponto de já ter anunciado o seu Califado. Implantou o terror que está fazendo essa gente fugir em desespero. E para onde estão indo? Para os países que ajudaram na destruição de seus próprios países.




Fonte: Correio do Povo, página 9 de 30 de agosto de 2015.