terça-feira, 22 de abril de 2025

“Uma das primeiras perguntas que ele fazia era como estava o RS”, afirma Dom Jaime Spengler sobre papa Francisco

 Após enchente que devastou o Estado, pontífice ligou para o arcebispo de Porto Alegre e sempre buscava detalhes sobre a recuperação do RS

Arcebispo metropolitano de Porto Alegre, o cardeal Dom Jaime Spengler viaja nesta terça-feira para a solenidade de despedida de papa Francisco, em Roma | Foto: Mauro Schaefer


O arcebispo metropolitano de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Jaime Spengler, voltou a se manifestar sobre a morte do Papa Francisco, nesta segunda-feira. Ele viajará nesta terça-feira para o Vaticano para acompanhar as cerimônias de despedida do pontífice. Além disso, por ter sido nomeado cardeal no final de 2024, Dom Jaime está apto para votar e ser votado no conclave que definirá o próximo papa.

Em sua manifestação, o arcebispo de Porto Alegre lembrou do carinho e da solidariedade prestada por papa Francisco durante as enchentes que devastaram o RS. Ele se recorda que, em meio à rotina turbulenta dos dias da cheia, a ligação recebida de um número de fora do Brasil chamou a atenção. “Era Francisco. Fiquei sem palavras. Depois daquele evento, sempre que estive em Roma, uma das primeiras perguntas que ele fazia era como estava o RS. O papa tinha familiares em Pelotas e também já havia visitado São Leopoldo antes de virar pontífice. Então ele conhecia muito bem o nosso Estado”, relembrou.

Em uma de suas visitas mais recentes ao Vaticano, o arcebispo conta que o estado de saúde sensível do papa já chamava a atenção. “Ele já não nos recebeu no Palácio Apostólico, mas sim na casa onde morava. Quando nos aproximamos dele, dava para ouvir o peito chiando, como reflexo da bronquite muito intensa. Mas ele, mesmo com dificuldades, queria conversar e saber de tudo e de todos, mesmo que em poucas palavras”, falou.

Dom Jaime voltou a lamentar a morte do papa Francisco e apontou a necessidade de interpretar o momento em que o planeta está vivendo para a escolha do novo pontífice. “O legado deste homem não é só para a igreja, mas também para o contexto geopolítico internacional. Teremos um trabalho de interpretar esse legado. Para nós, fica a saudade. A saudade pelo seu jeito simples, pelo modo como nos acolhia, seu desejo de escutar e, ao mesmo tempo, sempre pronto para uma palavra assertiva”, completou.

Participação no conclave

Nomeado em 2024, Dom Jaime Spengler é um dos oito cardeais brasileiros. Deles, sete estão aptos para votar e serem votados no próximo conclave. O arcebispo de Porto Alegre conta que, por ter sido nomeado recentemente, o seu sentimento é de responsabilidade para ajudar a escolher o próximo pontífice. “O que está em questão não é só encontrar quem assuma como bispo de Roma, mas encontrar alguém que tenha o coração no presente e no futuro da igreja”, apontou.

Perguntado se ele mesmo, como está apto para receber votos, não sonha com tal honraria, Dom Jaime explica que é preciso alimentar a disposição de estar pronto para o que for solicitado. “O meu desejo mesmo é voltar o mais rápido possível para casa depois do conclave”, brincou. “Mas nos traz uma serenidade se colocar à disposição neste momento que se abre diante de nós”, finalizou.

CARDEAL DOM JAIME SPENGLER FALA SOBRE PAPA FRANCISCO Mauro Schaefer


Correio do Povo

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