Para Aloísio Mercadante, o Rio Grande do Sul tem potencial para transição energética, e governo estadual deve se empenhar para impulsionar formas de energia renovável para enfrentar crise climática
Diante de um cenário que os extremos climáticos devem acontecer com mais recorrência e com mais intensidade, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloísio Mercadante, defende que deve haver um esforço do Estado para pensar em soluções para mitigar a crise, e está em diálogo com o governo para se pensar em soluções que envolvem projetos de transição ecológica. “Nós temos que preparar o Estado, porque o Rio Grande do Sul foi o que mais sofreu com desastres nos últimos 30 anos", disse o presidente. Nas palavras de Mercadante, “não haverá transição climática sem participação do Estado”.
A fala foi dita na primeira série de debates do Pacto RS25 - O Crescimento Sustentável é Agora, com o tema "A Transição Ecológica e os Mecanismos de Financiamentos”, do Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS). Além do presidente do BNDES, o evento teve participação do governador Eduardo Leite; do presidente da ALRS, Pepe Vargas (PT); da reitora da UFRGS, Márcia Barbosa; da professora da UFSM, Ana Roveder e do professor da UFRGS, Carlos Horn.
O presidente salienta que é a primeira vez na história que a nova matriz energética, com todas as fontes de energia renováveis, são mais caras que a anterior. “Se não houver um empenho do Estado para impulsionar essas formas de energia e nós enfrentarmos a tragédia climática, que vocês, mais do que ninguém, sabem o que significa, nós não vamos viver a transição por uma sustentabilidade ambiental e para reverter a crise climática”, disse o presidente, que também foi um dos responsáveis pela criação do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), que realiza os alertas para riscos de desastres.
Ele destacou que o BNDES é o banco do mundo que mais financiou energia limpa e renovável no Brasil, e que o país é destaque entre os países do G20 em termos de matriz energética limpa e renovável. Ainda, afirmou que o Rio Grande do Sul tem potencial para investir mais em usinas e painéis fotovoltaicos ou produzir aerogeradores.
Entre as linhas de financiamento do BNDES, estão as ações do Fundo Clima, que tem a finalidade de garantir recursos para apoio a projetos e financiamento de empreendimentos visando a mitigação das mudanças climáticas, e que terá foco na energia renovável, como a eólica e a solar, destaca Mercadante.
"A energia eólica estava muito desequilibrada em relação à solar, principalmente nos equipamentos importados da China. O governo colocou tarifas de importação, e nós alinhamos a taxa de juro para recuperar a eólica, principalmente no sul do Rio Grande do Sul, que tem muito potencial e linhas de transmissão, então é um fator importante para o desenvolvimento energético do Brasil", reforçou.
Ações do BNDES na tragédia climática de 2024
Em sua fala no debate e em coletiva de imprensa, ele também salientou os balanços do BNDES na tragédia climática no Rio Grande do Sul em 2024, e que o governo federal auxiliou em importantes ações para a reconstrução do Estado. Lembrou que, dos R$ 111 bilhões e 700 milhões de reais transferidos do Governo Federal para o Rio Grande do Sul em meio à tragédia, 40% foram do BNDES em crédito, e que a suspensão do pagamento de dívidas por um ano para todas as empresas auxiliou na recuperação da economia. O resultado foi o crescimento de 4,9% na economia, enquanto o Brasil cresceu 3,4%.
Além de suspender o pagamento de dívidas com as empresas, foi criado um crédito emergencial com a taxa de juros de 1% ao ano, primeiramente nas empresas que foram totalmente prejudicadas, e ampliando a outras que foram afetadas de alguma maneira.
“Se a gente olhar, nós fizemos, por exemplo, para a agropecuária, aumentou 111% do que foi feito em 2022. Os Correios, no comércio e serviços, foram 11 bilhões e 140% a mais do que foi oferecido em 2022 ao Estado. Na indústria, 6 bilhões, 173% a mais de crédito. Na infraestrutura, 8 bilhões, 184% a mais. Micro, pequenas e médias empresas, 25 bilhões, 26 bilhões de reais 174 174% a mais do que tinha sido dado ao estado”, numerou.
Ele lembrou que todas as empresas vão ter que recompor o nível de empregos que tinham antes da crise. Perguntado sobre as empresas que estão com dificuldade para empregar novamente, ele lembrou da ação do Congresso, que aprovou o crédito emergencial do Rio Grande do Sul, Liberou o financiamento, e que continham um período de carência para retornar com o mesmo número de empregados antes da crise. Segundo o presidente, 2/3 das empresas do Rio Grande do Sul já cumpriram essa exigência, e ele não descarta a possibilidade de prorrogar o prazo e tomar medidas para preparar a mão de obra.
Também mencionou duas providências, como parcerias com o SENAI e o SENAC para preparar mão de obra para os empregos disponíveis. “Vamos ver se a gente envolve também os institutos tecnológicos federais. Vou conversar com Ministério da Educação para a gente aumentar a oferta de trabalhadores”, disse. A segunda providência seria na construção de uma plataforma digital para os empresários que querem contratar, com uma ferramenta que disponibilizaria as vagas para facilitar o acesso.
Correio do Povo
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