quarta-feira, 2 de abril de 2025

Senador democrata bate recorde com discurso de mais de 25 horas contra Trump

 Cory Booker usou tempo de discurso para denunciar o que considera várias ameaças à democracia dos EUA



O congressista democrata Cory Booker quebrou nesta terça-feira o recorde de discurso mais longo no Senado dos Estados Unidos. Em seu protesto, ele criticou "as ações inconstitucionais" do presidente Donald Trump por mais de 25 horas.

O recorde de discurso mais longo no Senado era de Strom Thurmond, da Carolina do Sul, que falou por 24 horas e 18 minutos contra a Lei dos Direitos Civis de 1957. Simbolicamente, pouco antes de passar a marca das 24 horas, Cory Booker mencionou - com a voz trêmula devido à emoção e ao cansaço - um dos seus mentores, John Lewis, figura do movimento pelos direitos civis da década de 1960.

Booker retomou o slogan do ex-congressista democrata morto em 2020 ao convocar os norte-americanos a criar uma "boa desordem" na sociedade diante das políticas de Trump. "Não se trata de esquerda ou direita. Trata-se do bem ou do mal." Às 20h05min locais, ele cedeu a palavra.

As regras do Senado são rígidas: Booker não pôde se sentar nem fazer intervalos para ir ao banheiro. O único respiro permitido é o da voz, caso outro senador tome a palavra para fazer uma pergunta ao congressista que está no púlpito.

A resistência de Booker lembrou a famosa cena do filme de 1939 de Frank Capra "Mr. Smith Goes to Washington". Seu discurso maratônico não impediu o Partido Republicano, que tem maioria, de realizar votações no Senado, mas serviu de inspiração para os democratas, cuja oposição ao governo tem sido até agora relativamente branda. "Levanto-me nesta noite porque acredito, sinceramente, que o nosso país está em crise", disse o senador de Nova Jersey, 55, no início do seu discurso. "Estes não são tempos normais nos Estados Unidos", acrescentou, com a voz embargada.

Booker, um ex-candidato presidencial, começou a discursar na Câmara às 19h de segunda-feira. Durante horas, atacou as políticas radicais de corte de gastos de Trump, que levaram seu principal assessor, Elon Musk, o homem mais rico do mundo, a eliminar programas governamentais sem o consentimento do Congresso. Também estimou que Trump ameaça a democracia americana ao acumular cada vez mais poder.

AFP e Correio do Povo

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