O ato deste final de semana reuniu mais de 300 pessoas no bairro Mathias Velho, nas proximidades da Casa de Bombas número 6
Moradores do bairro Mathias Velho, em Canoas, realizaram neste final de semana um protesto chamando atenção da comunidade, especialmente aquela que vive do lado oeste da cidade, para a falta de esclarecimento sobre as obras do sistema de contenção contra as cheias da cidade, os chamados diques. Passados 12 meses da maior tragédia climática que Canoas já viveu, a preocupação dos moradores é que muito pouco foi feito até o momento. As famílias reivindicam explicações, bem como soluções, tanto da prefeitura quanto do estado. O ato deste final de semana reuniu mais de 300 pessoas nas proximidades da Casa de Bombas número 6.
Fabíola Silva, 41 anos, pedagoga, foi uma das atingidas e ficou com a casa submersa por mais de 20 dias. "Ainda não consegui reconstruir tudo. Tive passar um tempo em Alegrete, foi um período muito difícil. Minha saúde mental ficou prejudicada, ainda sentimos os impactos da tragédia. Lembro que logo que voltei, as primeiras noites que chovia, eu me sentava ao lado da porta e fica ouvindo a água bater na rua. Não conseguia dormir. O trauma é grande." Segundo Fabíola, a comunidade quer respostas, uma perspectiva real. "O povo merece isso. Uma política segura."
Marta Martins, 56 anos, disse que perdeu a casa na enchente e que hoje mora com a filha. "Queremos respostas sobre as moradias, ações de reconstrução e sobre as obras eficazes dos diques. Quero uma casa para morar. Estou vivendo há um ano com incertezas. Ainda há 200 pessoas morando em abrigos. Existem muitas pessoas que não conseguiram retornar para suas casas. Que governo é esse?" Marta, assim como muitos outros moradores clamam por medidas mais eficazes e céleres de reconstrução.
A prefeitura de Canoas, em coletiva de imprensa na última quinta-feira, detalhou uma a uma as obras do sistema contenção de cheias da cidade. Sobre o dique, Mathias Velho informou que foi concluída a etapa de fechamento definitivo da ruptura do dique e está em andamento o projeto para recomposição da altura de toda a estrutura do dique. Este, protégé os bairros Mathias Velho, Harmonia e Centro.
Da mesma forma, o dique Rio Branco. Foi concluída a etapa de fechamento definitivo da ruptura do dique e segue em andamento o projeto para recomposição de sua altura. O dique protégé os bairros Rio Branco, Fátima e Mato Grande. O dique Niterói está em fase de construção do aterro que servirá de base para a pavimentação da rua que passa por cima do dique e que elevará a estrutura.
Ainda faz parte das obras do sistema de contenção contra as cheias, o muro da Cassol, iniciada no dia 17 de março. A antiga estrutura não era adequada para a contenção de cheias e, agora, será construído um sistema completo e que realmente funcione para proteger a cidade. Já no dique Mato Grande estão sendo executados os serviços de escavação, aplicação de mata geotêxtil e aterro com argila. A próxima etapa será o reassentamento das famílias que estão sobre o trecho da obra no lado leste das pontes.
Correio do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário