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terça-feira, 11 de março de 2025

Zwi Migdal: A Sombria Rede de Tráfico de Mulheres Judias na América Latina

 


A Zwi Migdal foi uma organização criminosa de tráfico de mulheres judias que operou entre o final do século XIX e o início do século XX, principalmente na Argentina, mas com ramificações em outros países da América Latina, como Brasil e Uruguai. O grupo era formado por judeus ashkenazi, principalmente da Polônia e da Rússia, que enganavam jovens judias pobres com promessas de casamento ou trabalho no exterior, apenas para forçá-las à prostituição ao chegarem ao destino.

📌 Origem e Funcionamento

O nome Zwi Migdal surgiu por volta de 1906, quando a organização foi registrada oficialmente na Argentina como uma "sociedade de ajuda mútua". No entanto, sua atividade real era o tráfico humano e a exploração da prostituição. Antes disso, o grupo operava sob outros nomes e fazia parte de redes clandestinas que levavam mulheres da Europa Oriental para bordéis em Buenos Aires e outras cidades.

A estrutura do grupo era bem organizada, com hierarquias e um sistema de controle rígido sobre as vítimas. Os cafetões (rufianes, como eram chamados na Argentina) mantinham as mulheres em condições de exploração extrema, cobrando dívidas impossíveis de serem pagas para mantê-las presas ao sistema.

📌 Atuação no Brasil

A Zwi Migdal também teve forte presença no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro e São Paulo. No Rio, a região da Praça Onze e arredores foi um dos principais centros de atuação do grupo, onde as mulheres traficadas eram mantidas em prostíbulos controlados por membros da organização. Com o tempo, essas mulheres criaram uma comunidade própria, chegando até a construir seu próprio cemitério, já que eram rejeitadas pelas instituições judaicas tradicionais.

📌 Declínio e Fim da Organização

A queda da Zwi Migdal começou na década de 1930, quando uma de suas vítimas, Raquel Liberman, conseguiu denunciar a rede às autoridades argentinas. Graças ao seu testemunho, uma grande investigação levou à prisão de muitos membros da organização e ao seu desmantelamento oficial em 1931.

No entanto, o tráfico de mulheres não acabou com a dissolução da Zwi Migdal. Outras redes menores continuaram operando clandestinamente, e o problema do tráfico humano persiste até hoje, com diferentes métodos e organizações.

📌 Curiosidades e Impacto Histórico

  • Muitas das mulheres traficadas pela Zwi Migdal nunca conseguiram se reintegrar à sociedade e foram marginalizadas até mesmo dentro da comunidade judaica.
  • O caso inspirou diversas obras literárias e acadêmicas, como o livro Las Polacas, de Myrtha Schalom, que detalha a história dessas mulheres.
  • O cemitério das "polacas" no Rio de Janeiro é um dos poucos registros históricos desse período e simboliza o isolamento vivido por essas mulheres.
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